domingo, 23 de janeiro de 2011

Biografia / Elvis Presley


BIOGRAFIA

O nascimento de Elvis Presley






Mesmo quando pequeno, Elvis já mostrava o começo de seu famoso lábio carnudo.
Elvis Presley
já tinha lábio carnudo desde criança
Elvis Aaron veio ao mundo na madrugada de 8 de janeiro de 1935, em East Tupelo, Mississipi - a 160 km de sua futura mansão em Memphis, Tennessee. O casebre em que Elvis nasceu não se parecia em nada com Graceland.
Nos EUA uma casa como a de seus pais é chamada de "shotgun shack" - tão pequena que um tiro de espingarda entraria pela frente da casa e sairia por trás dela sem acertar nada. A casa dos Presley era simples e básica, como tudo em sua volta. Localizada perto de uma estrada que dava acesso a Tupelo e Birmingham, Alabama, entre um grupo de casas pequenas e rústicas ao longo da Old Saltillo Road, seu local de nascimento foi construído pelo seu pai, Vernon, com a ajuda do irmão de seu pai, Vester, e seu avô, Jessie.
Foi o mais humilde dos começos. Nos anos 30, em plena Grande Depressão, East Tupelo, foi o refúgio dos agricultores arrendatários e trabalhadores de fabrica pobres – e também de vários contrabandistas de bebidas e prostitutas – cujos miseráveis recursos ultrapassavam largamente os recursos de seus pais. Vernon e sua esposa, Gladys, não somente dependiam do seguro social para pagar os US$ 15 que o Dr. William Robert Hunt cobrou pelo parto de Elvis e seu irmão gêmeo, Jesse Garon, como também precisaram da ajuda de seus vizinhos com fraldas. A confusão sobre o nome do meio de Elvis existe desde o momento em que o Dr. Hunt colocou o nome "Elvis Aaron Presley" em seu registro de nascimentos. A certidão de nascimento emitida pelo Estado de Mississipi mostra "Aron", que é encontrada em sua notificação de nascimento. A sepultura de Elvis em Meditation Gardens em Graceland, porém, tem gravado a forma mais comum de se escrever, que é "Aaron", forma mais comum de pronunciar essa palavra, especialmente em comunidades rurais onde as oportunidades de educação eram limitadas e a palavra escrita menos importante do que é hoje. Como os Presleys escolheram o nome do meio de Elvis em memória de um amigo e líder de canto da igreja, Aaron Kennedy, que também era gêmeo, é provável que "Aaron" seja a forma correta.
Antes de Elvis nascer, Gladys, sua mãe, ganhava US$ 2 por dia na empresa de roupas Tupelo Garment Company, enquanto Vernon trabalhava em diversos trabalhos temporários, inclusive em uma fazenda de leite de Orville S. Bean. Com US$ 180 emprestados de Bean depois que Gladys ficou grávida na primavera de 1934, Vernon começou a construir a casa da família em que eles foram morar em dezembro do mesmo ano. Hoje ela faz parte das atrações turísticas que também incluem um pequeno museu, capela memorial, loja de lembranças e um parque com o nome do cantor. Atualmente a casa está bastante diferente. Enquanto o teto e cobertura desse marco no Mississipi foram substituídos, a estrutura básica continua em pé, mas com o exterior pintado, a varanda com um balanço, e o interior decorado com móveis da época, papel de parede, cortinas e eletrodomésticos como uma máquina de costura que a família Presley nunca pôde comprar enquanto moravam lá. A casa era originalmente iluminada por lampião a óleo porque não estava ligada à rede elétrica. O quintal na frente está longe de ser aquela de terra onde Gladys mantinha seu galinheiro e uma vaca.
A família de Elvis viveu de forma turbulenta durantes esses anos por causa da pobreza e condições financeiras de Vernon e Gladys.

A juventude de Elvis Presley




Um fato constante no início da vida de Elvis foi seu amor incondicional e apoio aos seus pais, Gladys e Vernon.Um fato constante no início da vida de Elvis Presley
foi seu amor incondicional de seus pais, Gladys e Vernon
Apesar da falta de bens materiais durante sua infância, Elvis nunca sentiu falta do que é o mais importante para qualquer criança: o amor de seus pais. Vernon foi um pai dedicado, e Gladys adorava seu único filho, criando uma relação tão forte que a conversa entre mãe e filho continuou entre os dois a vida inteira, com Elvis a chamando pelo seu apelido de Satnin.
Com medo de perdê-lo de vista, Gladys o acompanhava a todos os lugares, inclusive à pequena igreja First Assembly of God Church, onde seu tio, Gains Mansell era pastor, e Elvis sentiu seu primeiro gosto pela música. Com dois anos, ele descia do colo de sua mãe, subia no palco em frente de uma congregação de 25 pessoas e tentava cantar ao lado do coro, mesmo sendo jovem demais para entender as palavras das canções.
Outro lugar que mãe e filho iam sempre era o cemitério Priceville, onde seu irmão Jesse Garon estava enterrado em uma cova não identificada. Apesar de sustentado por aquilo que Gladys acreditava, como foi relatado em setembro de 1956 numa edição da revista TV Guide, "quando um gêmeo morre, o que fica recebe a força do outro," Elvis cresceu na sombra de seu irmão.
Mesmo assim, ele sempre manteve a presença de Jesse em mente, como um guardião que cuidava dele, assegurando de que ele fazia tudo certo. Isso, junto com a confiança que ele compartilhava com sua mãe, o encorajava a ter uma qualidade que ele manteve até o final de seus dias.
Muitos que o conheciam, inclusive sua esposa, Priscilla, confirmaram sua solidão, fato que ninguém conseguira resolver. Apesar dessa "solidão" de Elvis ter se agravado com a morte de Gladys durante seus vinte e poucos anos, ela originava de sua infância quando ele regularmente se fechava em seu pequeno mundo – um mundo definido como fortemente conectado com sua mãe e pensamentos de sua rica imaginação.
A vida foi claramente resolvida durante seus primeiros 3 anos de vida. Ele e seus pais formavam um trio fortemente unido, raramente aventurando-se para fora de casa – mas tudo mudou em maio de 1939 depois que Vernon foi preso por falsificar e sacar um cheque que recebeu de Orville Bean.
Vernon foi indiciado por falsificação junto com Travis Smith e Luther Gable, e sentenciado a 3 anos de prisão na Penitenciaria do Estado de Mississipi. Ele serviu oito meses de sua sentença, mas durante esse tempo, Bean retomou à casa dos Presleys, forçando Gladys e Elvis a morarem em duas casas temporárias: ao lado com os pais de Vernon, e depois na Street Maple, em Tupelo, onde moraram com os primos de Gladys, Frank e Leona Richards.
Foi um período difícil para Vernon e sua família. Gladys trabalhou duro – e às vezes não conseguia cobrir as despesas. Ela trabalhava lavando roupa e costurando, enquanto Elvis sofria com a separação do pai.
Elvis estava extremamente aflito por perder seu pai. Quando a família saía para nadar, Elvis não queria que Vernon mergulhasse com medo de que algo pudesse acontecer com ele. Em outro episódio, a casa do vizinho pegou fogo e Vernon correu para ajudar a salvar as coisas. Gladys teve que segurar seu filho para que ele não seguisse o pai. Elvis chorou e gritou, temendo que seu pai se ferisse, e Gladys teve que lhe assegurar que Vernon sabia o que estava fazendo.
Este último comentário não ajudou a acalmar o garoto em 1938, quando seu maior medo se tornou realidade. Seu único alivio vinha com os fins de semana em que Gladys e Elvis enfrentavam 5 horas de ônibus para visitar Vernon na Penitenciaria de Mississipi em Parchman. Uma viagem de ida e volta de 10 horas feita em um dia também solidificava a união entre mãe e filho.
Quando Vernon foi solto em fevereiro de 1939, um mês depois do aniversário de 4 anos de Elvis, Gladys e Elvis ainda moravam com Frank e Leona Richards na Maple Street. Logo, estavam de volta em Tupelo do Leste, e depois de uma curta temporada com o irmão mais velho de Vernon, Vester (casado com a irmã de Gladys, Clettes), moraram em uma sucessão de casas de aluguel barato.
Desde muito cedo, o interesse e talento de Elvis pela música foram evidentes.

As influências musicais de Elvis Presley




Quando jovem, Elvis Presley sofreu a influencia de diversos estilos musicais.Quando jovem, Elvis Presley sofreu a influência de
diversos estilos musicais
Um dos pontos constantes no começo de seus anos foi a igreja (Primeira Assembléia de Deus) onde ele e seus pais cantavam no coro, como também na escola primaria Lawhon Elementary School na Street Lake, que ele começou a freqüentar no outono de 1941
Já um solitário, acostumado a tocar mais sozinho do que com os amigos, Elvis logo aprendeu a ler e passava horas a fio lendo sua pequena coleção de gibis.
Aproveitando maiores oportunidades de emprego criadas com a entrada dos EUA na Segunda Guerra, os Presley’s mudaram para a Costa do Golfo de Mississipi onde Vernon e seu primo Sales encontraram emprego perto de Pascagoula em 1940.
A mudança durou pouco. Com saudades da família e amigos, Vernon e Gladys voltaram ao Leste de Tupelo um mês depois. Vernon passou grande parte do ano de 1942 longe da família em Mississipi, Alabama, e finalmente em Memphis, Tennessee, onde trabalhou em uma fábrica de munições. Ele voltava aos finais de semana para ficar com Elvis e Gladys.
Vernon guardou dinheiro até o final da guerra para depositar US$ 200 de entrada para uma casa em Berry Street. Incrivelmente, a pessoa que vendeu o imóvel era Orville Bean, cujo cheque falsificado havia deixado Vernon preso.
Logo depois, foi a filha de Bean, Oleta Grimes, que encorajou Elvis a fazer sua primeira atuação em público, em uma competição no rádio para o dia das crianças, na Feira Anual e Show de Laticínios Missippi-Alabama no centro de Tupelo. Grimes, que também foi a professora da quinta série de Elvis, ficou impressionada com a forma com que ele cantava nas orações da manhã.
Dizem que, usando óculos e em cima de uma cadeira para alcançar o microfone em frente de centenas de pessoas, Elvis conseguiu o segundo lugar cantando, sem acompanhamento, "Old Shep," the Red Foley, uma canção que falava sobre o sentimento de um menino cujo cachorro querido havia falecido. O prêmio de Elvis foi de passes livres para brincar em todas as atrações de feira, mais cinco dólares.
Pesquisa feita por Bill Burk para seu livro Early Elvis: The Tupelo Years desmente este mito. Em entrevistas com a família de Elvis e seus amigos, e com comentários feitos por Elvis pessoalmente, foi confirmado que ele realmente cantou sing "Old Shep" sem acompanhamento, e que usou óculos por um curto período na quinta série. Porém, ele não ficou com o segundo lugar na feira. Ele talvez tenha ficado com o quinto lugar, mas provavelmente não conseguiu um prêmio.
A falta de acompanhamento musical logo foi resolvida quando sua mãe lhe comprou um violão da empresa Tupelo Hardware Company para seu aniversário de onze anos (ou talvez de dez anos de acordo com algumas versões da história). Gladys acreditou que essa era uma alternativa barata e segura à uma bicicleta que foi o que ele havia pedido. Seu tio lhe ensinou combinações diferentes e Elvis começou a cantar e tocar na igreja e no WELO Saturday Jamboree, um programa popular de talentos do rádio local de Courthoused.
O WELO Jamboree trouxe ao Elvis seu primeiro contato direto com a indústria de entretenimento. Carvel Lee Ausborn (Mississipi Slim era seu nome artístico), era a estrela do show, misturando música country com comédia, e ele não somente acompanhou Elvis com o violão como também o ensinou novas combinações musicais e canções. O irmão mais novo de Slim, James Ausborn, foi colega de sala de Elvis na escola Tupelo Consolidated, e às vezes os garotos visitavam Slim no estúdio da rádio WELO, onde ele tinha seu show ao meio dia. Foi assim que Elvis aprendeu mais sobre o que cantar e como tocar.
Inspirado pela música que ouvia na rádio da Grand Ole Opry todo sábado a noite, e música gospel da igreja aos domingos pela manhã, Elvis tinha vontade de aprender e queria ficar perto de músicos como Slim, que aparentemente conhecia algumas das grandes estrelas, como o o cowboy cantor Tex Ritter. Porém, ninguém, nem mesmo o Elvis, imaginaria que ele já estava seguindo o caminho que o levaria à fama e riqueza.
No verão de 1946, sem dinheiro para pagar pela casa na Berry Street, Elvis e seus pais se mudaram para o Leste de Tupelo, para a cidade vizinha de Tupelo, onde logo conheceram de perto a miséria. Mulberry Alley estava do lado oposto de Shake Rag, zona negra de Tupelo, e a casa dos Presleys era pouco mais do que uma barraca.
A poucos quilômetros dali estava a escola Milam Junior High School, onde Elvis entrou na sexta série no outono. Aluno de nível médio, ele estava muito tímido para impressionar seus professores e colegas de sala. Foi somente quando ele começou a tocar seu violão na sétima série durante um almoço que a situação começou a mudar.
Nesse período, Elvis e sua família mudavam de endereço frequentemente conforme Vernon mudava de emprego. Vernon – apesar de não ser ambicioso, raramente ficava desempregado - com o que Gladys ganhava trabalhando na lavanderia Mid-South Laundry, e o dinheiro de diversos empréstimos, eles conseguiam se manter vivos, e no segundo semestre de 1974, os Presleys passaram a morar na North Green Street, localizada em bairro vizinho.
Conseqüentemente, discriminado por vários de seus colegas, Elvis foi considerado como um intruso dentro da comunidade negra local, mas se sentia atraído à música que ouvia nas ruas, perto das igrejas e saindo de clubes e bares. Para um garoto pobre com habilidades comunicativas limitadas, mas com sonhos de crescer e uma mente aberta, a vivência nessa comunidade foi uma experiência estimulante.
Durante sua adolescência, as influências musicais do bairro e de estilos sobre Elvis tiveram grande impacto sobre seu estilo pessoal.

A adolescência de Elvis Presley




Bem antes de se tornar um ídolo nacional, seus maiores fãs foram seus pais e amigos íntimos em Memphis.Bem antes de se tornar um ídolo, seus maiores fãs
foram seus pais e amigos em Memphis

Na sétima e oitava série, Elvis chegava todos os os dias à escola Milam Junior High School com seu violão, tocando para todos que queriam ouvir na hora do recreio e durante o almoço. Logo ele começou a enriquecer sua atuação com toques que eram chamados de "race music."
Para muitos de seus colegas de escola, isso era chato - alguns cortavam as cordas do violão - mas outros prestavam atenção ao seu modo de vocalizar o padrão country. Ninguém fazia idéia de que estavam diante do nascimento de uma lenda. E ninguém também se importou muito quando souberam que ele se mudaria para Memphis. Sem dinheiro e agora sem razões para permanecer em Tupelo, Vernon e Gladys decidiram recomeçar no estado de Tennessee. Eles então venderam os poucos móveis que tinham, carregaram sua caminhonete com suas roupas e outros pertences e nunca olharam para trás.
Em Memphis, eles moraram inicialmente em um quarto na Street Washington e depois em outro na Avenue Poplar, comendo e dormindo em um quarto e dividindo o banheiro com três outras famílias em uma casa de 16 cômodos.
Vernon, que trabalha em diversas fábricas, se inscreveu no programa de moradia do governo para melhorar sua situação e, em setembro de 1949, o Órgão de Habitação de Memphis lhes deu um apartamento perto de Lauderdale Courts, na zona norte da cidade. O aluguel de US$ 35 era um dólar mais caro do que pagavam para morar na Poplar Avenue, e o lugar estava precisando de uma reforma, mas pelo menos os Presleys tinham espaço de sobra com sala, cozinha, dois banheiros, e um banheiro privativo. Lauderdale Courts, com sua grande variedade de famílias jovens, estava perto das atrações do centro, como lojas e cinema ao longo da Main Street, como também de clubes e bares ao longo da Beale Street. Para a grande maioria, era uma comunidade agitada; para um menino de 14 anos de olhos arregalados, acostumado com a calmaria de Tupelo, era nada menos do que incrivelmente inspirador. Continha todos os elementos para atiçar a imaginação de um adolescente, e ajudá-lo na realização de suas ambições, na música, ou em outras áreas. A essa altura, ainda não estavam claras as ambições de Elvis, exceto pelo seu sonho de um dia poder ter dinheiro suficiente para dar uma vida melhor a ele e à sua família. Começando do zero em mais uma escola, ele não dividia seu amor pela música com seus colegas novos na escola L. C. Humes High School, onde se especializou em artes industriais e carpintaria. Porém, ele sentiu-se livre para tocar seu violão e cantar no meio de um trio de garotos que se tornaram seus melhores amigos. Farley Guy, Paul Dougher, e Buzzy Forbess moravam em Lauderdale Courts, e juntos, iam ao cinema, nadavam, jogavam bola, passeavam pelo centro, e até ganhavam dinheiro cortando grama com um cortador de grama que Vernon havia comprado. Farley, Paul, e Buzzy sabiam do interesse de Elvis pela música, como também sabiam dos seus pais.
Vernon, Gladys, e Elvis frequentemente passavam o tempo ouvindo juntos música country de artistas como Eddy Arnold, Sleepy Eyed John, e os Louvin Brothers; e música gospel de bandas como os Blackwood Brothers, e os favoritos de Elvis, os Statesmen. Liderados pelo carismático Jake Hess, as roupas extravagantes do quarteto e seu modo estiloso de cantar influenciaram profundamente o jovem Elvis. Influências culturais e musicais vinham de todas as direções e ele as absorvia como uma esponja. Quando Elvis entrou para o terceiro grau na escola Humes High, ele fazia parte de um grupo de adolescentes que moravam em Lauderdale Courts: Lee Denson e Johnny Black, e os irmãos Dorsey e Johnny Burnette. Os quatro tinham um grupo musical "mal resolvido" que tocava country ao ar livre para os residentes em noites de verão, e Elvis se juntou a eles, contribuindo com voz de fundo.
Sua crescente confiança musical também começou a atrair a atenção feminina, incluindo as suas primeiras namoradas,Betty McMahan e Billie Wardlaw, ambas morando em Courts. Outros, em Humes High encontraram um Elvis completamente diferente – em termos de aparência e comportamento – durante seu ano no começo da faculdade em 1951.
Até esse ponto, a sua música era dividida com a família, amigos mais próximos e vizinhos, mas tudo isso estava prestes a mudar.

A precoce carreira de músico de Elvis Presley




A aparência em constante evolução de Elvis Presley geralmente envolvia cores brilhantes e tinha raízes em suas influências de Memphis.A aparência em constante evolução de Elvis Presley
geralmente envolvia cores brilhantes e tinha
raízes em suas influências de Memphis
Em um período em que determinados discos de "rhythm-and-blues" - mais especialmente, "Rocket 88" de Jackie Brenston - pareciam muito com o que viria a ser conhecido como rock 'n' roll, Elvis começou a mostrar a sensualidade da música. Para tanto ele mantinha uma atitude tranqüila com a aparência de um rústico caminhoneiro: longos cabelos engomados e costeletas que eram díspares com suas invariavelmente maneiras polidas. Sua aparência chamou muita atenção, e alguns rapazes brutos da escola responderam ameaçando bater nele e cortar seu cabelo.
Conforme a paixão de Elvis pela música o consumia, seu dever de casa vacilava. Elvis era um aluno de classe C. Ele gastou muito de seu tempo livre indo ao cinema e visitando lojas de discos.
Ele também freqüentava todas as noites, sessões de música gospel com seus pais no Ellis Auditorium, onde podia assistir a performance de alguns dos cantores mais extrovertidos. O gospel envolveu a coisa espiritual e física que estava no centro do estilo musical de Elvis Presley, mesmo quando ele cantava e tocava guitarra em festas.
No final de 1952, o ganho total dos Presleys excedeu o máximo permitido pela Memphis Housing Authority, então a família mudou de Lauderdale Courts para uma pensão nas proximidades da Saffarans Street e, em seguida, para um apartamento na 462 Alabama Street, oposta ao Courts. Apesar dos Presleys serem forçados a deixar o projeto de habitação, eles escolheram permanecer na mesma vizinhança. Entretanto, Elvis estava a ponto de se mover em uma nova direção.
Uma história que foi transmitida por muitos anos é que Elvis foi até mesmo expulso do time de futebol da escola por se recusar a mudar sua aparência cortando seu longo cabelo. A realidade, porém, era muito menos dramática.
Quando o ignorante treinador Boyce pediu a Elvis em um momento para cortar o cabelo, Elvis saiu do time de futebol por sua própria vontade. Em entrevistas com Bill Burk apresentadas em Early Elvis: The Humes Years, ambos, o treinador Boyce e o assistente de treinador Malcolm Phillips, recordaram que Elvis saiu do time porque conseguiu um trabalho depois do horário escolar.
Imediatamente após deixar o time, Elvis começou a vestir o que viria a se tornar posteriormente sua marca registrada de roupas extravagantes - geralmente uma combinação chamativa de rosa e preto - que ele comprou com os ganhos de seu trabalho de meio expediente como lanterninha no Loew's State Theater na South Main Street.
Em abril de 1953, dois meses antes de sua graduação na escola secundária, Elvis se apresentou no show anual de menestrel da Humes. Décimo-sexto em uma lista de 22, inscrito no programa como "Elvis Prestly". Ele chocou alunos, pais e professores igualmente com sua performance de "Till I Waltz Again with You" de Teresa Brewer.
Esse foi um momento embrionário. Como uma cena de um de seus filmes futuristas, Elvis pôs de lado sua própria personalidade tímida e fez surgir uma pessoa popular e animada, e o jovem de aparência peculiar começou a atrair a atenção de seus colegas.
Após a graduação no L. C. Humes High School, Elvis foi trabalhar para M. B. Parker Machinists. Entretanto, o destino estava conspirando em seu favor, as peças foram se arrumando e logo todos os sonhos de Elvis Presley se tornaram realidade. Ele estava a ponto de fazer seu primeiro disco, e fazer história.

Primeira sessão de gravação de Elvis Presley

A descoberta de Elvis Presley tem início com um assustado Elvis, de 18 anos, entrando em um estúdio de gravação em 1953, para preparar duas músicas em um disco de acetato a um custo de quatro dólares. O Memphis Recording Service era de propriedade e operada por Sam Phillips, que gravou artistas de "rhythm-and-blues" desde 1950. Nessa época, Sam Cornelius Phillips era conhecido como o produtor de discos independente mais importante de Memphis. Ele abriu a Sun Records em 1952 para gravar cantores de "rhythm-and-blues" (R&B) e artistas de música country.



No jovem Elvis Presley, o produtor Sam Phillips encontrou exatamente o som inovador que estava procurando.No jovem Elvis Presley, o produtor Sam Phillips encontrou exatamente o
som inovador que estava procurando
Phillips gozava de uma reputação nacional como descobridor de artistas talentosos de R&B, como Rufus Thomas e Junior Parker. Phillips gravou esses cantores por empresas de discos independentes em outros lugares dos Estados Unidos, incluindo Chess Records em Chicago e o rótulo Modern em Los Angeles. Phillips financiou as sessões de gravação, pagou os músicos e gravou ele mesmo os artistas (freqüentemente atuando como engenheiro de estúdio) e então arrendou os discos master para outras empresas de discos. Sua reputação estava integrada em seus discos de cantores de blues, mas ele apenas começou a trabalhar com cantores de country quando Elvis bateu em seu estúdio de gravação pela primeira vez.
O folclore do rock 'n' roll relata uma versão diferente da primeira viagem de Elvis ao Memphis Recording Service. De acordo com antigas descrições mais sentimentais, Elvis era um talentoso mas inexperiente cantor que queria simplesmente fazer um disco para o aniversário de sua mãe. Como o aniversário de Gladys era em abril, o tempo dessa versão da história não está correto, pois Elvis preparou esse primeiro disco de acetato no verão de 1953. É mais provável que Elvis conhecia a reputação de Sam Phillips como um produtor independente e foi ao Memphis Recording Service pedir sua atenção.
Infelizmente, no dia em que Elvis decidiu dar uma passada lá, Phillips não se encontrava. Sua incansável secretária e assistente, Marion Keisker, estava administrando o estúdio de gravação sozinha. Ela notou as roupas berrantes de Elvis e seu longo cabelo alisado para trás e conversou com ele. Marion perguntou a Elvis que tipo de música ele cantava e com quem parecia. Sua resposta, "Eu não canto como ninguém", provocou sua curiosidade e, enquanto Elvis estava cantando "My Happiness" pelo Ink Spots para seu disco de acetato, Keisker também gravou ele para que Phillips pudesse ouvi-lo posteriormente.
Nos anos de 1950, o "rhythm-and-blues" envolvia uma combinação de blues urbano e balanço. Foi chamado de "música de raça" porque os músicos de R&B eram predominantemente afro-americanos. Phillips acreditou firmemente que o som do "rhythm-and-blues" poderia ganhar uma audiência de massa. Ele sabia que os adolecentes brancos de Memphis estavam ouvindo R&B, e suspeitava que isso fosse real em outras partes do país também. Phillips teve percepção para declarar, "Se pudesse encontrar um homem branco que tivesse o som negro e o sentido negro, eu poderia fazer bilhões de dólares". De acordo com Marion Keisker, essa foi uma declaração amplamente conhecida.
A segunda música de Elvis para o outro lado do acetato era outra música de Ink Spots, "That's When Your Heartaches Begin." Sua escolha do material - duas músicas pelo Ink Spots, um grupo de R&B conhecido - sugere que Elvis conhecia a declaração de Phillips e estava esperando que o produtor pudesse prestar atenção. Phillips ouviu as duas músicas do cantor desconhecido mas não fez nada sobre elas, embora dizem que o talento natural de Elvis mexeu com Sam Phillips.
Anos depois, após Elvis ter se tornado uma grande estrela, Phillips mudou um pouco a história. Ele disse que era a pessoa atrás da mesa no Memphis Recording Service no dia em questão. Para amparar sua declaração, Phillips apontou que Keisker não sabia como operar o equipamento de gravação, portanto ele era a única pessoa que poderia ter gravado Elvis. Mas Marion Keisker contou sua descrição do evento muitas vezes na imprensa e durante entrevistas televisivas, e, até que alguém discorde, Elvis nunca contestou sua versão.

Elvis Presley e a Sun Records

Embora nada tenha vindo de sua primeira sessão no Memphis Recording Service, Elvis estava determinado a dar um outro tiro. Ele retornou à gravadora em janeiro de 1954 para gravar mais duas músicas em acetato. Ele cantou "Casual Love Affair" e uma melodia country chamada "I'll Never Stand in Your Way". Dessa vez, Phillips operou os controles. De qualquer forma, ele ofereceu ao jovem cantor um certo encorajamento, ao pegar o número de telefone e o endereço de Elvis.
Phillips não ligou para Elvis até que a Peer Music de Nashville enviou à Sun Records uma gravação demo de uma balada chamada "Without You". Phillips decidiu deixar Elvis gravar a nova balada. Infelizmente, Elvis não pôde ver o master da música, pois Phillips pediu a ele que cantasse qualquer coisa que ele soubesse. Satisfeito com a oportunidade, Elvis passou rapidamente para seu extenso repertório de músicas country e R&B. Phillips se impressionou o suficiente para sugerir que o promissor cantor se unisse ao Scotty Moore, um jovem guitarrista que tocava com um grupo local de música country, o Starlight Wranglers.
Elvis foi ver Moore quase imediatamente. Moore recorda, "Ele estava com uma camisa rosa, calça rosa com listras brancas nas pernas e sapatos brancos, e eu pensei que minha esposa estava se preparando para sair de trás da porta - na ocasião as pessoas não estavam se vestindo exatamente como esse garoto de roupas extravagantes." (Ed. note: Na verdade, nos anos 1950, rosa era a cor da última moda para tudo de roupas masculinas a carros.) Moore apresentou Elvis ao baixista Bill Black, e os três músicos passaram o longo e quente verão de Memphis tentando encontrar um som que ecoasse.



A primeira música de Elvis Presley para a Sun Records foi um cover de
A primeira música de Elvis Presley para a Sun Records foi um cover de "That's All Right"
O trio trabalhou no estúdio de gravação da Sun Records em vez de executar na frente de uma audiência ao vivo. A recém desenvolvida fita de gravação magnética possibilitou que eles fizessem um take de uma música, a ouvissem e então fizessem os ajustes para o próximo take. Presley, Moore e Black finalmente acharam por acaso seu som, enquanto estavam ociosos em um intervalo.
Elvis começou cantando o blues de Arthur "Big Boy" Crudup, "That's All Right," com um ritmo rápido e um estilo mais casual do que a maioria dos blues, e Moore e Black embarcaram. A voz rouca de Phillips saiu da cabine de controle, "O que estão fazendo?" Nenhum deles realmente sabia. Como poderiam? Como poderiam saber que tinham tropeçado em um novo som para uma nova geração?
Phillips ficou excitado com o som do trio e reconheceu seu potencial. Ele pediu a eles para refinarem sua exclusiva interpretação de "That's All Right," e então gravou. O outro lado de seu primeiro disco foi sua tradução da música popular norte-americana "Blue Moon of Kentucky," feita pelo famoso Bill Monroe e os Bluegrass Boys. O primeiro disco de Elvis pareceu simbolizar as raízes de seu som musical: um blues ocupou o lado um e a música country garantiu o outro lado.
O estilo de Elvis de ambas as músicas não soou tão semelhante às gravações de seus artistas originais. Sua abordagem foi muito mais calma, o que deu às suas traduções um ar de espontaneidade. Em vez do vocal duro e do ritmo tenso da versão de Crudup de "That's All Right", Elvis usou um estilo vocal e um ritmo mais relaxados.
Ele incorpou algumas letras, usando um tipo de som soluçante, enquanto Sam Phillips adicionou uma reverberação, resultando no famoso efeito de eco. O estilo de Elvis tornou-se a base do "rockabilly", a fusão de música country (geralmente chamada de música caipira) com um som "rhythm-and-blues" que foi relaxado e acelerado, ou "rocked". O termo rockabilly (rebolativo) não era amplamente conhecido até Elvis ficar famoso.
No momento que preparava seu primeiro disco para a Sun, não havia nenhuma palavra que poderia descrever adequadamente seu estilo de música. Quando a imprensa tentava explicar seu som, geralmente se atrapalhava, muitas vezes confundindo seus leitores com comparações inapropriadas ou cômicas com outros tipos de música. Elvis foi referido diversas vezes como um "cantor caipira", "um jovem talento de ritmo rural", um "homem branco...cantando ritmos negros com um sabor rural" e "um jovem com uma abordagem chula para a música caipira."
Não muito depois do sucesso de Elvis, outros cantores de rockabilly e música country apareceram na porta da Sun Studio, esperando que Phillips pudesse realizar a mesma mágica com eles, como fez com Elvis. No final das contas, Phillips gravou Johnny Cash, Jerry Lee Lewis, Carl Perkins, Roy Orbison, Charlie Feathers, Billy Lee Riley, Dickie Lee, entre outros artistas.
Com suas roupas extravagantes, som rude e efervescente entrega, esses cantores inventaram um novo som e estilo que era fortemente sulista, ou "Dixie-fried." Como recordou Bill Williams, publicitário da Sun Records, "Acho que todos eles devem ter vindo no trem da meia-noite de nenhum lugar. Quero dizer, eles vieram de fora do espaço." Ainda assim, a influência de Sam Phillips e artistas da Sun no desenvolvimento do rock'n' roll nunca foi supervalorizada.
Conforme suas primeiras gravações começaram a aparecer, Elvis ganhou reconhecimento por seu som, único.

Primeiros sucessos de Elvis Presley




O estilo frenético da performance de Elvis Presley e a música nunca antes ouvida fizeram dele um sucesso instantâneo junto aos fãs.
O estilo frenético da performance de Elvis Presley
e a música nunca antes ouvida fizeram
dele um sucesso instantâneo junto aos fãs
Sam Phillips entregou uma cópia de Elvis Presley cantando "That's All Right" ao popular locutor Dewey Phillips (sem parentesco) para o programa de rádio Red Hot and Blue que ele fazia. O primeiro discotecário mais quente de Memphis hesitou em tocar o disco da Sun porque seu show era geralmente reservado para a música de artistas negros, mas em 7 de julho de 1954, ele colocou o disco no ar.
A estação recebeu dúzias de pedidos de ambos os lados do disco, e Phillips tocou as duas músicas repetidamente. Após receber 14 telegramas e quase 50 telefonemas em uma questão de horas, ele decidiu entrevistar o desconhecido cantor em seu programa noturno.
Elvis estava supostamente muito nervoso para ficar em casa e se ouvir no rádio, então ele foi ao cinema. Seus pais, Vernon e Gladys, despencaram para o teatro para pegá-lo e, em seguida, correram para a estação WHBQ.
Dewey Phillips fez a Elvis diversas perguntas sobre sua vida e seus interesses, incluindo qual escola secundária ele freqüentou. Esta foi uma tática cuidadosa da parte de Phillips, pois assim que Elvis disse "Humes" a audiência percebeu que era era um homem branco porque a escola era totalmente de brancos. Naquele tempo, em 1954, as escolas de Memphis ainda não eram mistas.
"That's All Right" tornou-se um disco de rápida vendagem na região de Memphis. O primeiro compacto de Elvis escalou consistentemente as paradas da música country no final de julho de 1954.
O disco de Elvis foi lançado em 25 de setembro de 1954. Ele incluiu a melodia R&B "Good Rockin Tonight," popularizada pela primeira vez em 1948 por Wynonie Harris, e uma canção pop country chamada "I Don't Care If the Sun Don't Shine". Este disco moveu as paradas ainda mais rapidamente do que seu primeiro compacto. Ele vendeu 4.000 cópias na região de Memphis em duas semanas e meia.
Nessa época, Elvis estava cantando com Scotty e Bill em casas noturnas de Memphis como a Eagle's Nest. No início, o talentoso recém chegado fez vistas de convidado com o Starlight Wranglers, mas logo Elvis, Scotty e Bill começaram a executar suas próprias composições. Eles foram chamados de Elvis Presley and the Blue Moon Boys, mas freqüentemente anunciados como Hillbilly Cat and the Blue Moon Boys.
Nessa época, os três homens decidiram que precisavam contratar um empresário profissional. Bob Neal, um discotecário da estação country WMPS em Memphis, aceitou o trabalho e começou a impulsionar seus discos da Sun, agendar turnês nos clubes de música country nos Sul e Sudeste, e lidar com todos os seus acordos comerciais.
Bob Neal encontrou um duplo problema na recepção das estações de rádio em tocar os discos de Elvis. As estações de música country pensavam que Elvis soava muito parecido com cantores de "rhythm-and-blues", e as estações de blues o achavam muito country. Além disso, o público nos pequenos circuitos country consideravam as performances do frenético trio muito selvagens. Com exceção do estilo de apresentação pessoal do Elvis, o baixista Bill Black parecia um palhaço, dançando com seu gigantesco baixo ou rolando com ele pelo chão.
Em 1955, esses problemas começaram a se resolver conforme o som do Elvis se tornava mais amplamente conhecido, graças às suas performances semanais no show de rádio Louisiana Hayride. Além disso, sua recente fama trouxe para a banda melhores contatos em grandes cidades onde sua atuação era mais aceita. Eles colocaram um baterista, D.J. Fontana, e começaram a aparecer com atuações country bem estabelecidas, como por exemplo Wilburn Brothers, Faron Young, Ferlin Huskey, Roy Acuff, Kitty Wells e Carter Family.
Durante 1955, a Sun lançou mais três compactos do Elvis: "Milkcow Blues Boogie"/ "You're a Heartbreaker" em janeiro; "I'm Left, You're Right, She's Gone"/ "Baby Let's Play House" em abril; e "Mystery Train"/ "I Forgot to Remember to Forget" em agosto. Assim como em seus discos anteriores, esses compactos apresentavam uma música "rhythm-and-blues" de um lado e uma melodia country do outro. Elvis ainda era considerado um cantor regional de música country, mas sua popularidade estava começando a decolar.
O compacto de Elvis pela Sun Records, "Baby Let's Play House", tornou-se a primeira entrada de Elvis Presley nas paradas nacionais. Amparado por "I'm Left, You're Right, She's Gone" no outro lado, ele permaneceu na parada country da Billboard por dez semanas, atingindo o número 10.
O cantor de "rhythm-and-blues" Arthur Gunter compôs e gravou "Baby Let's Play House" em 1954, baseado no sucesso de 1951 do cantor country Eddy Arnold, "I Want to Play House with You". Como um R&B recriado de uma música country, "Baby Let's Play House" era perfeita para o repertório dançante de Elvis. O próprio Gunter foi influenciado por artistas assim e fez um bom modelo de Elvis, que adquiriu uma cópia da versão do Gunter no mês de dezembro anterior na House of Records em Memphis.
Elvis personalizou a música com a inclusão da expressão "babe-babe-baby" no verso. Ele também ajeitou a letra da música, mudando "You may have religion" para "You may drive a pink Cadillac", um humorado prognóstico do carro com o qual viria a ser identificado. Sam Phillips colocou tambores na sessão de gravação da música, sendo essa a primeira vez que tambores foram usados em uma música de Presley.
A medida que "Baby Let's Play House" alcançava repercussão nacional, publicações comerciais a chamavam de música country, por isso poucas pessoas a ligaram ao relativamente desconhecido artista de "rhythm-and-blues" que inspirou Elvis.
O empresário Bob Neal pode ter ajudado Elvis a irromper na cena nacional, mas com seu empresário seguinte, ele virtualmente explodiu para a fama.

Coronel Tom Parker, empresário de Elvis Presley's




Coronel Tom Parker foi o empresário de Elvis Presley e seu mentor em praticamente grande parte de sua carreira.
Coronel Tom Parker foi o empresário, amigo e mentor de Elvis Presley
por quase toda a sua carreira
Quase tão legendário quanto seu famoso cliente, o coronel Tom Parker, foi o empresário de Elvis Presley. Coronel Parker era misterioso e exuberante e, sob sua orientação, seu único cliente - Elvis - alcançou níveis inimagináveis.
Elvis acrescentou "Baby Let's Play House" e "I'm Left, You're Right, She's Gone" à sua apresentação na primavera de 1955. Em menos de um ano depois, ele cantou "Baby Let's Play House" na televisão pela sua segunda exibição emStage Show de The Dorsey Brothers (4 de fevereiro de 1956), com um estilo tão sensual quanto o que apresentava no início, criando uma controvérsia nacional.
Se sua performance dançante em Stage Show chamou a atenção, a letra de "Baby Let's Play House" acrescentou a conotação provocante. Basicamente uma afirmação, a canção era um pedido do cantor para sua namorada que voltasse para ele porque ele queria "play house" com ela, uma gíria para um casal não casado que vive ou dorme junto. Apesar do pedido do cantor, ele tomava uma postura conflitiva, afirmando à sua garota que "preferia vê-la morta do que com outro homem".
Na primavera de 1955, Bob Neal contratou Hillbilly Cat e Blue Moon Boys em um tour com o cantor country Hank Snow. O tour foi organizado pela Hank Snow Jamboree Attractions, que era de Snow mas operada por um promoter de festas chamado coronel Tom Parker.
Há muitas histórias interessantes sobre Parker; algumas sem dúvida são verdadeiras, enquanto outras foram "aumentadas" ao longo dos anos. Dizem que ele cobriu uma chapa com palha e fez com que pintinhos "dançassem" sobre ele ao som de "Turkey in the Straw". Outra história conta que Parker pintou pardais de amarelo e os vendeu como periquitos.
As experiências de country-western de Parker incluiam orientar a carreira do cantor country Eddy Arnold, que passoou de desconhecido para uma estrela. O título de Parker de "coronel" não se refere à hierarquia militar mas é um título de honra, que foi concedido pelo estado de Louisiana em 1953. Posteriormente ele também recebeu o título de coronel pelo Tennessee. Muito já foi escreveu sobre o coronel Tom Parker, principalmente que ele era um homem muito perspicaz.
Grande parte do público de Elvis por volta de 1955 eram meninas adolescentes. Elas eram extremamente entusiásticas durante suas apresentações, e Elvis aprendeu a conquistá-las, fazendo movimentos com o corpo e arrancando gritos sempre que remexia os quadris. Durante uma apresentação no verão em Jacksonville, Flórida, Elvis convidou brincando todas as garotas no público para irem a seu camarim. Mas a brincadeira foi para Elvis um enxame de garotas gritando. Elas o perseguiram até seu carro e literalmente arrancaram suas roupas.
Esse incidente deixou sua mãe perplexa, surpreendeu a imprensa e deixou o coronel satisfeito, que começou a cuidar da carreira de Elvis com muito mais cuidado. A posição de Parker na Jamboree Attractions permitiu que ele observasse a crescente popularidade do jovem cantor.
Assim como outros importantes eventos na carreira de Elvis, há várias versões da história sobre como o coronel Tom Parker se tornou o proprietário exclusivo de Elvis. Dizem que Parker tinha uma relação de trabalho com Hank Snow, mas quando ele finalmente assinou um contrato com Elvis, Parker não incluiu Snow na negociação. Parker e Snow encerraram sua parceria e Snow não o processou.
Quando o coronel e Elvis assinaram o primeiro contrato, em agosto de 1955, Bob Neal ainda tinha contrato como empresário de Elvis. Parker inicialmente assinou o contrato como "consultor especial" e suas tarefas eram "auxiliar da melhor forma possível a carreira de Elvis Presley como artista". Parker também tinha o direito de negociar as renovações em todos os contratos existentes. Nesse ponto, Neal foi mantido apenas como gentileza. Quando o contrato de Neal expirou, em 14 de março de 1956, ele saiu de campo e Parker se tornou o empresário em tempo integral de Elvis.
Quando Parker assumiu oficialmente a carreira de Elvis, ele era apenas um cantor country-western. Embora seu estilo não fosse tradicional e muitos de seus fãs fossem adolescentes, Elvis fazia tours em circuitos country-western e se apresentava com outras estrelas country. Suas gravações foram feitas em quase todas as rádios do país. Se Elvis seguisse o potencial que o coronel viu nele, ele seria exposto a públicos fora do Sul em uma escala muito maior. Apesar de tudo, Elvis nunca saiu do Sul e o público no Norte não estava acostumado às tradições e sons do Sul.
A primeira etapa no plano mestre do coronel foi encontrar uma gravadora que desse a Elvis exposição nacional e internacional.

Elvis Presley e a RCA Records

O coronel em busca do grande momento de Elvis - seu único cliente - começou a procurar um contrato com uma gravadora nacional. A Columbia e a Atlantic mostraram interesse pelo novo e raro cantor, mas o coronel tinha vários contatos na RCA Victor, preferindo negociar com essa empresa.





"Heartbreak Hotel" foi o primeiro single de Elvis Presley
lançado pela RCA Records

Em novembro de 1955, Sam Phillips vendeu o contrato de Elvis para a RCA Victor por US$ 35.000, além de US$ 5.000 em royalties devidos a Elvis. Esse foi o maior valor pago por um single até então. Steve Sholes, responsável por A&R (artista e repertório) premier da RCA, ajudou no contrato de Elvis. Sholes supervisionava os singles especiais da empresa, que incluíam country-western, gospel e R&B. Portanto, foi o produtor dos primeiros discos de Elvis para a RCA.
Mudar para a RCA foi a principal etapa na carreira de Elvis e um importante investimento para a empresa, representando promoção e distribuição nacional e internacional. Sholes estava ciente de que os executivos na RCA estavam especialmente atentos ao novo artista, que não se encaixava em nenhuma das categorias existentes de música das outras empresas.
A RCA relançou os singles da Sun de Elvis em dezembro de 1955, porém, o relançamento de "Mystery Train" não vendeu muito bem. Então, a empresa fez com que Elvis começasse a gravar um novo material em Nashville no mês seguinte. Chet Atkins, coordenador da RCA em Nashville, organizou as gravações, que começaram em 10 de janeiro de 1956.
Scotty Moore e Bill Black, que trabalharam com Elvis na estrada e na Sun desde o início, acompanharam Elvis como sempre. D.J. Fontana, que acompanhou Elvis no tour, atuou como baterista de Elvis, embora nunca tenha gravado com o trio antes. Atkins foi guitarrista e Floyd Cramer entrou no piano. Os cantores de gospel, Ben e Brock Speer, da Speer Family and Gordon Stoker of the Jordanaires, foram os backing vocals.
Moore e Black, que estavam acostumados à atmosfera simples da Sun, acharam o ar profissional das sessões da RCA intimidante, enquanto Sholes não estava certo de como repetir o som de Elvis da Sun. Stoker não estava contente por que o restante dos Jordanaires não foram convidados para participar da gravação. Na verdade, todos estavam nervosos ou indecisos, exceto Elvis, que tinha feito seu primeiro número, Ray Charles' "I Got a Woman," com tudo que ele tinha. Por fim, Elvis apresentou a canção, e isso impressionou o normalmente "frio" Atkins, que chamou sua esposa para ir ao estúdio porque "estava muito impressionado".
"Heartbreak Hotel" foi a segunda canção que Elvis gravou nesse dia em janeiro e se tornou a primeira gravação com seu novo selo, RCA.
Elvis tinha apresentado a canção - escrita pelos compositores Gainesville Mae Boren Axton e Tommy Durden – na convenção em Nashville de apresentadores de programas de rádio em novembro. Durden teve o ímpeto para "Heartbreak Hotel" depois de ler um artigo no jornal sobre o suicídio de um jovem que deixou uma nota triste que simplesmente dizia: "I walk a lonely street" (Sigo sozinho).
Axton pediu ao cantor de Gainesville, Glen Reeves, que gravasse uma demo e imitasse o estilo de Elvis, e Elvis copiou as entonações vocais de Reeves para sua gravação. Essa história mostra que o estilo de Elvis era familiar o suficiente para ser conhecido como seu na época. Isso também mostra o padrão de Elvis ao gravar uma demo.
"Heartbreak Hotel" tinha o som de eco que estava associado às versões de Elvis pela Sun, talvez até mesmo com um pouco de exagero. O efeito é algo misterioso, absolutamente sobrenatural, especialmente durante as linhas iniciais de cada verso quando Elvis canta sem acompanhamento. Sua voz é penetrante e o som é deprimido, capturando perfeitamente a alienação do triste jovem.
Steve Sholes ficou desconcertado com a abordagem instintiva e imediata de Elvis para a gravação, na qual ele cantou a entrada, incluindo playback e a descartou; então cantou outra, repetindo o processo até que sentisse que tinha capturado o tom. Elvis não lia a música nem tinha experiência profissional em arranjos. Ele apenas sabia instintivamente o que precisava fazer e quando fazer. Os executivos da RCA em Nova York também estavam assombrados com a sessão em Nashville. As gravações não soavam tanto como as gravações de Elvis na Sun como eles queriam, e as duas baladas não tinham a ver com as versões anteriores.
Foi organizada uma segunda sessão de gravação em Nova York, na qual Elvis fez cover da música "Blue Suede Shoes", de Carl Perkins, e "Tutti Frutti", de Little Richard. Dessa vez somente o pianista Shorty Long estava presente, além de Scotty, Bill e D.J., e o foco foi um explosivo número de rock 'n' roll. Sete faixas das sessões de Nashville e de Nova York foram escolhidas para o primeiro álbum de Elvis, Elvis Presley. Esses combinaram cinco músicas gravadas anteriormente pela Sun, mas que nunca tinham sido lançadas. O que é interessante é que "Heartbreak Hotel" não foi incluída no primeiro álbum.
Lançado em 13 de março de 1956, Elvis Presley vendeu mais de 360.000 cópias até o final de abril. A US$ 3,98 o álbum, ele foi o primeiro álbum de 1 milhão de dólares da RCA com um único artista. Elvis Presley também se tornou o primeiro álbum no histórico de músicas a vender um milhão de cópias. Ele atingiu o nº 1 dos principais LPs da Billboard e lançou cinco álbuns EP sem precedentes.
Depois de seu primeiro álbum completo bem-sucedido, Elvis começou a mudar suas músicas à medida que crescia como artista.

A evolução do som de Elvis Presley

Alguns críticos levantaram a questão de que a qualidade da música de Elvis começou a deteriorar na RCA. Eles responsabilizam o declínio ao cálculo comercial, o rígido esquema de gravação da RCA (comparado com a atmosfera provisória, caseira na Sun), ou o desejo do próprio Elvis de seguir os passos de Dean Martin. A música de Elvis sofreu algumas alterações quando ele mudou para a RCA, mas o termo "declínio" é muito severo para descrever a modificação de sua música. A música de Elvis não declinou na RCA, mas isto a afastou do rockabilly. Porém, nos anos 60, ela iria amadurecer para um legítimo som popular.



Mesmo antes da gravação do primeiro disco de Elvis Presley, sua música começou a se desenvolver
Mesmo antes da gravação do primeiro disco de Elvis Presley,
sua música começou a se desenvolver
Parte da mudança em sua música foi resultado de acordos feitos por Elvis e o coronel com a publicação sobre música Hill and Range, que era afiliada à RCA. Depois que o acordo acabou, Hill and Range criou duas novas companhias de publicidade musical: Elvis Presley Music e Gladys Music. Essas companhias eram responsáveis pela obtenção dos direitos de todas as canções gravadas por Elvis.
Esta organização era financeiramente vantajosa para Elvis porque ele recebia não só pela performance cada vez que ele gravava uma música, mas também pela divulgação. Hill and Range recebiam metade dos lucros gerados pela Elvis Presley Music e Gladys Music. Os compositores que editaram suas canções pelas duas empresas menores deram uma grande porcentagem de seus direitos enquanto editores de música pela oportunidade de escrever canções para Elvis.
Eles também eram chamados para dar a Elvis créditos de co-autoria, mesmo ele não tendo escrito nenhuma canção ou parte dela em toda a sua carreira. Mas os compositores não reclamavam, porque mesmo com uma redução dos direitos, eles ganharam muito dinheiro. Ficou logo aparente que toda canção que Elvis gravava vendia milhões de cópias.
Obviamente, seria o melhor financeiramente para todas as partes se Elvis gravasse aquelas canções editadas por suas próprias companhias, embora por contrato ele não estivesse proibido de gravar outras músicas. No final das contas, o acordo com a Hill and Range limitou Elvis porque o material obtido pela Elvis Presley Music e Gladys Music algumas vezes vinha de compositores picaretas que haviam sido contratados pela Hill and Range por anos. Qualquer escritor com um acordo exclusivo com outra editora era impedido de ter seu trabalho gravado por Elvis. Conseqüentemente, Elvis era por vezes sobrecarregado com material medíocre de escritores sem brilho.



Elvis Presley desenvolveu uma sonoridade de rock ampla, mais abrangente durante seus anos na RCA
Elvis Presley desenvolveu uma sonoridade de rock ampla,
mais abrangente durante seus anos na RCA
Jerry Leiber e Mike Stoller escreveram "Hound Dog", em 1952, para o cantor de blues Willie Mae "Big Mama", Thornton atendendo o pedido de Johnny Otis, um lider de banda ambicioso, produtor, compositor e R&B discotecário. Otis convidou o grupo para assistir Thornton ensaiar em sua garagem transformada em estúdio.
Após assistir o poderoso cantor berrar alguns números, Leiber e Stoller compuseram "Hound Dog" - uma canção sobre um gigolô - em aproximadamente dez minutos. Thornton rosnou as letras insolentes em uma batida de blues pesada e "Hound Dog" vendeu mais de meio milhão de cópias, chegando ao n° 1 nas paradas de R&B e tornou-se a gravação top de venda no mercado de R&B durante o ano de 1953.
Muitos intérpretes gravaram "Hound Dog," incluindo artistas de country como Tommy Duncan, Betsy Gay, Jack Turner e Billy Starr, e os artistas de salão Freddie Bell e os Bellboys. Bell animou o ritmo e temperou as letras com um toque humorístico acrescentando a linha, "Você nunca pegou um coelho e você nunca foi meu amigo." Elvis foi atraído pela atuação dos Bellboys em abril de 1956 quando estava hospedado no New Frontier Hotel em Las Vegas. Embora Elvis tenha fracassado em Vegas, trouxe de volta uma pequena recordação - a versão cômica de "Hound Dog."
Um artista cantando a toda voz a linha de abertura para "Hound Dog" parecia bizarro porque a música havia sido escrita para uma voz feminina e a decisão de Elvis de adicionar "Hound Dog" ao seu repertório foi interpretada de forma variada pelos historiadores do rock. Alguns insistem que Elvis deve ter se familiarizado com a versão de Thornton porque ele era um entusiasta do R&B e eles especulam que ele gravou a versão de Bell por reconhecer seu humor.
Os críticos sugerem que ele se apropriou da batida blues sem entender suas raízes. Parece porém, provável que Elvis conheceu o registro de Thornton. Ainda que a gravação de Elvis fosse uma interpretação de rock 'n' roll surgida depois de Bell, sua execução no concerto de Berle deve algo a ver com o som do blues de Thornton "Hound Dog."
Pressionado pelo produtor Steve Sholes para gravar a faixa, Elvis finalmente pegou "Hound Dog" após cerca de 30 tomadas nos estúdios da RCA em Nova York. Apoiado por "Don't Be Cruel," a gravação tornou-se o maior compacto de sucesso da história. Ele alcançou o n° 1 e manteve essa posição por 11 semanas, mais do que qualquer compacto feito na era do rock 'n' roll. Ele também alcançou o primeiro lugar nas paradas de música country e "rhythm-and-blues".
"Don't Be Cruel" era o outro lado de of "Hound Dog". Faixa relativamente nova, "Don't Be Cruel" não foi gravada por nenhum cantor antes de Elvis. À medida que a canção não era associada com nenhum estilo específico de cantar, Elvis poderia tomá-la inteiramente para si. A calmaria da gravação com o toque rápido do ritmo, tom leve e vocais harmoniosos dos Jordanaires indicam quão distante Elvis tinha ido da sonoridade do R&B puro e da música country music.
"Don't Be Cruel" foi escrita por um cantor-compositor de "rhythm-and-blues", Otis Blackwell. Ele vendeu a canção para uma editora de música, Shalimar Music, por US$ 25 no natal de 1955. O editor original de Elvis, Hill and Range, adquiriu a música.
Quando Elvis quis gravar a música, Blackwell havia dito que ele poderia fazer um acordo e partilhar os direitos com ele, apesar de Elvis não ter contribuído com nada na criação da música. Blackwell estava desconfortável com o acordo, mas pensou em mantê-lo para fazer um grande acordo financeiro com os direitos - se Elvis gravasse a música. Esta não seria a última vez que Elvis recebeu crédito por escrever uma canção que ele originalmente não compôs.
Durante a sessão de gravação, Elvis ensaiou "Don't Be Cruel" um par de vezes com seus músicos regulares de reserva, um pianista contratado pela RCA e os Jordanaires. Então o grupo trabalhou na música, aprimorando-a conforme iam através de quase 30 takes. Todos os músicos contribuíram com algo de seu próprio jeito. D.J. Fontana usou a guitarra com capa de couro do Elvis como um tambor provisório para capturar um efeito de tambor de corda arrumando-a através de sua bainha e batendo de volta com um martelo.
Seus esforços resultaram em uma das músicas mais amadas de Elvis e uma de suas favoritas. O total de vendas de qualquer música de Presley era freqüentemente difícil de calcular, mas em março de 1992, a música "Hound Dog"/"Don't Be Cruel" ganhou três vezes o status de platina pela Recording Industry Association of America (RIAA).
Porém, isso foi mais do que apenas uma nova estratégia promocional. Algumas implementações menores em sua música é que transformaram Elvis Presley em um cantor de rock 'n' roll. Uma parte vital dessa mudança ocorreu devido a imagem de Elvis que a mídia construiu no decorrer do tempo, particularmente depois de suas aparências controversas na televisão.
Talvez as aparências mais notórias de Elvis na televisão aconteceram quando ele foi três vezes convidado em The Ed Sullivan Show.

Elvis Presley no Ed Sullivan Show




Após declarar que Elvis Presley nunca apareceria em seu programa, Ed Sullivan voltou atrás e marcou Elvis.
Após declarar que Elvis Presley nunca
apareceria em seu programa, Ed
Sullivan voltou atrás e marcou
Elvis para três shows
Duas semanas depois da primeira sessão de gravação de Elvis na RCA, ele fez sua primeira aparição televisiva no Stage Show semanal de Tommy and Jimmy Dorsey. Durante as oito semanas seguintes, ele apareceu nessa série de variedades mais cinco vezes e, a cada vez, o show recebia as melhores índices de audiência. O primeiro show, entretanto, foi apenas moderadamente bem-sucedido e foi derrotado em índices de audiência pelo The Perry Como Show.
Stage Show era um típico programa televisivo de variedades em meados de 1950. Compreender a natureza desses shows de variedade nos ajuda a entender por que Elvis criou tanta confusão. Com um formato de hora longa, o Stage Show apresentava performances de diversos grupos de artistas, desde cantores populares, animais, atores e bailarinos. Toda semana um anfitrião convidado apresentava alguma das atrações desse particular programa.
Na primeira aparição de Elvis, ele foi apresentado pelo discotecário Bill Randle de Cleveland, que foi supostamente a primeira personalidade de rádio a tocar um disco de Elvis fora do Sul. Randle, entretanto, viria a ser a única pessoa apresentada em qualquer uma das aparições de Elvis no Stage Show que teve alguma ligação com o jovem cantor.
Os outros anfitriões e estrelas convidadas que apareceram com Elvis incluíam as cantoras de jazz, Sarah Vaughan e Ella Fitzgerald, os comediantes Joe E. Lewis e Henny Youngman, um chimpanzé ator, uma equipe de acrobatas e um organista de 11 anos. Comparado a esses tipos de artistas - que eram considerados adequados ao público familiar - a nova música energética e o estilo de apresentação dinâmico de Elvis o assemelhavam a um "extraterrestre". O vestuário e o topete Beale Street do jovem cantor o fizeram sobressair ainda mais.
Em sua primeira aparição, Elvis estava visivelmente nervoso. Ele cantou "Shake, Rattle, and Roll" e "Heartbreak Hotel," se sacudindo e remexendo um pouco e, então rapidamente saiu de cena. Em sua aparição final, ocorreram mais de uma interação entre Elvis e seu público pois o jovem trabalhou duro para guiar as garotas na multidão em uma delirante gritaria.
Quando ele desafinou o acorde de abertura de "Heartbreak Hotel" em sua guitarra, uma explosão de gritos e aplausos invadiu. Elvis hesitou por um momento, atormentando o público com a expectativa. Quando começou a cantar, ele se moveu pelo palco, sacudindo seus ombros e balançando suas pernas.
Alguns movimentos foram obviamente elaborados para extrair respostas emocionais das garotas, e o sorriso de Elvis provou que ele estava deleitado com seu efeito explosivo sobre suas fãs. A interação entre Elvis e suas fãs parecia muito com um jogo: ele instigava as mulheres com seus movimentos provocantes, elas clamavam por mais. Ele prometia ir mais longe e algumas vezes ia mesmo.
Na última primavera de 1956, Elvis apareceu no The Milton Berle Show pela primeira vez. O show era transmitido do USS Hancock, que estava ancorado na base naval de San Diego. Apesar do local original, essa aparição televisiva é raramente mencionada em biografias ou outras descrições da carreira de Elvis, pois sua segunda aparição no programa Berle a obscureceu completamente.
Essa aparição em 5 de junho abanou as chamas da controvérsia em todo o país de seu estilo de dançar mexendo os quadris. Elvis cantou "Hound Dog" pela primeira vez na televisão nessa noite primaveril. Quando começou a cantar, ninguém sabia o que esperar, pois a melodia era nova. Mas o público respondeu imediatamente com entusiasmo. Elvis foi então um pouco além em sua performance: ele abaixou lentamente o coro final da música para um tempo de blues e empurrou sua pélvis na batida da música de uma maneira particularmene sugestiva.
No dia seguinte, a imprensa o apelidou de "Elvis the Pelvis". Muitos descreveram seu ato comparando-o a um striptease. Jack Gould do The New York Times declarou, "Sr. Presley não possui compreensível capacidade de cantar", enquanto John Crosby do New York Herald Tribune chamou Elvis de "terrivelmente sem talento e vulgar". A crítica estimulou os pais, grupos religiosos do norte e do sul e a associação de pais e alunos a condenarem Elvis e a música rock 'n' roll, associando ambos a delinqüência juvenil.
Elvis não podia compreender sobre o que era todo o barulho: "Isso é apenas música. Em um monte de jornais, eles dizem que o rock 'n' roll é uma grande influência para a delinqüência juvenil. Eu não acho que seja. De qualquer maneira, eu não vejo como a música tenha qualquer coisa a ver com isso... Estou sendo culpado agora mesmo por tudo de errado neste país."
Após o The Milton Berle Show, o coronel Parker agendou Elvis no The Steve Allen Show, um novo programa de variedades transmitido no mesmo horário que o enormemente popular show do Ed Sullivan. Allen odiava rock 'n' roll, mas estava ciente dos altos índices de audiência que o show do Berle recebeu quando o Elvis apareceu. Ele também tinha conhecimento da controvérsia.
Para diminuir o tom da performance sexy de Elvis, Allen insistiu que ele usasse um smoking durante seu segmento e o apresentou como "o novo Elvis Presley". Elvis cantou uma de suas músicas mais recentes, uma balada lenta e difícil, chamada "I Want You, I Need You, I Love You".
Imediatamente após esse número, a cortina se abriu para revelar um bassê hound fofinho em cima de um banco alto de madeira. Elvis cantou "Hound Dog" para a dócil criatura, que roubava a cena do cantor com sua expressão melancólica. Allen usou humor para acalmar o estilo sensual de dançar de Elvis, proibindo-o de se movimentar muito pelo palco e até mesmo impedindo-o de usar sua marca registrada Beale Street. Os fãs ficaram furiosos e fizeram piquete nos estúdios NBC-TV na manhã seguinte com cartazes onde se lia, "We want the gyratin' Elvis" (Queremos o Elvis rebolativo).
Mais tarde no programa, Elvis se juntou a Allen, Imogene Coca e o companheiro sulista Andy Griffith em um esquete de comédia que satirizou programas de música country, não diferente de Louisiana Hayride. Muitas das piadas eram voltadas para rebaixar a cultura sulista. A apresentação de Allen do Elvis cantando para um cachorro e a aparição do esquete "caipira" realmente ridicularizou Elvis. Steve Allen foi o real vencedor essa noite, pois seu show bateu o Sullivan em índices de audiência.



Nas primerias duas aparições de Elvis Presley no The Ed Sullivan Show, a CBS não censurou sua atuação.
Nas primerias duas aparições de Elvis Presley
no The Ed Sullivan Show, a CBS não
censurou sua atuação
Elvis se estabeleceu como um artista que poderia atrair uma grande audiência televisiva e aumentar muito o índice de audiência, portanto, não é nenhuma surpresa que após muitas rejeições, o coronel finalmente agendou Elvis para aparecer no The Ed Sullivan Show, um programa de variedades do horário nobre, com índice de audência muito alto.
Sullivan, que era uma figura poderosa na indústria, declarou publicamente que não permitiria que Elvis aparecesse em seu show porque era um programa familiar. Mas os índices de audiência falaram mais alto do que o escrúpulo e Sullivan voltou atrás após o The Steve Allen Show obter tamanho sucesso. Elvis recebeu um cachê sem precedentes de US$ 50.000 por três aparições no The Ed Sullivan Show. Isso era muito mais do que os US$ 5.000 por show que o coronel Parker pediu apenas algumas semanas antes quando Sullivan o recusou.
A performance de Elvis no The Ed Sullivan Show está incutida nos anais da história do rock devido a decisão dos censores de exibir o jovem cantor volátil apenas da cintura para cima. Entretanto, ao contrário da crença popular, esta decisão não foi tomada até sua terceira aparição.
O ator Charles Laughton teve a função de anfitrião substituto na noite da primeira aparição de Elvis porque Sullivan estava se recuperando de um acidente de automóvel. Nos cinescópios e na seqüência de vídeo dessa performance, Elvis pode ser visto em figura inteira, cantando "Love Me Tender" e "Don't Be Cruel", então, posteriormente, da cintura para cima, cantando "Hound Dog" e "Ready Teddy".
A terceira e final aparição no show do Sullivan, em 6 de janeiro de 1957, contém momentos lendários quando os censores da CBS não poderiam permitir a exibição de seu corpo inteiro. Visto apenas da cintura para cima, Elvis ainda fez um show excitante, cantando sete música em três segmentos. Em um segmento, Elvis e os Jordanaires cantaram "Peace in the Valley", que Elvis dedicou às vítimas do terremoto do Leste Europeu.
Mas foi sua tradução de sucessos de Presley como "Heartbreak Hotel" e "Hound Dog" que provocaram o público do estúdio. Seus gritos e aplausos insinuaram aos telespectadores o que Elvis estava fazendo fora do alcance da câmera, quase subvertendo a intenção dos censores. Novamente, a interação entre Elvis e o público do estúdio aumentou o poder de sua performance. Após o número final de Elvis, Sullivan declarou ele ser "um rapaz realmente fino e decente" - uma declaração particularmente hipócrita considerando que ele e os censores tinham exatamente acabado com a atuação de Elvis.
Por anos, as pessoas se surpreenderam com o fato de Elvis ter sido censurado durante sua terceira aparição no show do Sullivan. A explicação mais simples e mais provável é que Sullivan recebeu críticas negativas sobre as aparições anteriores de Elvis. Outras explicações mais escandalosas incluem a teoria de que o Coronel forçou Sullivan a desculpar-se em público por observações que ele fez sobre Elvis à imprensa no verão anterior e o pedido de somente da cintura para cima era o modo de Sullivan de se vingar de Parker.
A explicação mais louca foi oferecida por um ex-diretor do The Ed Sullivan Show, que disse que durante a segunda aparição, Elvis colocou um tubo de papelão na frente de suas calças e o manipulou para arrancar gritos do público do estúdio. Para evitar uma ocorrência repetida desse comportamento, Sullivan supostamente insistiu na cobertura acima da cintura na aparição final de Elvis. Nenhuma dessas explicações oferecem qualquer visão real sobre as motivações de Sullivan mas todas se adicionam ao folclore que cerca esse evento, aumentando assim a imagem de Elvis como um notório rock 'n' roller.
A imagem de Elvis também é muito relacionada com a sua atuação na mídia.

Elvis Presley e a imprensa

Olhando para trás, tudo isso parece tão inocente, mas Elvis apareceu em cena na época em que o rock 'n' roll estava surgindo sob fogo cerrado na imprensa popular. A controvérsia centrada no meio desse novo estilo de música associando a juventude à sexo e crimes, durante a primavera e verão de 1956, muitas revistas publicaram artigos que apontavam uma ligação entre o rock 'n' roll e a delinqüência juvenil.
Ao mesmo tempo, Elvis era freqüentemente tratado com destaque nessas mesmas revistas em artigos que sensacionalizaram o efeito do estilo sensual de sua performance nas adolescentes. As manchetes ressoaram "o acúmulo do impacto de fãs, modismo - e medo", enquanto histórias manipuladas declararam seu "fogo sex-hot" como sendo inextinguível. Isso não demorou a causar um grande salto na imaginação de jornalistas, revisores e críticos a relacionar a aparência pessoal e o estilo sensual de perfomance com a decadência do rock 'n' roll e os horrores da delinqüência juvenil.



Elvis Presley, visto aqui fora de Graceland, era constantemente fotografado e escrutinado pela imprensa
Elvis Presley, visto aqui fora de Graceland, era constantemente
fotografado e observado de perto pela imprensa
Quando a imprensa popular não estava criticando abertamente Elvis, ela o ridicularizava. Apesar do fato de que sua música era identificada com o rock 'n' roll, jornalistas e repórteres freqüentemente se referiam a ele caluniosamente como um "cantor caipira." Ele era maldito por causa de seu sotaque sulista, suas roupas espalhafatosas, suas costeletas longas e seu topete tão fortemente carregado com goma que seu cabelo loiro parecia preto.
O último em particular parecia elevar a ira da imprensa e do púbico de opinião semelhante. Nunca anteriormente um corte de cabelo de um artista foi tema de tanta atenção; o estilo de corte de Elvis foi criticado por causa de seu comprimento, o uso de goma e o fato de tantos adolescentes o imitarem.
A despeito da predominância de histórias negativas sobre Elvis na imprensa, outro tipo de publicidade começou a emergir devagar, mas certo. Este novo modelo de publicidade apresentou um Elvis Presley diferente, uma pessoa que era contraditória à figura influente que havia causado tanta controvérsia. Este lado mais gentil da imagem do cantor surgiu para ser conhecida na literatura e lenda sobre Elvis como o "outro Elvis" ou "Elvis bom."
O "outro Elvis" tornou-se público em 1° de julho de 1956, no programa de entrevistas de televisão, Hy Gardner Calling. O programa consistia em uma ligação feita pelo colunista sindicalizado Gardner a uma ou duas celebridades a cada semana. Uma técnica de split-screen permitia aos espectadores assistir a Gardner e a celebridade enquanto conversavam ao telefone.
O episódio apresentando Elvis deu ao jovem cantor uma oportunidade de banir alguns dos rumores viciosos que estavam circulando sobre ele, incluindo um cujo teor dizia que ele fumava maconha freqüentemente para alcançar o estado frenético necessário para o seu estilo de performance e outro atestando que ele uma vez havia atirado em sua mãe. Os espectadores viram um Elvis de volta à Terra, que expressou estar experimentando uma confusão sobre a enormidade de seu sucesso.
Histórias sobre a estreita ligação de Elvis com seus pais começaram a aparecer impressas. O fato de que ele não fumava ou bebia era posto fora em alguns artigos. Elvis era conhecido por ser educado durante as entrevistas, referindo-se aos seus pais como "senhor" ou "mamãe." Coronel Parker destacou os fortes sentimentos de Elvis a respeito do auxílio às pessoas menos afortunadas e o reservou para muitas ações beneficentes, incluindo quelas para a American Cancer Society e a March of Dimes.
Ainda, publicações elogiaram o cantor Pat Boone como um ídolo adolescente com o cabelo mais cortado - por conseguinte mais apropriado - que Elvis Presley. Parker então tentou fazer Elvis parecer mais saudável colocando seu nome e foto em uma linha de produtos infantis. O coronel fechou um contrato com o extraordinário produtor Hank Saperstein para comercializar Elvis através dos mesmos parâmetros que seus outros clientes famosos, que incluíam Wyatt Earp, o Lone Ranger e Lassie. Toda criança no país poderia encontrar esses heróis totalmente americanos, de caixas de lanche a camisas.
O coronel desejava que eles encontrassem a imagem de Elvis igualmente em tais produtos. Além da linha usual de itens infantis, as garotas podiam comprar batons do Elvis Presley nas cores Laranja Hound Dog, Vermelho Tutti Frutti e Rosa Heartbreak. Elas também podiam comprar charmosas pulseiras do Elvis Presley para usar. Parker explorou esta "outra imagem de Elvis" para opôr o retrato de Elvis como um roqueiro hedonista e aproximar o ídolo da respeitabilidade.
Repórteres da imprensa dominante selaram Elvis com o que eles acharam ser um apelido mais sagaz, "Elvis the Pelvis" - um nome que o jovem cantor sério despistou. No programa de entrevistas da televisão de Hy Gardner, Elvis queixou-se, "Eu não gosto de ser chamado de Elvis the Pelvis - Quero dizer que ela é uma das mais infantis expressões que eu já ouvi desde que virei adulto." Referindo-se aos seus quadris giratórios, o apelido se tornou um código para as acusações de mau gosto que perseguiu Elvis durante esse período. O coronel esperou apagar "Elvis the Pelvis" da consciência do público exibindo o "outro Elvis" constantemente.
Outro passo na transformação de Elvis ocorreu com a mudança de sua carreira para os filmes de Hollywood. Durante os anos de 1956 a 1958, quatro filmes estrelados por Elvis Presley foram feitos para audiências entusiasmadas. Os filmes transformaram Elvis the Pelvis em Elvis the Rebel, uma mudança sutil, mas significativa. Como o mais novo rebelde de Hollywood, Elvis sentiu-se à vontade como uma pessoa mais reconhecida, já aceitável por Marlon Brando e James Dean.
Love Me Tender foi a primeira incursão de Elvis na arte de interpretar e todos os olhos estavam abertos para ver como o jovem cantor iria se sair.

Elvis Presley e Love Me Tender

A primeira vez que o produtor de cinema independente Hal Wallis viu a atuação de Elvis, convenceu-o de que ele se tornaria um astro de grande projeção. Um veterano no ramo de negócios com cinema por 25 anos, Wallis tinha uma reputação estelar. Ele havia trabalhado como produtor executivo na Warner Bros. por muitos anos antes de fundar a Hal Wallis Productions em 1944.
Nos idos de 1956, Wallis capturou por acaso uma atuação de Elvis em um dos episódios de Stage Show. O efeito eletrizante que Elvis provocou nas mulheres da platéia no estúdio rendeu movimentos mágicos nos olhos aguçados do produtor. Sem perder tempo, ele chamou Coronel Parker na manhã seguinte a fim de realizar um teste de câmera para o jovem cantor controverso. Parker estava tranqüilo, lidando com Wallis como o experiente negociante que era, antes de casualmente responder que Elvis estava planejando estar na costa o quanto antes e talvez um encontro poderia ser arranjado.
No dia 1° de abril de 1956, Elvis fez o teste de câmera com o respeitado ator especializado Frank Faylen. Eles fizeram uma cena da peça de N. Richard Nash, The Rainmaker (O Homem Que Fazia Chover), que logo em seguida foi transformado em um filme de sucesso. Embora tenha sido feito no Primeiro de Abril, o teste de câmera de Elvis foi levado muito à sério. Sua presença de cena foi poderosa o suficiente para Wallis propor um contrato para três filmes. Se Hal Wallis podia confiar em Elvis como ator, então Hollywood aceitaria de bom grado que o jovem cantor estava bem preparado para o estrelato no cinema.
Elvis sempre amou filmes. Quando ele estava na escola secundária, trabalhou no teatro Loew's State Theater em Memphis. Mais tarde em sua vida, quando seu status de superastro privou-o de aparições públicas, Elvis freqüentemente alugava um teatro inteiro somente para ser capaz de ver um filme em paz. Desde o início de sua carreira, Elvis aspirou ser um ator de cinema. Quando sua súbita notoriedade abriu a porta para que isso acontecesse, ele ficou ávido para fazer o que quer que fosse para seguir carreira no cinema. "Cantores vêm e vão," disse Elvis, "mas se você é um bom ator, pode durar um bom tempo."
Hal Wallis estava trabalhando exclusivamente para a Paramount Pictures na ocasião, mas o estúdio não tinha um roteiro apropriado para Elvis quando ele assinou com Wallis. Assim, Elvis foi emprestado para a Twentieth Century-Fox para um drama sobre a Guerra Civil chamado The Reno Brothers. Sua participação no filme foi um papel secundário e tanto Robert Wagner quanto Jeffrey Hunter haviam sido considerados originalmente para o papel. Esse foi o primeiro e último filme no qual a participação de Elvis não foi especificamente planejada como marketing para ele.
A música tema do filme foi inspirada na balada da Guerra Civil chamada "Aura Lee" e recriada como as "Love Me Tender." Elvis lançou a música na forma de compacto, que se tornou imensamente popular e ganhou grande exposição após ele cantá-la no The Ed Sullivan Show. Devido ao fato da música ter se tornado um sucesso, o nome do filme foi trocado para Love Me Tender antes da estréia em Nova York em 16 de Novembro de 1956.
O enredo trata do destino de uma família de fazendeiros após a Guerra Civil. Elvis interpreta o filho mais novo, Clint Reno, que se casa com a garota de seu irmão primogênito. Todos acham que o irmão mais velho havia sido morto na guerra, mas ele retorna inesperadamente. A família é separada pelas conseqüências do matrimônio e no final, Clint é baleado e morto.
Os produtores de Love Me Tender se preocuparam com a possibilidade dos fãs de Elvis terem uma reação negativa com o final do filme. Disseram que a mãe de Elvis na vida real, Gladys, ficou chocada com a morte dele no filme. Ninguém sabia se as pessoas se afastariam dos cinemas uma vez que vazara o fato de que o personagem de Elvis morreria em uma das últimas cenas.
No final original do filme, a mãe de Reno, interpretada por Mildred Dunnock, toca o sino para como uma remanescência do convite feito aos irmãos Reno para o jantar. A dor e a tristeza em suas faces indicam que Clint havia ido para o Grande Além. Os créditos finais seguem imediatamente essa pungente mas pessimista cena.
Após as tomadas de Love Me Tender terem terminado, Elvis foi chamado de volta no sentido de realizar um outro final para o filme. Nessa versão, seu personagem sobrevive. Contudo, o final utilizado realmente na versão definitiva do filme representa um compromisso entre os dois. Clint Reno é morto, mas A face de Elvis é sobreposta em cima da cena final com ele cantando "Love Me Tender". Essa versão se identifica com o roteiro original, mas os fãs são deixados com uma imagem mais positiva de seu ídolo.
Um grupo chamado Ken Darby Trio acompanhou Elvis nas sessões de gravação da trilha sonora, mas isso não foi uma decisão de Wallis. Ele não tinha nada a ver com a produção de Love Me Tender porque ele foi realizado pela Twentieth Century-Fox. A história sobre os músicos também não é verdadeira ou se refere a outro produtor de Hollywood. De fato, Moore, Black e Fontana aparecem em filmes posteriores que Elvis fez com Wallis.
Elvis sempre se deu bem com seus coadjuvantes e freqüentemente reverenciava a maior experiência destes na participação em filmes. Richard Egan, que interpretou o irmão primogênito Vance Reno, disse sobre Elvis: "Aquele menino poderia encantar os pássaros das árvores. Ele era tão disposto e modesto,nós fizemos o possível ao nosso alcance para ajudá-lo". Anos depois, em 1972, durante compromisso em Las Vegas , Egan se levantou depois do número final e iniciou uma ovação para seu antigo coadjuvante.
Durante a produção de Love Me Tender, Elvis manteve uma rápida paixão com a coadjuvante Debra Paget, iniciando um longo hábito de flertar com suas parceiras de cena. Neste caso, todavia, seus interesses não foram notados porque Paget não estava interessada. Um par de anos mais velha que Elvis, Paget estava dedicando-se a sua carreira na ocasião. Sua mãe, que estava freqüentemente no estúdio, tinha grandes planos para Debra, nenhum deles envolvia Elvis.
O filme de Elvis obteve resenhas brutais, o que não foi surpresa considerando o criticismo da imprensa popular antes dele se propor a atuar. Um crítico da revistaTIME comparou a atuação de Elvis em várias cenas no filme com o salsicha, um personagem animado da Disney e um cadáver. Uma resenha na Variety foi mais direta ao ponto: "Avaliar Presley como ator, ele não o é. Não que isso faça alguma diferença". Mas o sarcasmo dos críticos caiu em ouvidos surdos. Quando um imenso cartaz promocional de Elvis como Clint Reno foi exposto no topo do cinema da cidade de NovaYork, milhares de fãs apareceram para ver a imagem de Elvis maior que a real.
Ainda que Love Me Tender tenha sido um distanciamento da imagem normal de Elvis, seu filme seguinte, Loving You, o trouxe de volta às suas raízes no rock 'n roll.

Elvis Presley e Loving You

O primeiro filme de Elvis Presley realizado pelo produtor Hal Wallis foi Loving You (A mulher que eu amo). Ele foi produzido por Wallis e escrito/dirigido por Hal Kanter especialmente para o jovem astro. Esse drama musical não só foi projetado para exibir os melhores talentos de Elvis como também o próprio enredo foi engenhosamente baseado em sua vida privada.
Loving You (A mulher que eu amo), realizado pela Paramount em julho 1957, lançou Elvis como um desconhecido mas talentoso cantor que tinha um som totalmente musical. Seu personagem, Deke Rivers, vem do Sul, mas ele não se adapta ao mundo da música country. Uma promotora musical megera, interpretada por Lizabeth Scott, reconhece o talento único de Deke e o explora como um novo rosto que encanta o público jovem. A mídia distorce seu encanto e o identifica como uma pessoa temperamental até Derek provar que foi tão somente um mero engano.
A trama e as melodias bem escritas feitas sob medida para o estilo musical de Evis eram a garantia para atrair seus fãs. Contrariamente à crença popular, Elvis recebeu seu primeiro beijo na tela em Loving You, não em Love Me Tender. A honra coube à jovem atriz chamada Jana Lund. Ela teve um pequeno papel no filme interpretando uma fã sexy de Deke Rivers que, infelizmente para Deke, tem um namorado ciumento.



Elvis Presley não era só a estrela de Loving You; de certo modo, ele também era o tema
Elvis Presley não era só a estrela de Loving You; 
de certo modo, ele também era o tema.
Para aproximar o roteiro tão próximo quanto possível da vida real, Wallis enviou o diretor Hal Kanter para Memphis no intuito de observar o comportamento e estilo de vida de Elvis enquanto estivesse na estrada. Kanter estava em Shreveport quando Elvis realizou uma de suas últimas performances em Louisiana Hayride.
O filme de Kanter buscou capturar a excitação provocada por Elvis em sua platéia durante um concerto. As cenas das atuações em Loving You foram realizadas sob o constante pipocar de flashes, o grito histérico do público e a quase insuportável tensão que surgia antes de Elvis aparecer no palco. Em um artigo escrito posteriormente por Kanter para a Variety, ele se referiu a posição de Elvis em relação à massa histérica como "o olho da tempestade". Essa seria uma posição que Elvis sustentaria para o resto de sua vida.
Kanter também conseguiu descrever o lado desagradável da fama de Elvis emLoving You. Os fãs são mostrados no filme apinhando-se ao redor de Deke Rivers, tal como Elvis era seguido freqüentemente e cercado pela multidão depois que se tornou famoso. Os fãs invadem a vida pessoal de Deke, demandando seu tempo e perturbando-o com pedidos egoístas. O pomposo carro novo de Deke está coberto com mensagens de batom e números de telefone do mesmo modo que os carros de Elvis eram por vezes atacados por fãs femininas desesperadas para conseguir a atenção dele.
Enquanto filmava Loving You, Elvis saiu com Yvonne Lime, uma atriz do filme. Yvonne revelou o que era a "realidade" sobre Elvis na revista de cinema Modern Screen. O artigo foi justamente a peça publicitária que apresentou Elvis como um maravilhoso exemplo de vida saudável em: ele era o perfeito cavalheiro, devotado a sua mãe e satisfeito em cantar canções religiosas em festas. Sua imagem rock 'n roll, cabelo comprido e costeletas eram justificados como um caso de inconformidade.
Elvis convidou seus pais, Vernon e Gladys, a juntarem-se a ele em Hollywood para as filmagens de Loving You devido a saudade que sentia da companhia deles enquanto fazia Love Me Tender. Hal Kanter arranjou para eles e alguns amigos da família uma aparição como figurantes próximo do final do filme como membros da platéia do concerto. Após a morte de Gladys, Elvis recusou assistir Loving Youporque era muito dolorosa a lembrança de sua mãe.
Além de seus pais, os músicos de longa data de Elvis, Scotty Moore, Bill Black e o baterista D.J. Fontana, apareceram no filme como membros da banda de música country. Até os Jordanaires apareceram no filme para uma breve participação.
A trilha sonora de Loving You, que foi o terceiro disco para a RCA, alcançou o No. 1 em algumas paradas populares. Esse disco em particular estabeleceu também um padrão no qual as canções dos filmes de Elvis seriam combinadas com faixas de sessões de gravação para compor um disco. Os filmes de Elvis serviram então para a elaboração de divulgações para seus álbuns e vice-versa. Isso era parte do plano de Colonel para obter o máximo possível de quilometragem para os filmes de Elvis. Um veículo promovia o outro para a exposição máxima de ambos.
Elvis perseguiu o sucesso de Loving You com outro disco e filme de êxito cujo destino era o de se tornar um clássico.

Elvis Presley e Jailhouse Rock

O próximo lançamento de filme-e-álbum de Elvis Presley foi Jailhouse Rock. O álbum em versão estendida (EP) lançado como trilha sonora para Jailhouse Rock serve como um instantâneo das épocas. Os álbuns em EP eram uma fixação no setor de gravações durante a década de 50, caindo em popularidade durante a década de 60. Geralmente contendo de quatro a cinco músicas, um EP oferecia ao ouvinte algo mais do que um disco apenas, mas custava menos do que um álbum em long-play, que comportava em média de dez a doze canções.
O EP final de Elvis lançado comercialmente era a trilha sonora de Easy Come, Easy Go em 1967. O EP de Jailhouse Rock também indicava a enormidade da popularidade de Elvis entre o fim 1957 e o início de 1958, permanecendo nas paradas de sucesso por impressionantes 49 semanas e permanecendo como No. 1 por 28 semanas. A Billboard o nomeou como o EP do Ano de 1958. O destaque do EP era a famosa canção título - a personificação da pessoa de Presley durante essa época.



O filme e álbum de Jailhouse Rock foram extremamente bem-sucedidos para Elvis Presley.
O filme e álbum de Jailhouse Rock foram extremamente
bem-sucedidos para Elvis Presley
Escrita pelos lendários Jerry Leiber e Mike Stoller, "Jailhouse Rock" se tornou outra gravação No. 1 de Elvis. Ele entrou nas paradas britânicas como No. 1, tornando-o o primeiro disco a conseguir isso. A dupla compositora de rock 'n roll estava encarregada de escrever a maioria das canções para o filme Jailhouse Rock, embora estivessem menos do que entusiasmados com a atribuição.
Beale Street em Memphis. De modo similar, o estilo de cabelo de Vince é uma versão levemente limpa do notório rabo de pato e costeletas de Elvis. O figurino e o corte de cabelo podem parecer detalhes sem importância agora, mas para os fãs e as audiências da época, as similaridades seriam óbvias e significativas.
Elvis, por outro lado, interpretou a maioria de seu material de modo simples, como quando gravou "Love Me" da dupla, que originalmente pretendia ser uma sátira da música country ocidental. Leiber e Stoller também sentiram que a investida de Elvis no território do R&B era um feliz acaso, e eles eram suspeitos de seu interesse em blues e ritmos semelhantes.
Quando os três se reuniram durante a seção de gravação em abril de 1957 para "Jailhouse Rock," Leiber e Stoller rapidamente mudaram de idéia em relação a Elvis. Eles perceberam que ele conhecia sua música e ele era um burro de carga no estúdio. O par assumiu as sessões de gravação, servindo como produtores não-oficiais de "Jailhouse Rock", "Treat Me Nice", "(You're So Square) Baby, I Don't Care" e outras melodias. A colaboração deles com Elvis e seus músicos em "Jailhouse Rock" resultou na música de filme mais pauleira do cantor. D.J. Fontana falou de sua execução na bateria, "Eu tentei pensar em alguém, em uma turma de detentos esmagando rochas".
Lançado em 1957, Jailhouse Rock oferece mais do que um resumo superficial das últimas manias e modas, entretanto, isso exclui o estrondo padrão entre gerações. O enredo apresenta a visão íntima do negócio de gravações de rock 'n roll (como interpretado por Hollywood) através do personagem de Peggy Van Alden, um "homem" que explora as gravações (título de 1950 para um promotor de gravações) que ajuda o ex-condenado Vince Everett (personagem de Elvis) a se lançar em uma carreira musical.
Como a audiência vê o negócio através do ponto de vista de Peggy, o tratamento do filme sobre rock difere de outros teenpics. Por exemplo, o rock 'n roll é um estilo de música estabelecido e aceito quando a história começa, e não há resistência organizada a ela pelas autoridades. Em geral, a atitude com relação à música no script é tanto conhecedora quanto respeitosa, servindo para validar o rock 'n roll como uma forma de arte popular - uma importante consideração para os adolescentes da época.
A cena resumidamente traça uma linha entre os dois tipos de música por geração e por classe, e é concluída sem os dois lados tentando se reconciliar, o que era incomum para os teenpics dessa época. Em vez disso, os fãs do jazz eram considerados esnobes e estúpidos, enquanto o supremo sucesso de Vince com gravações, televisão e filmes valida seu estilo de música. Para variar, o rock 'n roll supera outros tipos de música e seus proponentes sem um personagem ter que explicar ou defender a existência do rock 'n roll.
Depois de agitar um pouco a canção, Vince descobre como "fazer a canção se adequar a ele". A cena ecoa os esforços de Elvis para conquistar um estilo pessoal na Sun Records no verão de 1954, um conto freqüentemente repetido na publicidade de Elvis. Para fazer a conexão entre Vince e Elvis ainda mais forte, os músicos utilizados na cena eram da banda de reserva do próprio Elvis.
A maioria das canções foram escritas especialmente para o filme por Jerry Leiber e Mike Stoller, com Stoller fazendo uma breve aparição como um pianista de estúdio durante a cena na qual Vince grava "Don't Leave Me Now". A participação desses famosos autores de rock 'n roll na produção do filme adiciona autenticidade a ele, assim como a coreografia o faz para a canção do título. Elvis participou da coreografia de "Jailhouse Rock" com os passos baseados em seu estilo artístico controverso.
Para seu próximo filme, Balada Sangrenta, Elvis novamente expandiu seus talentos de atuação, trabalhando com um talentoso elenco de suporte.

Elvis Presley e King Creole




Em King Creole, Elvis Presley aperfeiçoou suas habilidades de atuação fazendo o papel de Danny Fisher.
Em King Creole, Elvis Presley aperfeiçoou
suas habilidades de atuação fazendo o papel do
cantor Danny Fisher
O próximo filme de Elvis Presley, King Creole, foi produzido por Hal Wallis para a Paramount. Baseado em um romance de Harold Robbins, Uma Prece para Danny Fisher, esse drama musical estrela Elvis como o perturbado adolescente Danny Fisher. Dean Jagger co-estrela como o pai de Danny, um homem que se despedaçou emocionalmente desde a morte de sua esposa, deixando sua família cair em terrível pobreza.
Determinado a ajudar sua família a recuperar a segurança e status que já teve, Danny abandona a escola para ganhar dinheiro varrendo chão em uma casa noturna. Um gângster local, representado por Walter Matthau, se interessa por Danny após ouvir o talentoso jovem cantar. Danny torna a fazer apresentações freqüentes no clube desse gângster, reunindo multidões com seu estilo artístico explosivo. Mas Danny sela seu trágico destino quando fica romanticamente envolvido com a namorada do gângster. Ao comprar Uma Prece para Danny Fischer, em 1955, Wallis tinha outras intenções para essa propriedade. Nessa época, uma versão musical de Uma Prece para Danny Fisher estava saindo da Broadway, e a primeira intenção de Wallis pode ter sido que o papel do título ficasse com Ben Gazzara, mantendo mais o teor de romance.
Há rumores de que James Dean também foi considerado como uma possibilidade para o papel. Quando Wallis decidiu colocar Elvis no papel de Danny Fisher, o enredo original teve de ser adaptado para combinar com sua imagem de rock 'n roll. A ambientação mudou da Cidade de Nova Yorque para Nova Orleans, embora poucos personagens, além de Elvis, falassem com sotaque sulista. No romance, Danny é um aspirante a boxeador; no filme, ele é um excitante cantor jovem com um novo som. Tanto Wallis quanto a Paramount consideraram este filme como um importante projeto. O elenco de apoio conta com muitos atores notáveis, incluindo Carolyn Jones, Dean Jagger e Walter Matthau, e o diretor foi o veterano Michael Curtiz, que fez Casablanca, Yankee Doodle Dandy, Anjos de Cara Suja, e muitos outros clássicos de Hollywood.
Os valores da produção de alta qualidade somados ao cuidado tomado na seleção do elenco e equipe foram recompensados, pois King Creole rendeu a Elvis as melhores críticas sobre seus filmes. Muitos críticos concordaram que Elvis havia melhorado muito como ator, enquanto outros perceberam que ele "não era mais representado como aquele ídolo musical rude e egoísta". King Creole teve parte filmada em uma locação em Nova Orleans. O filme fez uso de locais como o Bairro Francês, Lago Pontchartrain, e uma escola secundária local. Durante as filmagens, Elvis teve problemas com fãs o cercando no Hotel Roosevelt, onde estava hospedado. Hal Wallis organizou um forte esquema de segurança para que Elvis pudesse descansar o suficiente para parecer bem disposto diante das câmeras.
Os guardas de Pinkerton patrulhavam os corredores, os elevadores e até mesmo as saídas de emergência do hotel para manter fãs bem intencionados, porém importunos, afastados. Quando ele voltava para seu hotel à noite, Elvis tinha de ir para o topo de um edifício próximo, atravessar o telhado e entrar no Roosevelt por meio de uma saída de emergência. Ele não conseguia apreciar as badaladas casas noturnas ou os famosos restaurantes de Nova Orleans devido à persistência de seus fãs.
Filmar nas ruas da cidade era ainda pior; os policiais tinham de controlar a multidão. Nessa época, Elvis Presley tinha entrado em uma nova fase de sua carreira que o manteria em reclusão, longe dos fãs que não só o tornaram uma estrela, mas também o fizeram prisioneiro. O estilo dos quatro primeiros filmes de Elvis em nada se pareciam com suas comédias musicais feitas mais tarde. Com exceção de Love Me Tender, as tramas de seus primeiros filmes ecoam aspectos da imagem de Elvis ou de eventos reais de sua vida. Loving You foi um tratamento convencional de Hollywood da escalada de Elvis para a fama. Jailhouse Rock tirou proveito da imagem de bad-boy sensual de Elvis, e King Creole fez uso de certos detalhes que se assemelhavam à própria vida de Elvis. Nesses filmes, Elvis estava claramente sendo preparado para assumir o lugar do ator James Dean, que morreu em setembro de 1955.
Elvis atraía audiências jovens do mesmo modo que Dean e o jovem Marlon Brando. Um artigo na revista Photoplay, publicado durante a filmagem de Love Me Tender,indicava que David Weisbart, produtor do mais conhecido filme de Dean, Rebelde Sem Causa, estava conversando com Elvis sobre representar Dean em um filme biográfico.
O papel de Elvis em King Creole foi supostamente oferecido a Dean. Em 1956, uma revista especial de única edição chamada Elvis and Jimmy mostrava o quão intimamente os dois jovens estavam ligados na imaginação popular. A revista designou Elvis para assumir a jaqueta de couro do herói deposto e se tornar o principal rebelde adolescente.
Mas, em vez de vestir a jaqueta de couro de um rebelde, Elvis surpreendeu o mundo vestindo um uniforme e servindo seu país.

Elvis Presley entra para o Exército Americano

Em 1958, Elvis Presley surpreendeu seus fãs e a crítica quando ingressou no exército. Ele deixou para trás a vida de celebridade para servir seu país com orgulho, e foi muito mais estimado por seus fãs devido a isso.
Na noite de domingo, 23 de março de 1958, Elvis estava na crista de uma onda de popularidade: gravações no topo das paradas de sucessos, filmes de sucesso, shows com bilheteria esgotada, histeria de fãs e controvérsia quase constante, tudo o ajudou a se tornar a maior estrela do planeta. Ainda nessa noite de março, no auge de seu sucesso, com o mundo a seus pés e um onipresente sistema de apoio dos fãs, parentes e amigos, parecia como se ele estivesse entregando tudo.
Por mais de um ano o espectro do serviço militar pairou sobre sua cabeça. Quando o Tio Sam chamou, Elvis foi aprovado em seu exame médico prévio ao alistamento e considerou suas opções. Em vez de pegar o caminho fácil escolhido por tantas celebridades em sua posição - entrar nos Serviços Especiais para entreter as tropas - ele decidiu mostrar sua lealdade à bandeira norte-americana servindo como um soldado normal.
Diante da superexposição e publicidade negativa sobre sua influência desestabilizadora na juventude americana, a recusa de Elvis em aceitar tratamento especial foi vista pelo público com grande admiração. Embora tenha aproveitado ao máximo sua última noite como civil, ele parecia compreensivelmente preocupado em deixar seus entes queridos e abandonar a boa vida. E, embora fizesse comentários positivos para os repórteres da imprensa,ele também dizia estar particularmente preocupado com o fato de, após dois anos afastado, nunca conseguir retomar de onde parou.
Elvis Presley passa por seu pré-alistamento físico para o Exército dos EUA.
Elvis Presley passa por seu pré-alistamento
físico para o Exército dos EUA
Na manhã de 24 de março, acompanhado de sua família, a namorada Anita Wood e vários amigos, Elvis apresentou-se à junta de recrutamento no Edifício M&M em South Main Street, Memphis, e logo estava viajando em um ônibus para o Hospital de Veteranos Kennedy, onde ele e doze outros recrutas foram examinados.
Declarado apto, o Soldado Raso Elvis Presley US 53 310 761 despediu-se de sua mãe perturbada, do pai lamuriante, e de Anita, e embarcou em outro ônibus, destinado ao Forte Chaffee, Arkansas. Centenas de fãs estavam na cidade, assim como vários repórteres e fotógrafos determinados a registrar cada palavra e ação sua, desde a dobradura de suas roupas civis até a arrumação de sua cama no exército.
No dia seguinte, após submeter-se a procedimentos adicionais de processamento, o Rei do Rock 'n Roll recebeu o mais famoso corte de cabelo desde que Sansão foi enganado por Dalila. Antes do espocar de flashes e zumbidos de câmaras de jornais, Elvis submeteu-se afavelmente a um corte de pracinha padrão... e prontamente esqueceu de pagar a taxa de 65¢ dos generosos US$7 de pagamento parcial que havia recebido pouco tempo antes. Enquanto um faxineiro varria as famosas mechas e jogava os fragmentos de costeleta, o barbeiro lembrava a Elvis que ele lhe devia algum dinheiro.
Logo após a liberação de seu uniforme do Exército Norte Americano, o Soldado Raso Presley foi designado para a 2ª Divisão Blindada em Fort Hood, Texas, para o treinamento básico e instrução avançada em tanques. Fãs e mídia o seguiram por todo o caminho até os superiores militares de Elvis o declararem fora dos limites para os repórteres e fotógrafos após suas primeiras 24 horas em Fort Hood.
Quando as coisas se apaziguaram, Elvis se adaptou àquela vida com seus companheiros recrutas, embora algumas vezes parecesse desesperadamente saudoso de casa. Ele telefonava para sua mãe Gladys no mínimo uma vez por dia, e muitas vezes ambos choravam, Gladys pedia ao filho para que se cuidasse e Elvis tentava tranqüilizar sua mãe preocupada.
Enquanto alguns dos soldados dificultavam sua vida devido ao seu status de celebridade, Elvis logo fez amigos como os Soldados Rasos Rex Mansfield e William Norvell, bem como o Sargento Bill Norwood que, após sugerir que Anita Wood poderia visitá-lo, deixou sua casa disponível para ela. Conseqüentemente, quando completou o treinamento básico no final de maio, o ídolo jovem começou a se estabelecer; obteve sua medalha de atirador com uma carabina e foi classificado como atirador de elite com uma pistola. Elvis sempre adorou armas, então fazia perfeito sentido que ele se destacasse nesses exercícios.
A vida no serviço militar não era sempre fácil para Elvis, mas ele deu o seu melhor nos dois anos de serviço.

A vida de Elvis Presley no Exército Americano




Elvis Presley passou pelo treinamento básico do Exército em Fort Hood, Texas, antes de ser baseado em Bad Nauheim, Alemanha Ocidental.
Elvis Presley passou pelo treinamento básico
militar em Fort Hood, Texas, antes de ser
designado para Bad Nauheim, Alemanha Ocidental
De licença do Exército por duas semanas no início de junho de 1958, Elvis passou o tempo com a família e os amigos. Ele também gravou várias faixas novas em Nashville para ajudar a satisfazer a necessidade da RCA por novo material, enquanto ele estava inativo. Ele então voltou para Fort Hood, e após receber a permissão padrão para soldados viverem fora da base com seus "dependentes"; conseguiu um trailer residencial de três quartos e se mudou para lá com seus pais, a avó Minnie Mae e o amigo Lamar Fike.
Quando o trailer começou a ficar muito apertado, após a chegada dos primos Gene e Junior Smith, ele simplesmente alugou uma casa onde poderia ficar com sua família nos finais de semana enquanto passava pelo treinamento avançado de tanques durante a semana. Amigos de todo o mundo apareciam para visitá-lo, e Gladys cozinhava para todos eles. Tudo estava em perfeita organização, até que a saúde de Gladys entrou em declínio, e ela e Vernon tiveram de voltar para Memphis no início de agosto.
Desde o alistamento de seu filho, Gladys ficara ansiosa quanto a seu bem-estar e perturbada com a idéia de sua ausência por um longo período de tempo. Extremamente doente e incapaz de se alimentar, Gladys foi internada no Hospital Metodista em 9 de agosto, com hepatite aguda.
Ao completar seu treinamento avançado em tanques, Elvis estava prestes a começar seu treinamento básico de unidade, mas ficou rapidamente claro que a enfermidade de sua mãe era grave. Em 12 de agosto, o Exército concedeu a ele sua licença de emergência. Elvis foi direto para o hospital, e quando sua mãe o viu, ela pareceu se revigorar. Contudo, durante as primeiras horas de quinta-feira, 14 de agosto de 1958, com Vernon a seu lado enquanto Elvis estava em casa, Gladys Love Presley sucumbiu a um forte ataque cardíaco. Ela tinha apenas 46 anos. Foi um golpe do qual Elvis nunca se recuperaria totalmente.
Elvis estava muito mal nos dias que antecederam o funeral de sua mãe. Ele soluçava histericamente enquanto o grupo gospel favorito de Gladys, o Blackwood Brothers, se apresentava na cerimônia no Memphis Funeral Home, e estava igualmente inconsolável no túmulo dela no Cemitério Forest Hill, gritando, "Oh, Deus, tudo que eu tinha se foi".
O luto continuou durante os próximos dias enquanto foi concedida a Elvis uma licença estendida. Evidentemente, seus fãs estavam de luto também - enviaram a ele mais de 100 mil cartões e cartas, cerca de 500 telegramas e mais de 200 arranjos de flores para expressar sua compaixão pela perda. Apesar disso, embora parecesse que nunca seria a mesma, a vida tinha de continuar. Elvis voltou para o Fort Hood em 24 de agosto e, dentro de um mês, embarcou para se juntar ao 1° Batalhão de Tanques Médios, 32ª Unidade, 3º Divisão Blindada, no local que então era conhecido como Alemanha Ocidental.
Ao longo do caminho, o Coronel Tom Parker organizou uma coletiva de imprensa quando o trem da tropa de Elvis chegou em Brooklyn, Nova Yorque, onde ele respondeu perguntas sobre sua carreira militar, sua música e sua mãe. Ele ofereceu um sincero relato de seu luto contínuo aos repórteres reunidos:
"Todos perdem suas mães, mas eu era apenas uma criança e Mamãe estava sempre comigo por toda a minha vida. E não foi somente como perder uma mãe, foi como perder uma amiga, uma companheira, alguém com quem conversar. Eu podia acordá-la a qualquer hora da noite se eu estivesse preocupado ou aborrecido com alguma coisa... ela levantava e tentava me ajudar."
Durante a viagem transatlântica a bordo o U.S.S. General Randall, Elvis juntou-se a um amigo cantor chamado Charlie Hodge, que conheceu no trem da tropa para Brooklyn, e juntos encarregaram-se de um show de talentos. Mas sem sua mãe para ver ou conversar novamente, Elvis parecia sozinho e sem rumo.
Na Alemanha Ocidental, houve outra coletiva de imprensa e mais apresentações e cumprimentos durante os primeiros dias. Vernon e sua mãe, Minnie Mae - a quem Elvis tinha carinhosamente apelidado de "Dodger" desde quando ela tinha se abaixado para esquivar de uma bola atirada por ele em sua direção quando criança - estabeleceram residência com Elvis e seus amigos Red West e Lamar Fike em dois hotéis: um em Bad Homburg, perto de Frankfurt; o outro em Bad Nauheim, a cerca de 20 minutos da base.
Elvis tinha de acordar todo dia às cinco e meia da manhã, tomar o café que Dodger preparava para ele, e sair para a base às seis e meia em um táxi Mercedes preto, antes de voltar para o almoço e jantar. A única exceção era na sexta-feira, quando Elvis e seus amigos soldados tinham de ficar até tarde da noite limpando os banheiros e seus alojamentos para a inspeção semanal na manhã seguinte. Se passou muito tempo desde que o Rei foi obrigado a fazer quaisquer dessas tarefas, embora ele tenha se engajado com os outros soldados e feito o melhor para ser percebido - durante o dia, pelo menos - como um rapaz normal.
Em algumas noites, Elvis e seus amigos iam clandestinamente ao cinema - andavam furtivamente nas salas de exibição após as luzes se apagarem e saíam pouco antes dos créditos finais para evitar que fossem percebidos. Eles foram até em dois concertos do Bill Haley. Elvis também saía com algumas garotas enquanto mantinha contato telefônico regular com a namorada, Anita Wood, na América.
Durante o mês de novembro e a maior parte do mês de dezembro, o Soldado Raso Presley participou das manobras em Grafenwohr e foi promovido a Soldado de Primeira Classe por seus esforços nos exercícios de campo. Foi supostamente nessa época que um dos sargentos o apresentou às anfetaminas como meio de permanecer acordado durante as longas horas de treinamento. Para Elvis, tomar anfetaminas logo se tornou um hábito regular.
Embora ele tenha voltado para Bad Nauheim para passar as férias com a família e amigos, ele também passou parte da Véspera de Natal ajudando a decorar a árvore de Natal da companhia. Então, no início de janeiro de 1959, uma das garotas com quem Elvis tinha saído brevemente, Elisabeth Stefaniak, de 19 anos de idade, mudou-se para o Hotel Grunewald com ele e seus amigos, quando aceitou um convite para trabalhar como sua secretária.
Isto era particularmente conveniente porque, com mãe alemã e padrasto americano, Elisabeth era bilíngüe. Assim, instalando-se em um quarto afastado no hotel, ela respondia as cartas dos fãs de Elvis, e acabou envolvida com ele, apesar de saber que ele continuava saindo com outras garotas.
O tempo que Elvis passava no exército era repleto de atividades.

O fim da carreira militar de Elvis Presley




Elvis Presley tratou de viver uma vida relativamente normal durante sua época no Exército dos EUA.
Elvis Presley tratou de viver uma
vida relativamente normal durante sua
época no Exército dos EUA
No início de fevereiro o clã Presley pôde se mudar para uma casa de três andares e cinco quartos na Goethestrasse 14, que proporcionava a todos mais espaço e privacidade do que o vizinho Hotel Grunewald. Pelo exorbitante aluguel de US$800 por mês, também proporcionou a eles uma senhora chamada Frau Pieper que fazia o papel de governanta para eles.
Pelo menos, Elvis estava vivendo em uma casa onde podia relaxar, longe dos olhos bisbilhoteiros, ouvir as gravações, entreter os amigos e sentar no piano para tocar e cantar suas canções favoritas. Ele vinha para casa todos os dias para almoçar, e toda noite ele passava o tempo assinando autógrafos para fãs que esperavam pacientemente na frente da casa. Aos sábados ele e alguns amigos jogavam futebol na rua. No início de 1959, acompanhado dos amigos Red West e Lamar Fike, Elvis usava um passe de três dias para visitar Munique e ligar sem ser anunciado para Vera Tschechowa, uma atriz de 18 anos de idade que conhecera poucos meses antes. Juntos, eles visitaram a casa noturna Moulin Rouge.
Como sempre, a imprensa estava presente para fotografar Elvis com sua "mais recente paixão". Neste caso, eles também tiravam várias fotos dele posando com as garotas do clube, mas tudo realmente representava um jovem livre e feliz se divertindo um pouco. Diversão suficiente, na realidade, para ele pagar por uma visita de retorno à casa noturna Moulin Rouge em Munique em meados de junho, antes de continuar com sua licença de duas semanas viajando para Paris e chegando ao Moulin Rouge original.
Em junho, Red West voltou para os Estados Unidos, portanto Elvis estava acompanhado de Lamar Fike, bem como de seus dois colegas de exército, Charlie Hodge e Rex Mansfield, quando visitou pontos noturnos parisienses, incluindo Lido, o Folies Bergere e um clube chamado Le Bantu que nem mesmo abria antes das 4:00h. De modo geral, a escala em Paris era considerada como uma aventura para viver à noite e dormir de dia. Elvis voltou para a capital da França para uma última aventura em janeiro de 1960, embora nessa época uma nova garota estivesse ocupando seus pensamentos.
A jovem de quatorze anos Priscilla Beaulieu tinha sido recém-eleita "Rainha da Escola Junior Del Valley" por seus colegas de classe em Austin, Texas, quando o Elvis Presley de 24 anos a encontrou pela primeira vez na noite de domingo, 13 de setembro de 1959. Morena, com uma boca sensual e ardentes olhos azuis, ela estava usando um vestido azul e branco de marinheiro com meias e sapatos brancos; ele, um suéter vermelho brilhante e calças marrom-claro. A "Sweet Nothin's" de Brenda Lee estava tocando no toca-discos.
Priscilla, como era de se esperar, pareceu admirada com o superastro, enquanto Elvis dizia estar instantaneamente enfeitiçado com a linda enteada do Capitão da Força Aérea Joseph Beaulieu. O Capitão Beaulieu tinha sido transferido para Wiesbaden, a 45 minutos de carro de Bad Nauheim, um mês antes, e Priscilla tinha sido convidada a visitar Elvis em sua casa por mútuo conhecimento de Currie Grant, um piloto dos EUA e gerente assistente no Eagle Club, local da força aérea de Wiesbaden. Elvis passou o resto daquela noite de domingo conversando com Priscila e, no meio de uma sala cheia de amigos, até cantou para ela. Não demorou muito para que ele pedisse a Currie Grant que a convidasse novamente.
Quando Elvis e Priscilla começaram a se encontrar, e depois que Elvis conheceu os pais de Priscila e os convenceu de que suas intenções eram honrosas, eles viam-se freqüentemente durante seus últimos meses na Alemanha Ocidental. Devido à incapacidade de Elvis sair em público sem ser reconhecido (e sem criar uma multidão), a maioria de seus encontros com Priscilla consistiam em suas visitas a sua casa, onde estava cercado pelos membros da família e amigos de Elvis. Embora um relacionamento com alguém tão jovem pudesse ter tido um efeito arruinador na imagem de Elvis, surpreendentemente houve pouca publicidade de seu interesse por Priscilla.
Elvis foi promovido a sargento em 20 de janeiro de 1960, recebeu seu posto em 11 de fevereiro e foi programado para ser dispensado do Exército no início de março. Conseqüentemente, ele começou os preparativos para retomar sua vida em Graceland e sua carreira em Nashville e Hollywood, enviando para a antiga namorada Anita Wood um poodle francês como presente de Natal e ligando para ela mais freqüentemente à medida que seu retorno para a América se aproximava. Não obstante, palavra alguma de seu relacionamento com Priscilla tenha alcançado a mídia, e em 2 de março, dia de sua partida da Alemanha Ocidental, os fotógrafos da imprensa e as câmeras dos noticiários capturaram sua face melancólica quando deu um aceno de adeus para seu amor na base aérea de Rhein-Main. As fotos acabaram na revista Life e Priscilla foi rotulada "a garota que ele deixou para trás", o que ela era... por enquanto.
Dispensado no sábado, 5 de março, após desembarcar em Fort Dix, Nova Jersey, Elvis finalmente chegou em Memphis, dois dias depois, no meio de uma nevasca e muita comoção. Nessa tarde, sentado no escritório de seu pai atrás da casa principal em Graceland, ele concedeu uma coletiva à imprensa, durante a qual ele reconheceu - embora tenha tentado depreciar - seu relacionamento com Priscilla Beaulieu, dirigindo o foco para o quão feliz ele estava de voltar para casa. "Simplesmente não consigo acreditar que estou aqui" disse ele à mídia.
Elvis não era o único Presley a encontrar um novo amor na Alemanha. Seu pai, Vernon, conheceu Dee Stanley enquanto a família Presley estava morando em Bad Nauheim. Quando se conheceram, Dee estava em processo de divórcio de seu marido militar. Dee voltou à América com Vernon depois da dispensa de Elvis, e os dois se casaram em Huntsville, Alabama, em julho de 1960. Elvis não compareceu ao casamento de seu pai, o que levou à especulação de que o casamento causou atrito entre os dois homens. Elvis não somente ganhou uma madrasta, como ganhou três irmãos adotivos também.
Como o tempo revelaria, Elvis era um homem mudado quando saiu do Exército. Críticos especularam que o dano feito à sua carreira durante seus dois anos no Exército seriam irreparáveis. Em vez disso, Elvis surpreendeu a todos trocando os ornamentos desvairados de sua juventude de rock 'n roll por uma imagem mais madura baseada em boa publicidade derivada de seu tempo de serviço. O sucesso de seus filmes e álbuns de música popular foram um testamento para o amplo apelo de seu novo e mais suave estilo.

Elvis Presley volta para a América

Assim que Elvis pisou em solo americano após sua dispensa do exército, repórteres caíram sobre ele com perguntas sobre sua carreira. Entrevistas nos jornais revelaram que ele não tinha intenção de abandonar o rock 'n roll "enquanto as pessoas o quisessem". Quase imediatamente, Elvis e o Coronel Parker embarcaram em uma jornada destinada apenas a isso; eles alteraram a imagem de Elvis usando as mesmas arenas de entretenimento que construíram sua imagem a primeira vez - gravações, televisão e os filmes.



Com seu retorno do Exército, Elvis Presley se reuniu com repórteres e discutiu a próxima fase de sua carreira.
Com seu retorno do Exército, Elvis Presley se reuniu
com repórteres e discutiu a próxima fase de sua carreira

Elvis e o Coronel Parker não estavam mais interessados em rock 'n roll, que tinha mudado entre 1958 e 1960. Na realidade, os músicos do rock eram mais controversos do que nunca: Little Richard estava com dificuldades com a IRS; Chuck Berry foi preso por violar a Lei de Mann; e Jerry Lee Lewis foi banido por fugir e casar com uma garota de 13 anos de idade. Para piorar as coisas, pelo menos aos olhos da imprensa, a garota era prima de Lewis e ele já era casado na época. Todos esses escândalos serviram para suspender suas carreiras temporariamente e danificar a reputação já maculada do rock 'n roll.
Enquanto o escândalo reivindicava alguns roqueiros, a morte reivindicava outros, como Buddy Holly, Ritchie Valens, o Big Bopper (J.P. Richardson) e Edde Cochran. A perda desses pioneiros do rock no cenário musical contribuiu para a elevação da popularidade dos cantores de baladas. Logo no início de 1958, artigos em revistas musicais começaram a perceber com prazer que os cantores de baladas estavam substituindo os artistas mais desvairados que estiveram nas paradas.
Quando Elvis voltou para casa em 1960 - entre manchetes proclamando "Coro de gritos adolescentes sacode Elvis para fora do Exército" e "O Exército fez de Elvis um novo Homem" - o palco estava montado para ele adotar um estilo mais suave. O Coronel se beneficiou da boa publicidade sobre o período de serviço de Elvis para promover um Elvis mais maduro que, ele esperava, atraísse uma audiência maior.
Os críticos e fãs do rock 'n roll viram essa mudança como um declínio, mas na realidade era uma mudança deliberada na imagem de Elvis. Elvis e seu gerente abandonaram a notoriedade do rock 'n roll para o apelo mais amplo de filmes e música popular. Em termos de sucesso financeiro e popularidade geral, eles tomaram a decisão certa.Uma única imagem soma as ramificações desta importante mudança na carreira do jovem cantor: o cabelo comprido de Elvis, que foi tão cerimoniosamente tosquiado para seu alistamento no exército, nunca cresceu novamente.Duas semanas após sua dispensa, Elvis viajou para Nashville para sua primeira sessão de gravação em quase dois anos. Elvis se juntou no estúdio com dois de seus melhores amigos, o guitarrista Scotty Moore e o baterista D.J. Fontana. Bill Black, que tocou o baixo de Doghouse para Elvis, não era mais parte de sua banda. Moore, Black e Fontana foram os músicos de reserva de Elvis durante a maior parte de sua carreira anterior, mas no outono de 1957, Moore e Black demitiram-se como membros regulares da banda de Elvis.
O dinheiro provavelmente tinha muito a ver com a decisão deles, já que Scotty e Bill receberam apenas US$100 por semana enquanto estavam em Memphis e US$200 por semana quando estavam na estrada. Presume-se que o Coronel foi o responsável pelos salários mesquinhos, mas em toda sua carreira Elvis nunca soube pagar salários muito altos a nenhuma das pessoas que trabalharam com ele. 
Black eventualmente formou seu próprio grupo, a Bill Black Combo, e em 1959 eles gravaram uma canção instrumental chamada "Smokie". Moore continuou a gravar com Elvis no estúdio como freelance até 1969. D.J. Fontana, que foi recrutado doLouisiana Hayride, tinha um arranjo diferente com Elvis, que permitia mais dinheiro de reserva para ele em sua carreira.Moore e Fontana não eram os únicos músicos contratados para as sessões de gravação em Nashville. O famoso pianista country Floyd Cramer assinou, e novamente os Jordanaires cantaram os vocais de fundo. Durante a primeira sessão, Elvis cortou um disco que apresentava "Stuck on You" por "Fame and Fortune" no lado B. No começo de abril, Elvis voltou para o estúdio da RCA em Nashville para gravar faixas adicionais que eram necessárias para completar um álbum.
No final de abril, Elvis Is Back! foi lançado. Em menos de dois meses, a RCA tinha preparado e impresso esse novíssimo álbum de Elvis Presley, e ele estava tocando no rádio.

Elvis está de volta

Elvis retornou do exército para um cenário musical bem diferente daquele que ele havia deixado. Anjos adolescentes com som suave, como Bobby Vee, Bobby Rydell, Frankie Avalon e Connie Francis conquistaram os jovens ouvintes, enquanto que a moda dançante do Twist os impulsionavam pelos salões de baile. Elvis e seu empresário, Coronel Tom Parker, começaram uma campanha para moldar a sua imagem em torno das tendências atuais e distante da controvérsia que o havia acompanhado antes do exército. A personalidade rebelde foi deixada de lado para assumir uma imagem pública mais madura; em sua música, a inovação de suas raízes do Estúdio Sun foram substituídas pelo cálculo de suas ambições em torno das tendências predominantes.



Elvis Is Back! (Elvis voltou!) foi o primeiro álbum lançado por Elvis Presley após ter servido no exército.
Elvis Is Back (Elvis está de volta) foi o primeiro álbum lançado por Elvis Presley
após ter servido no Exército
Apesar de muitos terem criticado esta mudança, ela não representou um declínio na qualidade da música de Elvis. Pelo contrário, Elvis Is Back representa um pico na carreira do cantor, quando sua maturidade e confiança levaram a um controle e foco em sua música. Como as gravações de Elvis anteriores ao exército, este álbum ofereceu uma coleção eclética de gêneros musicais, desde o dueto sentimental com Charlie Hodge chamado "I Will Be Home Again" até o espirituoso "Reconsider Baby", com um solo de saxofone blues de Boots Randolph. Mais uma vez, o talento de Elvis para unificar estilos divergentes de música resultou em um álbum inovador e bem-sucedido, atingindo o número 2 nas listas.
Nem todas as canções que Elvis gravou em Nashville foram incluídas no álbum Elvis Is Back. A RCA segurou para lançamento posterior duas das suas baladas altamente aclamadas: "It's Now or Never" e "Are You Lonesome Tonight?" A faixa melancólica "Are You Lonesome Tonight?" foi um claro desvio do tipo de música que Elvis cantava antes de ter entrado no exército.
Nos anos 20, Al Jolson havia tornado essa canção popular, mas Elvis estava provavelmente mais familiarizado com uma versão de 1959 da canção que havia sido gravada pela cantora popular Jaye. Ela havia emprestado o seu arranjo de uma versão de 1950 da Orquestra Blue Baron. Acredita-se que o Coronel Parker tenha insistido para Elvis gravar "Are You Lonesome Tonight?", ainda que dificilmente ele interferisse nas músicas que Elvis escolhia. A canção combinava perfeitamente com a nova imagem de Elvis como cantor para as massas. Quem poderia ter adivinhado que "It's Now or Never", uma versão retrabalhada do clássico de 1901 no estilo ópera italiana "O Sole Mio", se tornaria o single mais vendido do Rei do Rock 'n Roll? Mas então, em 1956, quando Elvis foi criticado pela maioria dos jornais dos Estados Unidos por balançar seus quadris ao ritmo blues de "Hound Dog", ninguém saberia que ele se tornaria o favorito da imprensa em apenas quatro anos.

Ao servir resignado ao seu país no exército de 1958 a 1960, Elvis havia conquistado os corações e mentes da imprensa e público geral. "It's Now or Never" foi ao ar em estações de rádio conservadoras que anteriormente não chegariam perto de um disco de Presley, expondo, assim, Elvis a um público mais amplo e adulto.






"It's Now or Never" apresentava um som novo que foi
um sucesso internacional para Elvis Presley
Apesar disso, Elvis não gravou a canção apenas para obter um público maior. "O Sole Mio" foi composta por G. Capurro e Eduardo di Capua na virada do século XX, mas se tornou popular muito depois, com Mario Lanza. Elvis era um fã de Lanza e, sem dúvida, ouviu a gravação do cantor de ópera, mas também havia ouvido a versão em inglês "There's No Tomorrow" por Tony Martin.


Quando ainda estava no exército, Elvis pediu ao seu editor de música, Freddie Bienstock de Hill (da RCA), para encontrar alguém para compor uma nova letra para a canção. Os únicos escritores disponíveis em Hill and Range para fazê-lo eram Aaron Schroeder e Wally Gold, que aproveitaram a oportunidade porque sabiam que os royalties de uma canção de Elvis Presley seriam enormes. Eles compuseram a letra em menos de 30 minutos. Um cantor chamado David Hill (conhecido como David Hess) gravou uma demo com um arranjo no estilo cha-cha, e Elvis adorou. Ele foi desafiado pelo seu estilo de ópera e atraído pelo seu dramatismo.
"It's Now or Never" permaneceu nas listas por 20 semanas, mantendo a primeira posição nos EUA por cinco semanas. As vendas mundiais da faixa, de acordo com o Livro Guinness de Som Gravado, chegou a ultrapassar 20 milhões de cópias. Em 8 de maio de 1960, Elvis apareceu na TV pela primeira vez depois de sua dispensa do exército. Ele foi convidado para o Especial Frank Sinatra-Timex, também conhecido como Welcome Home Elvis (Bem-vindo ao lar, Elvis). O Coronel Parker havia fechado negócio com os produtores do show meses antes de Elvis ter sido dispensado de suas obrigações no exército. Ele acreditava que aparecer com Frank Sinatra apresentaria Elvis como cantor popular para um público mais amplo composto de adultos e entusiastas da música popular, como também para adolescentes e fãs de música country.
Nunca tendo sido uma pessoa que se arrisca, o Coronel se certificou de que Elvis fizesse um grande sucesso, lotando a audiência do estúdio com 400 membros de um dos maiores fã-clubes de Elvis. O programa recebeu classificações fenomenais, dando à ABC-TV uma audiência de 41,5 naquela noite. Elvis recebeu uma quantia fenomenal de US$125.000 por um total de seis minutos no ar.

Vestido com um fraque conservador mas estiloso, o antigo ídolo dos adolescentes cantou a canção "Witchcraft", de Sinatra, e Sinatra interpretou a canção "Love Me Tender", de Elvis. Sua opção de vestimenta, penteado mais curto, e conexões com o "Rat Pack" indicavam que a carreira de Elvis estava tomando uma nova direção. Quando Elvis e Sinatra cantaram as canções um do outro, era como se Sinatra estivesse passando a sua posição como ídolo popular à geração seguinte: "The Voice" (A Voz), como Sinatra era conhecido nos anos 1940, estava cedendo seu lugar para o Rei.

Sullivan pareceu ter esquecido que era o especial de Sinatra, não de Elvis, e havia outros quatro convidados a se apresentarem também. Alguns ataques à aparência de Elvis finalizaram a coluna com as observações de Sullivan de que o jovem cantor, "sem suas costeletas, havia substituído o que as mulheres provavelmente chamariam de um 'penteado alto'. Seu cabelo era tão alto na frente que parecia como uma rampa de esqui." 
Menos de um ano depois, em 
25 de março de 1961, Elvis fez uma apresentação ao vivo na Bloch Arena em Pearl Harbor, no Havaí. O show foi para arrecadar fundos para construir um memorial para o USS Arizona, o maior dos oito navios de guerra que haviam sido afundados em 7 de dezembro de 1941, durante o ataque aéreo de surpresa japonês a Pearl Harbor. Os preços dos ingressos para a apresentação de Elvis variavam de US$3 a US$10, com 100 assentos especiais reservados para pessoas que doaram US$100.

Elvis e o Coronel Parker compraram 50 desses assentos especiais e os doaram a pacientes do Hospital Tripler, no Havaí. O evento beneficente de Elvis arrecadou mais de US$52.000 para o fundo do memorial. Em 30 de março, a Assembléia de Deputados do Havaí aprovou a Resolução Especial 105 agradecendo a Elvis e ao Coronel. O evento beneficente para o memorial do Arizonapoderia ser considerado uma boa jogada para sua carreira, pois ajudou Elvis a se tornar mais aceitável a um público adulto, mas sua carreira não foi a única razão pela qual Elvis concordou em fazer o concerto. Ele tinha uma natureza sensível e generosa. Elvis fez doações a instituições de caridade e outras causas justas por tuda a sua vida, independentemente de receber publicidade ou não por isso.
Cinco anos após esse evento benéfico, enquanto estava no Havaí filmando No Paraíso do Havaí (Paradise, Hawaiian Style), Elvis visitou o memorial concluído e colocou uma coroa de flores lá. Fotógrafos e repórteres correram para lá para registrar o evento, mas Elvis os mandou embora. Ele não queria que sua visita ao memorial se tornasse uma jogada publicitária.
Após o sucesso de Elvis Is Back e "It's Now or Never", Elvis e o Coronel decidiram que também era hora de reavivar a carreira cinematográfica de Elvis.

Elvis Presley retorna a Hollywood




Em Saudades de um Pracinha (G.I. Blues), o personagem de Elvis Presley serviu no exército na Alemanha, da mesma forma que a estrela o fez na vida real.
Em Saudades de um Pracinha (G.I. Blues), o personagem de
Elvis Presley serviu no Exército dos EUA na Alemanha,
da mesma forma que o fez na vida real
O concerto de 1961 no Havaí marcou a última apresentação ao vivo de Elvis Presley até 1969, e ele não fez nenhuma aparição na televisão após o especial de Sinatra até dezembro de 1968. Durante a maior parte dos anos 60, se os fãs de Elvis quisessem vê-lo, eles tinham de vê-lo na tela de cinema.
Em maio de 1960, Elvis havia retornado a Hollywood para começar a filmarSaudades de um Pracinha (G.I. Blues). O enredo do filme é sobre um cantor servindo no exército na Alemanha. O produtor Hal Wallis emprestou detalhes da própria vida de Elvis para detalhar o roteiro, como já havia feito nos dois filmes anteriores que ele fez com Elvis. Em Saudades de um Pracinha, o personagem de Elvis não apenas assume seu posto na Alemanha, mas também é membro de uma divisão de tanques da mesma maneira que Elvis havia sido.
Como os filmes que Elvis fez antes de entrar para o exército, Saudades de um Pracinha é baseado nos eventos de sua própria vida, mas é uma comédia musical em vez de um drama musical. Saudades de um Pracinha visava um público familiar e o estilo artístico controvertido de Elvis havia sido amenizado. Ainda que a maioria das canções tivessem um ritmo acelerado, elas não possuiam o mesmo som pesado, conotação sexual ou performance emocional das gravações anteriores de trilhas sonoras de Elvis.
A imagem de Elvis na tela foi deliberadamente amenizada para Saudades de um Pracinha Em uma cena, ele canta uma música folclórica com estilo de som bávaro durante o show de marionetes de uma criança, enquanto em outra, ele toma conta de um bebê adorável. Os anúncios do filme resumem perfeitamente essas mudanças: "Veja e ouça o novo Elvis: o ídolo dos adolescentes é o ídolo da família".
Feitiço Havaiano foi um enorme sucesso, classificado em décimo quarto lugar em bilheteria em 1960. O álbum da trilha sonora atingiu o No. 1 rapidamente, permanecendo nas listas por mais tempo que qualquer outro álbum de Elvis Presley. Os críticos de cinema aplaudiram o novo Elvis. Eles aprovaram sua nova imagem e previram que ele encontraria muitos novos fãs entre mulheres mais velhas. Elvis não tinha o mesmo entusiasmo dos críticos com Saudades de um Pracinha. Ele achou que havia números musicais demais e acreditava que alguns deles não faziam nenhum sentido no contexto do enredo. Ele estava preocupado que a qualidade de muitas dessas canções não era tão boa como a da música de seus filmes anteriores.
Elvis estava ansioso para assumir papéis mais desafiadores e sérios. O filme de bangue-bangue Estrela de Fogo (Flaming Star) lhe deu a chance de comprovar suas habilidades como ator. O filme reuniu alguns dos atores mais notáveis e profissionais criativos de Hollywood. Neste drama tenso, Elvis foi capaz de atuar com os artistas veteranos John McIntire e Dolores Del Rio. A estreante Barbara Eden, que posteriormente estrelou a série de TV Jeannie é um Gênio, também foi apresentada no filme.
O Diretor Don Siegel, que posteriormente obteve aclamação dos críticos pelo seu trabalho no filme original Perseguidor Implacável (Dirty Harry), fez uma forte declaração sobre preconceito racial no roteiro, que havia sido baseado em um romance popular de Clair Huffaker. Nunnally Johnson, um antigo produtor e roteirista de Hollywood, foi co-autor do roteiro com Huffaker. O bem-sucedido compositor Cyril Mockridge produziu a música de fundo.



O drama Coração Rebelde (ou Herança de um Forçado - TV) (Wild in the Country) não foi um sucesso financeiro para Elvis Presley.
O drama Coração Rebelde (Wild in the Country) não foi um sucesso financeiro para Elvis Presley
Elvis teve mais uma oportunidade de atuar seriamente quando foi escolhido para estrelar o filme Coração Rebelde (ou Herança de um Forçado - TV) (Wild in the Country).O filme, dirigido por Philip Dunne, originou-se de um roteiro do dramaturgo Clifford Odets. Ele apresenta Elvis como Glenn Tyler, um jovem rebelde do interior sulista que tenta endireitar a sua vida após ter sido internado em um reformatório. O roteiro original para este filme não tinha canções originais, mas após a baixa bilheteria de Estrela de Fogo (Flaming Star), eles incluíram seis números musicais emCoração Rebelde. Apenas quatro deles foram incluídos na versão final.
Além da faixa-título que é cantada durante os créditos de abertura, Elvis canta uma canção para cada uma das três mulheres no filme. Mesmo com os números musicais, o filme foi considerado um desapontamento pelos fãs de Elvis. Como emEstrela de Fogo, o filme não perdeu dinheiro nas bilheterias, mas também não foi um grande sucesso.
Tanto Elvis como a co-estrela Tuesday Weld foram votados para o prêmio "Casaco de Chuva Ensopado" (Damp Raincoat Award) como os artistas mais frustrantes de 1961 pela revista Teen. Apesar de prêmios como esse dificilmente poderem arruinar a carreira de alguém, eles indicaram a Elvis e ao Coronel que esse tipo de filme não era o que os fãs mais devotados de Elvis queriam ver. Elvis não aceitou nenhum outro papel sério até o fim da sua carreira cinematográfica.
A interpretação padrão da carreira de Elvis no cinema é considerar essa transição como o início do fim, pois ele pareceu ter desistido de seu sonho de tornar-se um ator sério. No entanto, após Coração Rebelde, Elvis fez 24 filmes, todos foram sucessos financeiros e populares. Portanto, parece adequado dar uma interpretação diferente à carreira cinematográfica de Elvis: Elvis Presley não se tornou um ator sério, mas ele foi uma estrela de cinema extremamente bem-sucedida.
O primeiro nessa seqüência de filmes bem-sucedidos e populares foi Feitiço Havaiano (Blue Hawaii).

Elvis Presley e Feitiço Havaiano

Em 14 de março de 1961, Elvis e diversos amigos, assistentes e seguranças voaram para Los Angeles para que ele pudesse começar a produção de seu próximo filme, Feitiço Havaiano (Blue Hawaii). Ao chegar, ele passou alguns dias de muita diversão com os amigos Juliet Prowse, Joan Blackman e Pat Fackethal, uma aeromoça na vida real que havia sido selecionada para fazer um pequeno papel de aeromoça no filme. Depois, ele apertou o cinto de segurança para gravar as canções que fariam parte da trilha sonora. Elvis gravou as faixas para a comédia musical de orçamento modesto em Hollywood, em vez de Nashville, onde muitas de suas músicas que não faziam parte de trilhas sonoras eram produzidas.



Feitiço Havaiano foi o primeiro de uma série de filmes conhecidos como os
Feitiço Havaiando foi o primeiro de uma série de filmes
conhecidos como "Travelogues de Elvis Presley"
Apesar desse ter sido um ano normal de negócios para Presley, em retrospecto, ele marca uma transição em sua carreira. Sua equipe de empresários, composta por Coronel Parker, Elvis, Hal Wallis e Abe Lastfogel, e o agente de Elvis, William Morris, haviam determinado que os filmes deveriam ser o foco da sua carreira, masFeitiço Havaiano estreitaria ainda mais esse foco. Como foi o filme com maior bilheteria de Elvis, ele se tornou o modelo para o tipo de comédia musical associada a ele durante a década de 60. À medida que a década passava, todas as outras gravações de Elvis ficaram em segundo plano em comparação com as músicas para filmes.
A trilha sonora de Feitiço Havaiano podia estar bem distante do rock 'n roll ou ritmos blues, mas deu a Elvis a canção com a qual ele fecharia a maioria de seus concertos da década de 70: "Can't Help Falling in Love". Gravado em Radio Recorders em Hollywood em 1961, Feitiço Havaiano apresentava 14 canções, mais do que qualquer outra trilha sonora de Elvis.
O material não era especialmente criativo, nem possuía a mistura de sons encontrada em Elvis Is Back!, mas é um sólido exemplo da mistura de pop e rock que definiu a música de Elvis para filmes. Feitiço Havaiano (o álbum e o filme) destinava-se a um público muito mais amplo que suas gravações de estúdio. Os empresários de Elvis estavam interessados em cativar o público geral e gerar vendas espetaculares.
Eles estavam menos preocupados com o impacto de sua música ou seu papel como um inovador musical. Este e outros álbuns de trilhas sonoras destinavam-se a atender a uma finalidade diferente e cativar públicos diferentes. Infelizmente, à medida que os anos 60 passaram, a qualidade do material dos filmes se deteriorou, com um reflexo negativo em todas as trilhas sonoras.
A maioria das 14 canções do álbum são faixas no estilo popular. Algumas delas não foram escritas para o filme, tendo sido gravadas e lançadas anteriormente, incluindo "Moonlight Swim", "Blue Hawaii", e "Hawaiian Wedding Song". "Aloha Oe" foi composta pela Rainha Liliuokalani do Havaí em 1878. A faixa-título e a canção "Aloha Oe" foram gravadas nos anos 30 por Bing Crosby durante um surto de popularidade das ilhas tropicais.
As canções compostas para o filme também não eram rock,'n roll, apesar de Feitiço Havaiano ter sido a trilha sonora mais vendida de Elvis. Ela atingiu o topo da lista de álbuns Billboard dois meses após seu lançamento em outubro de 1961. Ele foi o álbum No. 1 no país por 20 semanas, o que marcou um recorde para um artista ou grupo de rock que durou até 1977 quando Rumors Fleetwood Mac's o quebrou.Feitiço Havaiano permaneceu na lista de álbuns por 79 semanas e recebeu a condição de álbum de platina dupla pela RIAA em março de 1992.
Após a trilha sonora ter sido gravada, Elvis e seu grupo voaram para Honolulu para um mês de gravações no local. Os fãs havaianos estavam tão empolgados quanto os do continente, tentando insistentemente entrar no hotel de Elvis para ver seu ídolo. Alguns fingiam ser mensageiros com pacotes de entrega especial que somente Elvis poderia assinar; outros conseguiram subir pela saída de incêndio.
Os fãs se reuniam na praia próxima ao seu hotel e riscavam mensagens na areia que Elvis podia ver de sua janela. Finalmente, um segurança foi colocado do lado de fora do quarto de Elvis 24 horas, e restringiu suas atividades fora das locações de filmagem. O tempo pessoal de Elvis no Havaí não foi nada da aventura divertida e cheia de ação mostrada no filme.
O local exótico era um elemento fundamental na promoção de Feitiço Havaiano e no seu sucesso. O cenário proporcionava mais do que apenas uma cinematografia linda. Como paraíso tropical, o Havaí era o local perfeito para o romance, e represenvata uma fuga do mundo quotidiano da maioria dos espectadores. Até mesmo o título reforçava o local, fazendo o público lembrar do lindo paraíso que havia se tornado o 50º estado dos EUA em meio a muita comemoração em 1960.
A indústria do entretenimento havia aproveitado a vantagem do interesse público na admissão do Havaí à união com o lançamento de Feitiço Havaiano e Gidget Goes Hawaiian na tela grande em 1961 e a série de TV Hawaiian Eye na tela pequena em 1959.
O romance e a fuga que compunham o cenário se tornaram ingredientes essenciais da fórmula dos filmes posteriores de Elvis. Ele voltou ao Havaí para filmar Garotas e mais garotas (Girls! Girls! Girls!) e No Paraíso do Havaí (Paradise, Hawaiian Style), foi para a Flórida para filmar Em Cada Sonho um Amor (Follow ThatDream), Louco por Garotas (Girl Happy), Meu Tesouro é Você (Easy Come, Easy Go) e O Barco do Amor (Clambake). Os filmes O Seresteiro de Acapulco (Fun in Acapulco), Loiras, Morenas e Ruivas (It Happened at the World's Fair) e Amor a Toda Velocidade (Viva Las Vegas)mostram ação em locais óbvios. Os filmes Feriado no harém (ou Ritmos e confusões - TV) (Harum Scarum) e Canções e Confusões (Double Trouble) oferecem fabulosas aventuras em países distantes.
Qualquer espectador familiarizado com filmes de Elvis reconhece a prevalência de cenários exclusivos e exóticos, mas nem todos percebem a medida na qual esses cenários afetam o filme todo. Por exemplo, os personagens de Elvis eram de espíritos independentes que trabalhavam como pilotos de carros de corrida, guias turísticos, apresentadores ou capitães de barco - profissões não usuais, no mínimo. Mesmo assim elas parecem ser quase adequadas, dados os cenários exóticos. De certo modo, os cenários determinavam as profissões dos personagens de Elvis, que indiretamente ajudavam a defini-los como almas livres que rejeitam o estilo de vida convencional, com jornada de trabalho normal.
Além disso, cenários exóticos e de férias passam a idéia de escapar para o paraíso para fugas românticas. Por décadas, folhetos de viagem têm usado essa mesma noção para despertar o interesse dos turistas em terras distantes. Assim que os espectadores reconheciam o cenário de um filme de Elvis como exótico, exclusivo ou uma atração para viajantes em busca de diversão, o palco estava armado para o romance.
E o romance era a principal atração em um filme de Elvis Presley. O roteiro podia estar centrado na busca de uma aventura, mas em paralelo estava a busca de uma linda mulher por um Elvis como herói destemido. A história é concluída quando o objetivo é alcançado ou a busca é atendida, o que é representado pela união do personagem de Elvis com sua principal garota. A conclusão final do filme em termos de atingir uma meta e ganhar a garota é geralmente indicada pelo número musical final no qual um casal é unido por meio de uma canção e/ou dança.
Feitiço Havaiano estabeleceu firmemente esse padrão. Aqui, Elvis interpretou Chad Gates, um jovem ambicioso que acaba de sair do exército e se recusa a entrar no negócio da família. Ao final do filme, após várias desventuras, ele havia formado seu próprio serviço de guias turísticos.
O fato de ele ser um sucesso é indicado por seu casamento com sua namorada, Maile, porque ele recusou-se a casar com ela até ter provado a si mesmo que conseguiria vencer. "Hawaiian Wedding Song" que finaliza Feitiço Havaiano, faz parte de sua cerimônia de casamento e serve para anunciar sua união. A realização do sonho de Chad e a conquista de Maile são fatos bem entrelaçados nesse número final.
"Hawaiian Wedding Song" dá um excelente exemplo de como a música de Elvis mudou desde seus filmes antes de servir ao exército até os travelogues de Presley. Elvis não canta essa canção em um cenário no palco, ele canta a alguém que compartilha as luzes com ele, e a canção avança a história. A maioria dos números da produção no filme são apresentados de modo similar, que era o oposto total aos números musicais em seus filmes antes de ter servido no exército.
Blue Hawaii estabeleceu a fórmula para a apresentação das canções nos filmes de Elvis desde então, após Elvis ter servido no exército, as canções dos filmes são integradas ao enredo, ajudando a avançar a história ou relatar algo sobre os personagens aos espectadores. Neste tipo de musical, os personagens tendem a começar a cantar a qualquer momento - na praia, em um carro e até mesmo montados a cavalo. Elvis não apreciava esse tipo de musical e se sentia desconfortável quando seu personagem cantava em situações onde as pessoas normalmente não cantariam.



As canções que Elvis Presley cantou em Feitiço Havaiano eram essenciais para o enredo do filme.
As canções que Elvis Presley cantou em
Feitiço Havaiano eram essenciais para o enredo do filme
Como os números musicais freqüentemente contam parte da história, muitas vezes eles incluem outros personagens. Na maioria das vezes, os personagens de Elvis cantam para as principais personagens femininas ou dançam com elas como uma maneira de conquistar o seu amor ou para simbolizar a crescente afeição do casal. Às vezes o filme apresenta Elvis cantando para uma criança, um animal de estimação ou uma velha para ajudar a atenuar a natureza errante de seus personagens. Em Feitiço Havaiano, Chad presenteia a avó de Maile com uma caixa de música que toca "Can't Help Falling in Love", com a qual Chad canta junto. A cena ajuda o público a entender que Chad não é o jovem rude e imaturo que seus pais acreditam ele ser.
O estilo artístico de Elvis em Feitiço Havaiano e em seus filmes posteriores é bem diferente daquele em seus filmes dos anos 50. Foram-se os movimentos sensuais de quadril, balanço das pernas, impulsos pélvicos e gestos dramáticos das mãos que deixavam as garotas loucas em A Mulher que eu Amo (ou Estranhos na cidade - TV). Elvis ainda se move enquanto canta, mas seu estilo é claramente suavizado. Isto pareceu uma mudança adequada se Elvis estava cantando para outro personagem.
O notório estilo artístico do início de sua carreira não era adequado para situações românticas ou quando cantava para uma criança ou avó. Quando ele não estava cantando para outra pessoa, ou quando ele cantava uma canção com um ritmo mais rápido, um grupo de belas mulheres freqüentemente dançava no plano de fundo. Assim, Elvis não mais precisava mover-se provocativamente porque um coral de mulheres o fazia por ele. Afinal, mulheres dançando de maneira sensual ou provocativa era uma visão mais convencional - e portanto mais aceitável - em filmes para o público em geral.
O estilo amenizado de Elvis era menos controverso e considerado mais adequado para o entretenimento familiar. Seus veículos de comédia musical foram concebidos para atrair o público familiar. Elvis, Coronel Tom Parker, Hal Wallis e Abe Lastfogel queriam tornar Elvis um personagem masculino maduro nos filmes. Seu novo estilo de cantar e a música do tipo popular mais suave ajudaram a conseguir isso. Uma versão dessa imagem havia sido apresentada em Saudades de um Pracinha (G.I. Blues), mas foi aperfeiçoada em Feitiço Havaiano, provavelmente as melhores comédias musicais de Elvis.
Feitiço Havaiano era bem concebida e inteligentemente adaptada à nova imagem de Elvis. Também foi um sucesso total. Apesar de ter tornado Elvis Presley uma estrela muito bem paga, isso limitou os tipos de papéis que ele podia desempenhar, pois estabeleceu a fórmula que seus filmes seguiram até o final da sua carreira em Hollywood. Muito já foi escrito sobre como a esperança que Elvis tinha de se tornar um ator sério foi frustrada pela fórmula. Seu potencial como ator foi uma casualidade de seu sucesso como estrela cinematográfica. Devido à significância que representou na carreira de Elvis, Feitiço Havaiano é tão reverenciado como atacado.
Com algumas notáveis exceções, a fórmula de Feitiço Havaiano define a maioria de seus filmes, que Elvis chamava com desprezo de "Presley travelogues" os cinéfilos e biógrafos de Presley se referem a esses filmes como "veículos". Em Hollywood, um veículo é um filme construído ao redor da imagem de uma estrela. Uma estrela desempenha um papel baseado na própria personalidade da estrela, em vez de retratar um personagem complexo e tridimensional. Veículos demonstram a especialidade de um artista, e nesse sentido, estrelas musicais tendem a se beneficiar mais do que outros atores ao aparecer em veículos.
Veículos apresentaram muitas estrelas musicais e comediantes altamente respeitados, incluindo Fred Astaire, Ginger Rogers e Bob Hope. Nesse contexto, a decisão de Hal Wallis de mostrar os talentos de Elvis Presley em uma série de comédias musicais era lógica.

O sucesso contínuo de Elvis Presley nas telas




Em Girl Happy, Elvis Presley fez o papel de Rusty Wells, um cantor contratado para cuidar da filha de um criminoso de Chicago durante as férias de primavera.
Em Girl Happy, Elvis Presley fez o papel de Rusty
Wells, um cantor contratado para cuidar da
filha de um criminoso de Chicago durante
as férias de primavera
Elvis Presley não era o único pop-rock star a aparecer em vários musicais durante a década de 60. Todos, de Frankie Avalon aos Herman's Hermits, estouraram através de seus próprios meios musicais, que eram vendidos ao público jovem. Alguns desses musicais para adolescentes tinham canções pop que mais se assemelhavam à idéia de alguns executivos de Hollywood do que deveria ser o rock, enquanto outros incluíam as músicas das velhas e conhecidas bandas de rock'n roll da época.
Os filmes para adolescentes mais famosos incluíram uma série de filmes na praia produzidos pela American International Pictures, apresentando Frankie Avalon e Annette Funicello. O primeiro, Beach Party, foi lançado em 1963, e teve tanto sucesso que foram feitos mais quatro com o mesmo elenco - Muscle Beach Party, Bikini Beach, Beach Blanket Bingo e How to Stuff a Wild Bikini.
Em todo filme, Funicello fazia o papel de DeeDee, que passava mais tempo tentando manter Frankie, vivido por Avalon, sob controle. As trapaças imaturas de Frankie e Annette eram apoiadas por um grupo de artistas: a dançarina Candy Johnson, cujo rebolado literalmente derrubava os homens; John Ashley, geralmente rival de Frankie pelo amor de DeeDee; e Jody McCrae, um surfista imprestável chamado Deadhead que tomou muitos tombos.
Embora suas origens simples sejam aparentes, os filmes captaram os prazeres das diversões dos jovens e o espírito da música do surfe, tão popular durante o início da década de 60. Algumas bandas conhecidas de "músicas de surfe" - Dick Dale and the Del-Tones, os Hondells, os Pyramids e os Kingsmen - participaram dos filmes que tinham festas na praia. Além disso, os atores conhecidos das gerações passadas, como Robert Cummings, Buster Keaton, Dorothy Malone, Mickey Rooney e Keenan Wynn refinaram os elencos, dando a essa série uma aura de legitimidade que faltava em outros filmes para adolescentes.
Quando a praia começava a se tornar muito conhecida, a festa se mudava para rampas de esqui. Um subgênero totalmente novo nasceu depois que o produtor Gene Corman, da American International, decidiu usar um resort de ski para o cenário do filme Ski Party.
Frankie Avalon namorava Deborah Walley, enquanto Dwayne Hickman fazia par com Yvonne Craig. Leslie Gore e suas canções pop se encaixaram direitinho no enredo leve, mas as apresentações de soul de James Brown pegaram fogo quando ele fez os movimentos de boogaloo com a Famous Flames.
Ainda outros musicais usaram o cenário de uma escola na tentativa de manter vivo esse gênero dirigido aos jovens, incluindo Get Yourself a College Girl, com Nancy Sinatra, Mary Ann Mobley e Chad Everett, e C'mon Let's Live a Little, com Bobby Vee e Jackie DeShannon.
Alguns grupos ingleses de rock, que faziam parte da Invasão Britânica, também foram colocados no cinema. Peter Noone e Herman's Hermits chamaram a atenção com seu musical, Hold On, enquanto os Dave Clark Five fizeram um trabalho desastroso chamado Having a Wild Weekend. Os dois longa metragens dos Beatles,A Hard Day's Night e Help!, também pertenciam a esse gênero musical, mas a criatividade de Richard Lester superou o nível de exploração do filme típico para adolescentes.
A maioria dos filmes em que participavam cantores de pop-rock era destinada estritamente a públicos adolescentes, mas as comédias musicais de Elvis eram destinadas às famílias. Os elencos incluíam personagens infantis, assim como pessoas de idade que eram aceitas como sábios representantes das gerações passadas. Apesar dessas diferenças, os filmes de Elvis se encaixam perfeitamente no gênero musical para adolescentes.
Muitos coadjuvantes de Elvis foram colocados nos filmes de praia e ski, como Shelley Fabares, Nancy Sinatra, Yvonne Craig, Deborah Walley, Joby Baker, Dwayne Hickman e Mary Ann Mobley. Os produtores e diretores de outros musicais para adolescentes também trabalharam nos filmes de Elvis. Sam Katzman, o "rei dos filmes baratos", que produziu Get Yourself a College Girl, esteve no mercado de exploração do público jovem desde que fez algumas das primeiras canções de rock'n roll durante os anos 50. Ele foi responsável por dois filmes de Elvis, Kissin' Cousins e Harum Scarum.
Os cenários e os enredos dos filmes de Elvis foram comparados aos de outros musicais relacionados a jovens. Quando Spring Break, em Fort Lauderdale, e outros resorts, tornaram-se um tema popular, como em Where the Boys Are e Palm Springs Weekend, o próprio Elvis se aventurou em Fort Lauderdale, Girl Happy. Quando a moda na Inglaterra e Europa estava em alta, Elvis apareceu em Double Trouble, mostrando as animadas discotecas de Londres e Amsterdã como pano de fundo. A quantidade considerável de filmes relacionados à praia que Elvis fez, incluindo Blue Hawaii, Clambake e Paradise, Hawaiian Style, foi evidentemente influenciada pela popularidade dos filmes de festas na praia.
Dentro do contexto de musical para adolescentes, os filmes de Elvis fazem total sentido, mesmo destacando-se devido a seu valor de uma produção de alta qualidade. Um crítico de Variety elogiou os filmes de Elvis por esse motivo, em uma crítica de Easy Come, Easy Go: "Qualquer pessoa que tenha visto filmes semelhantes reconhece a qualidade superior dos filmes de Presley: a história faz sentido; as músicas são melhores e mais bem motivadas; o elenco e a direção são mais distintos; os valores da produção são de primeira classe."
O gênero musical para adolescentes, incluindo os meios musicais de Elvis, é uma prova da popularidade desse estilo pop-rock natural de meados da década de 60 e dos ídolos dos adolescentes que faziam parte do cenário. Jamais com a intenção de ser uma produção séria, todos esses filmes são mais tidos como Americana alegre.
Embora os biógrafos e críticos de filme continuem condenando a carreira hollywoodiana de Elvis, seus fãs sempre consideraram seus filmes interessantes, já que conhecem algumas das piadas e histórias por trás das câmeras.
Enquanto isso, em Hollywood, Elvis criou a fama de namorar suas coadjuvantes enquanto o filme era produzido. Rumores sobre relacionamentos de Elvis com atrizes repetiam-se em revistas, colunas de fofoca e meios de entretenimento. Muito do que se disse, evidentemente, deve-se a questões de publicidade, mas alguns boatos certamente eram verdadeiros ou quase. Para sua sorte, o Coronel Parker geralmente mantinha longe da imprensa informações sobre a vida pessoal de Elvis.



Elvis Presley e Ann-Margret estrelaram Viva Las Vegas, e a química dos dois era explosiva.
Elvis Presley e Ann-Margret estrelaram
Viva Las Vegas, e a química dos dois
era explosiva
Elvis não tinha um contrato de exclusividade com Hal Wallis. Ele também trabalhava para a MGM, United Artists e Allied Artists. Os produtores desses outros estúdios seguiram a fórmula da comédia musical que Wallis desenvolveu, ocasionalmente melhorando-a.
Viva Las Vegas, produzido pela MGM e lançado em 1964, apresenta Elvis como um piloto de corridas que arranja um emprego de garçom no Flamingo Hotel para ganhar dinheiro e participar do Grand Prix de Las Vegas. Ann-Margret faz o papel de uma professora de natação que tem um caso amoroso com a personagem de Elvis e com outro piloto de corridas arrojado interpretado por Cesare Danova. O filme foi gravado dentro e nos arredores de Las Vegas, usando locais como os hotéis Flamingo e Tropicana, e a pista de corrida em Henderson, Nevada.
A participação de Ann-Margret tornou esse filme de Presley bem superior à maioria. Ann-Margret ficou conhecida na época como "Versão feminina de Elvis Presley" por seu estilo sensual de dançar rock'n roll. Os fãs ficaram ansiosos com a promessa de uma grande explosão de Elvis e sua cópia feminina, e não se desapontaram. Os números musicais em Viva Las Vegas são movidos por uma eletricidade jamais vista em outro filme de Elvis. A química na tela entre Elvis e Ann-Margret refletiu o romance fora das telas bastante noticiado.
De todos os seus relacionamentos com as coadjuvantes de seus filmes, o romance de Elvis com Ann-Margret provavelmente foi o mais sério. Durante a produção de Viva Las Vegas, Elvis e a estrelinha ruiva deixaram o mundo da publicidade alvoroçado quando começaram a aparecer juntos em restaurantes e clubes ao redor de Las Vegas. Eles tinham em comum um amor por motocicletas e, de vez em quando, andavam juntos, mas foram advertidos para serem cuidadosos, pois um acidente que envolvesse um dos dois atrasaria a produção do filme.
Outras atrizes que Elvis namorou durante sua carreira em Hollywood incluíram Joan Blackman, enquanto trabalhava em Kid Galahad, Yvonne Craig, enquanto filmava It Happened at the World's Fair, Deborah Walley, durante a produção de Spinout, e Mary Ann Mobley, enquanto trabalhava emGirl Happy.
Algumas atrizes resistiram e não namoraram Elvis durante a produção do filme. Donna Douglas, atriz coadjuvante de Frankie and Johnny, era uma pessoa religiosa que impressionava Elvis por ser bem informada. Ele admirava sua inteligência e se inspirou nela para passar a ler mais, particularmente livros sobre religião e filosofia. Elvis tentou desesperadamente sair com Shelley Fabares durante a produção de Girl Happy, mas ela estava comprometida com o produtor de discos Lou Adler, com quem se casou depois. Em vez de um relacionamento romântico, Elvis e Fabares tornaram-se amigos. Ela contracenou com ele em dois outros filmes, Spinout Clambake. Elvis depois declarou que ela era sua atriz coadjuvante favorita.
Após uma longa seqüência de filmes bem sucedidos, Elvis começou a produzir filmes baratos em sucessão rápida, e a prática custou caro a seu status de estrela de cinema.

A carreira de Elvis Presley começa a balançar




Elvis fez o papel de duas personagens em Kissin' Cousins - um piloto da Força Aérea e seu primo do interior.
Elvis fez o papel de duas personagens em Kissin'
Cousins
 - um piloto da Força Aérea e seu
primo do interior
A produção das comédias musicais de Elvis foi relativamente barata, mas sempre lucrativa, por isso, Hal Wallis geralmente as usava como garantia para financiar outros filmes de prestígio. Os lucros deRoustabout foram suficientes como garantia para que investidores apoiassem a produção de Becket, de Wallis, que posteriormente ganhou o Oscar de melhor roteiro adaptado. Depois que deixou de fazer filmes, Elvis reclamou que essa prática o fez se sentir usado.
Kissin' Cousins foi o primeiro filme barato de Elvis. Depois desse filme, a impressão é que os planos de filmagem para suas comédias musicais começaram a diminuir, e os orçamentos, a ficarem menores.
Algumas pessoas dizem que o Coronel Parker achava que a popularidade de Elvis como uma estrela de cinema estava diminuindo, por isso, ele começou a procurar produtores que pudessem baixar os custos da produção. Ele também procurou resorts e hotéis que permitissem que o elenco e a equipe se hospedassem gratuitamente. Mas não há prova de que o Coronel pretendia diminuir a qualidade dos filmes de Elvis. O caso talvez tenha sido o contrário, e a diminuição dos valores da produção, além dos orçamentos apertados e roteiros menores, tenham resultado na diminuição das receitas das bilheterias.
Infelizmente, a música nos filmes de Elvis nos anos 60 geralmente não era tão boa quanto deveria. Elvis fez em média três filmes por ano, entre 1960 e 1969, e um álbum de trilhas sonoras foi lançado com cada filme. Após 1964, o Coronel insistiu para que Elvis gravasse somente álbuns de trilhas sonoras. Muitas das músicas escritas para os filmes de Elvis foram feitas por profissionais incompetentes que trabalhavam para a Hill and Range, editora associada à RCA Records. Os valores da produção desses álbuns eram ridículos.
Normalmente, as músicas de um álbum de trilhas sonoras eram gravadas em duas ou três sessões de varar a noite. Nem o Coronel Parker nem a RCA ou a Hill and Range estava interessado em gastar dinheiro fazendo material de qualidade para Elvis, se era tão fácil produzir e vender álbuns de trilhas sonoras comuns. Já que o sistema funcionava para que todos tivessem vantagens, não havia motivo para mudar isso.
Os álbuns e os filmes se promoviam. O lançamento de um álbum de trilhas sonoras fazia os fãs se lembrarem de que um filme logo estaria sendo exibido nas redondezas enquanto o filme servia como uma excelente propaganda para o álbum.
O estilo nas paradas de sucesso pop, country e rhythm-and-blues desapareceu na década de 60. Depois disso, Elvis não teve nenhuma música country nas paradas até 1968, e após 1963, nunca mais teve uma música de rhythm-and-blues nas paradas. Elvis foi capaz de manter sua reputação até cerca de 1965. Nesse ano, teve apenas uma música no Top-Ten, "Crying in the Chapel", que gravou em 1960. Seus álbuns de trilhas sonoras apareciam no Top-Ten, mas muito raramente. Em 1966, somente uma canção de Elvis, "Love Letters", fez parte do Top 20. Em 1967, nenhuma música ou álbum de Elvis chegou perto do Top 20.
O estilo de Elvis pode ter perdido qualidade, originalidade e popularidade durante a década de 60, mas a queda não foi tão rápida quanto algumas pessoas afirmam, da mesma forma, nem todas as músicas escritas para seus filmes eram medíocres. Ele gravou algumas músicas boas nessa década, mesmo que tenham sido para as trilhas dos filmes.
Muitas canções de Viva Las Vegas são comparadas às de seus primeiros filmes. Outras músicas excelentes incluem a canção-título de Follow That Dream, "Return to Sender" de Girls! Girls! Girls!, "Rubberneckin'" de Change of Habit, "Wolf Call" de Girl Happy, "Can't Help Falling in Love" de Blue Hawaii, "Little Egypt" de Roustabout, e muito mais. Embora haja pouco rock'n roll pesado ou rhythm-and-blues nesses números musicais, o domínio de Elvis do idioma pop-rock é fácil e seguro.
Infelizmente, essas canções bem escritas tendem a se perder nas trilhas sonoras. Não há como fugir do fato de que Elvis gravou algumas velharias nos anos 60. Entre essas estão "(There's) No Room to Rhumba in a Sports Car" de Fun in Acapulco, "Fort Lauderdale Chamber of Commerce", de Girl Happy, "Queenie Wahini's Papaya" de Paradise, Hawaiian Style, "Yoga Is as Yoga Does", de Easy Come, Easy Go, "Barefoot Ballad" de Kissin' Cousins, "He's Your Uncle, Not Your Dad" de Speedway, e "Petunia, the Gardener's Daughter" de Frankie and Johnny.
A RCA não comercializou os álbuns de Elvis com muita esperteza. Seus álbuns de trilhas sonoras eram uma miscelânia de músicas sem unidade e consistência, e o Coronel e a equipe da RCA estavam determinados a saturar o mercado lançando material a uma velocidade enorme. Era comum a RCA lançar uma trilha sonora de Presley enquanto uma outra ainda estava nas paradas de sucessos, mesmo que a prática padrão fosse tirar o máximo proveito possível do álbum do cantor antes de lançar o próximo.
A maioria dos álbuns e filmes de Elvis garantiu um certo lucro, independentemente da rapidez com que foram feitos. O Coronel prendeu-o a contratos de três filmes com vários estúdios, por isso, quando Elvis resolveu deixar de fazer filmes, por volta de 1968, foi contratualmente obrigado a participar de vários outros.
A despeito da diminuição da receita das bilheterias dos filmes de Elvis, no final da década de 60, todo mundo se beneficiou financeiramente desses meios. Os orçamentos dos filmes de Elvis foram planejados de modo que 50% do total fosse destinado a seu salário, e ele recebia uma porcentagem dos lucros. Parker recebia 25% da receita bruta de Presley e de tudo que ele negociasse como conselheiro técnico, enquanto o Abe Lastfogel de William Morris, recebia no máximo 10% sobre a negociação de qualquer filme.
O Coronel Parker conhecia a chave para o sucesso financeiro dos filmes, quando disse a um roteirista que havia 250 mil fãs de Elvis Presley obstinados a assistir cada filme três vezes. Os fãs acreditavam que o carisma de Elvis superava qualquer material medíocre que fosse feito. Quando as filas se formavam do lado de fora das bilheterias, as pessoas que estavam nelas iam para ver Elvis e nada mais.
A carreira de Elvis pode ter balançado devido a sua seqüência de filmes e trilhas sonoras medíocres. Depois que decidiu parar de fazer filmes, no final dos anos 60, Elvis voltou ao seu primeiro amor, a música, e começou a gravar material original de qualidade.

Volta de Elvis Presley

De janeiro de 1964 a maio de 1966, Elvis gravou apenas trilhas sonoras de filmes, a maioria em Hollywood. Insatisfeito com sua vida por razões pessoais e profissionais complexas, preferiu não se arriscar nos estúdios de Nashville para gravar qualquer material. Quando finalmente decidiu gravar um novo álbum, voltou ao estúdio com outros músicos e um novo produtor, Felton Jarvis.
Elvis foi aos estúdios da RCA, em Nashville, na primavera de 1966 para gravar um álbum gospel, How Great Thou Art. Quando criança, ele era envolvido com a música gospel. Memphis era o centro da música gospel branca durante a década de 50, e, quando adolescente, Elvis assistia com freqüência as canções gospel toda noite no Ellis Auditorium. No início de sua carreira de gravações, criou o hábito, que ficou para sempre, de aquecer-se antes de cada apresentação cantando músicas gospel com os Jordanaires ou com seus companheiros.
Elvis amava música gospel, mas ele favoreceu o estilo da harmonia a quatro vozes cantada por quartetos gospel masculinos associados às escolas de música do início do século passado. Um quarteto geralmente incluía o primeiro e segundo tenores, um barítono e um baixo. Na adolescência, os quartetos de gospel de que Elvis gostava incluíam os Blackwood Brothers, que ele conheceu pessoalmente, e os Statesmen, cujo cantor principal era o expressivo Jake Hess.
Os Statesmen eram conhecidos por suas canções sentimentais, altamente estilizadas, e Hess tinha fama de extravagante. Elvis ficou feliz quando Hess e seu último quarteto, os Imperials, acompanharam-no no estúdio para gravar "How Great Thou Art", além de algumas canções antigas, lançadas posteriormente. Estavam também no palco os Jordanaires e um grupo de apoio feminino.
Os arranjos para os números gospel consistiam de material de Statesmen e Blackwood Brothers. Na maioria dos números, Elvis cantava sozinho, com um dos quartetos acompanhando-o. O ponto máximo das apresentações aconteceu quando Elvis e Hess fizeram um dueto na famosa música "If the Lord Wasn't Walking by My Side", dos Statesmen.
How Great Thou Art provou ser um marco na carreira de Elvis, dando a ele o primeiro dos seus três Grammys, esse na categoria Melhor Performance Sacra. Ganhou de Melhor Performance Inspirativa pelo He Touched Me, em 1972, e novamente nessa categoria pela canção "How Great Thou Art", do álbum Elvis Recorded Live on Stage in Memphis, em 1974.
Elvis criou How Great Thou Art durante uma época de luta pessoal e profissional. Ficava frustrado com a formalidade dos filmes e suas trilhas sonoras convencionais. O ideal é que Elvis gravasse um álbum gospel no momento em que estava com a criatividade e o espírito lá embaixo. O gospel inspirou seu interesse pela música, sempre o acalmava antes de uma sessão ou uma apresentação.
Em dezembro daquele ano, a transmissão de seu especial na TV, Elvis, mudou sua carreira, apresentando-o para materiais de gravação modernos e novos caminhos.

Elvis Presley de volta ao topo




Em 1968, Elvis estrelou um especial na TV para a NBC chamado '68 Comeback Special.
Em 1968, Elvis estrelou um especial na TV
para a NBC chamado The '68 Comeback Special
Inspirado e animado com o sucesso desse especial, Elvis cruzou a porta do pequeno American Sound Studios, em Memphis, em janeiro de 1969, para fazer uma música de qualidade que o faria acumular grandes sucessos. Elvis não tinha gravado na sua cidade natal desde que saiu dali, em 1955, mas a atmosfera musical nos estúdios Nashville da RCA se tornaram sem graça. Seus amigos e companheiros o incentivaram a gravar na American Sound, porque a Nashville não produziria mais nada para ele naquela época.
A American Sound Studios, um pequeno estúdio num bairro precário, era comandada por Chips Moman. Com Moman como produtor, Elvis trabalhou duro para gravar seu primeiro álbum de sucesso em anos. Em retrospecto, From Elvis in Memphis pode ser seu álbum mais importante, pois trouxe de volta sua carreira de gravação do purgatório das trilhas sonoras e criou um padrão criativo para os anos seguintes.
Outras músicas country românticas do álbum incluem as de Eddy Arnold, "I'll Hold You in My Heart (Till I Can Hold You in My Arms)" e "After Loving You". Também entre as 32 trilhas sonoras que Moman produziu na American Sound Studios estavam os rocks "Suspicious Minds" e "Kentucky Rain", que não estavam incluídas no From Elvis in Memphis. "Suspicious Minds" foi incluída no lançamento seguinte, From Memphis to Vegas/From Vegas to Memphis.
O salão principal do hotel ainda não tinha sido inaugurado, e Elvis foi chamado para fazer as honras. Quando o coronel decidiu que Elvis não deveria voltar a se apresentar ao vivo em um palco não testado, o International Hotel contratou Barbra Streisand para inaugurar o salão principal, em julho. Ficou agendada a apresentação de Elvis, que recebeu meio milhão de dólares por quatro semanas. Na marquise havia uma palavra: "ELVIS".
Elvis não aparecia em um concerto ao vivo desde 1961, quando sua música era muito mais simples. Ao planejar seu retorno numa apresentação ao vivo, Elvis preferiu não recriar sua imagem ou música do começo. Ao contrário, ele fez sua apresentação em grande escala.
Em suas apresentações em Las Vegas, ele foi acompanhado no palco pelo quarteto pop/gospel, os Imperials, pelas cantoras de apoio da banda de rock Sweet Inspirations, e por uma orquestra com 35 músicos. Os membros dessa banda de rock incluíam o famoso guitarrista de blues do sul James Burton, o baterista Ronnie Tutt, o baixista Jerry Scheff, o tecladista Larry Muhoberack e os guitarristas/vocalistas John Wilkinson e Charlie Hodge. Hodge fez parte da Memphis Mafia desde que ele e Elvis estiveram no exército juntos. A razão dessa grande equipe deveu-se, sem dúvida, à sala de 2.000 lugares em que Elvis se apresentou no International, mas o poderoso som criado por Elvis e sua equipe musical parecia simbólico perto do valor predileto do coronel Parker - "The World's Greatest Entertainer"

Elvis Presley volta aos palcos




Apesar de Elvis Presley estar nervoso em realizar seu show em Las Vegas, ele parecia confiante.
Apesar de Elvis Presley estar nervoso
em realizar seu show em Las
Vegas, ele parecia confiante
Elvis estava muito nervoso sobre sua volta às apresentações em Las Vegas, a cidade que foi à loucura quando ele apareceu no Hotel New Frontier em 1956. O medo de falhar não havia diminuído com o passar dos anos.
Apesar de ter tido tempo para vários ensaios antes de começar no International, ele não teve a oportunidade de fazer qualquer improviso antes de uma platéia ao vivo, o que aumentava sua ansiedade.
Elvis pode ter ficado amedrontado, mas o Coronel Parker estava ao seu lado quando começou a promover Elvis por toda Las Vegas. Ele alugou todos os outdoors disponíveis e colocou anúncios de meia página nos jornais locais e de comércio. Ele encheu o lobby do International com souvenirs de Elvis Presley: camisetas, chapéus, discos e animais de pelúcia.
O Coronel teve certeza de que a volta de Elvis para os palcos seria o evento do ano. Kirk Kerkorian, o dono do Hotel International, planejou enviar seu próprio avião para Nova York para buscar a imprensa do rock para a noite da estréia.
A lista de celebridades que planejavam assistir à estréia de Elvis incluía Pat Boone, Fats Domino, Wayne Newton, Dick Clark, Ann-Margret, George Hamilton, Angie Dickinson e Henry Mancini. Elvis havia pessoalmente convidado Sam Phillips, o homem que desenvolvera seu talento bruto em um estilo musical exclusivo.
Em 31 de julho de 1969, Elvis se apresentou na frente de uma multidão no International. Ao som de "Baby, I Don't Care", Elvis entrou no palco. Não houve mestre de cerimônias para apresentá-lo. Ele pegou o microfone, fez uma pose familiar do passado e balançou as pernas para frente e para trás.
A multidão pulou das cadeiras e ele foi ovacionado antes de cantar a primeira nota. A platéia de 2.000 pessoas começou a assoviar, aplaudir e bater nas mesas. Algumas pessoas ficaram em pé nas cadeiras. Quando os aplausos começaram a diminuir, Elvis começou a cantar "Blue Suede Shoes" com tanta emoção que dez anos de suas músicas de filmes se derreteram.
Elvis estava muito bonito naquela noite. Ele estava vestindo uma roupa de karatê modificada, feita especialmente para ele com cabelos pretos. Ele estava mais magro do que aparecera nos últimos filmes e seu cabelo azul petróleo passava do seu colarinho. As costeletas de Elvis estavam mais compridas do que nunca desde os anos 50.
Nunca haviam levado Elvis tão a sério, ele fez piadas para a multidão sobre os velhos tempos e as antigas canções. Num determinado ponto, ele decidiu dedicar seu próximo número para a platéia e para os funcionários do International: "Esta é a única música que eu pude pensar que realmente expressaria meus sentimentos para a platéia", disse ele com toda a sua sinceridade, antes de começar "Hound Dog".
Elvis terminou o show com "What'd I Say" de Viva Las Vegas, e novamente a multidão o ovacionou. Elvis voltou para o bis e cantou "Can't Help Falling in Love", a música com a qual ele fecharia todos os shows pelo resto de sua carreira.
Nos bastidores após a apresentação, muitas celebridades incluindo Cary Grant, foram parabenizar Elvis sobre a sua volta triunfante às apresentações ao vivo. Priscilla Beaulieu Presley, em consideração à sua vida com Elvis, revela uma história tocante sobre o Coronel Parker. Neste momento de grande triunfo pessoal e profissional para seu único cliente, o Coronel foi para irem a seu camarim.
Todos podiam ver as lágrimas nos seus olhos. Ele queria saber onde estava "o seu garoto". Quando Elvis saiu do seu camarim, os dois homens se abraçaram, muito emocionados para dizerem algo. Houve muitas histórias sobre o Coronel Tom Parker durante anos, muitas delas ilustravam sua ambição, seus erros ou compaixão, mas nenhuma revelava a complexidade do relacionamento entre Elvis e o Coronel.
A maioria dos membros da imprensa do rock 'n roll era adolescentes quando Elvis iniciou sua carreira, estavam estasiados com a sua volta aos palcos e expressaram este entusiasmo em resenhas brilhantes. A revista Rolling Stone declarou que Elvis era "sobrenatural" enquanto que a revista Variety o proclamou um superstar.
No dia, o Coronel sentou-se com o gerente geral do International para discutirem o enorme sucesso da apresentação de Elvis. O hotel ofereceu um contrato de cinco anos para Elvis tocar dois meses do ano - fevereiro e agosto - com um salário de US$1 milhão de dólares por ano.
Em seu típico estilo exibicionista, o Coronel pegou sua caneta e começou a escrever cláusulas específicas na toalha de mesa. Quando terminou, ele pediu para o gerente geral assinar a toalha para fecharem o contrato. O "contrato da toalha de mesa" se tornou uma lenda do show business apesar das críticas de Parker em prender Elvis em um contrato longo não terem sido levadas em conta.
Seis meses depois de seu primeiro show em Las Vegas, Elvis voltou ao International para outro mês de apresentações esgotadas. Durante esta temporada, Elvis vestiu um jumpsuit no palco. Bill Belew, que desenhou o traje de couro preto para o especial de volta da TV desenhou um jumpsuit branco para a ocasião. O traje era aberto na frente para mostrar o peito, apertado na cintura, e com boca de sino que era a moda na época. O colarinho alto do traje possuía pedras semi-preciosas e Elvis usou anéis de ouro e diamante nas duas mãos. Um cinto de karatê em macramê feito de ouro e pérolas coloridas acentuava sua cintura magra.
Dean Martin foi à noite de estréia da segunda turnê de Elvis em Las Vegas. Elvis cantou "Everybody Loves Somebody Sometime" como um tributo para Martin, o cantor pop que ele sempre admirou. Elvis mudou seu repertório para esta temporada enfatizando suas gravações atuais e incluindo algumas baladas de rock country contemporâneas.
Ele limitou o material antigo a alguns locais-chave durante o show, ou os recuperava num arranjo do estilo medley. Ele estava determinado a não só colher os louros, então ele se concentrou em apresentar seu novo material e seu novo som, que desenvolvera com a ajuda de Chips Moman na American Sound Studios.
O sucesso da volta de Elvis foi provavelmente melhorado com o revival das músicas dos anos 50 que começaram no final dos anos 60. Muitos artistas que ajudaram a desenvolver o rock 'n roll repetiram o benefício deste interesse renovado nas raízes da rock music. Bill Haley and the Comets, Chuck Berry e Jerry Lee Lewis estavam excursionando novamente e atraindo multidões.
Elvis não só se beneficiou da loucura da nostalgia do rock mas com certeza a influenciou. Contudo, Elvis cuidadosamente manteve seu material novo e variado. Ele não se identificava com o revival do rock 'n' roll e seu show nunca foi considerado um show das antigas.
Rejuvenescido na sua carreira, Elvis também estava experimentando crescimento pessoal e mudanças em sua vida particular. Em 1967, Elvis tinha se casado com sua namorada de muitos anos, Priscilla Beaulieu.

Priscilla Presley, a esposa de Elvis Presley





Elvis e Priscilla Presley se conheceram em 1959 mas só se casaram em 1967.
Elvis e Priscilla Presley se conheceram
em 1959 mas só se casaram em 1967.

Elvis conheceu Priscilla em 1959, enquanto estava na Alemanha durante o serviço no exército. Muito se falou do fato de Priscilla ter apenas 14 anos quando o casal foi apresentado, mas a jovem era madura para a sua idade, e Elvis estava ciente das implicações desta situação.
Priscilla foi fotografada pela imprensa no aeroporto quando Elvis embarcava para a América e algumas destas fotos acabaram na revista LIFE. Além disso, surpreendentemente havia pouca publicidade sobre o relacionamento deles.
Depois de Elvis ter sido liberado do Exército, seu único contato com Priscilla Beaulieu era pelo telefone e por carta. Dois meses antes do seu aniversário de 15 anos, a morena de olhos azuis e narizinho empinado, permanecia na Alemanha quando Elvis partiu para os Estados Unidos. Em poucos dias havia reportagens que ele estava namorando com Nancy Sinatra.
Nos dois anos seguintes ela cresceu acostumada com os rumores e as negativas dele, bem como a dor e a frustração que acompanhava o amor pelo queridinho do mundo.
Em uma coletiva de imprensa no dia que ele chegou a Graceland, Elvis minimizou sua relação com "a garota que ele deixou pra trás." Mas, na verdade, apesar dele estar namorando Anita Wood e várias outras atrizes, ele parecia ter reservado um lugar especial em seu coração para "Cilla." Com o tempo, Elvis concordou com o pensamento do coronel que um relacionamento poderia manchar sua imagem e ser ruim para a sua carreira. Priscilla esperou pacientemente.
Durante suas conversas, Elvis falava sobre sua carreira e até mesmo sobre seu relacionamento com Anita Wood, fazendo com que a Priscilla pensasse onde ela se encaixava. Entretanto, ele também insistiu que ela visitasse Graceland. Cilla tinha que ser perseverante. E ela fez isso por aproximadamente dois anos, mesmo apesar dos artigos nos jornais e revistas ligarem Elvis à beldades como Juliet Prowse e Tuesday Weld.
Então, em Março de 1962, após vários meses sem contato, Elvis ligou do nada para Priscilla e a convidou para visitá-lo em Los Angeles. Surpresa e ao mesmo tempo alegre, ela disse que, apesar de sua mãe ser receptiva a esta idéia, seria praticamente impossível convencer seu pai, o capitão Paul Beaulieu. Este era um desafio que Elvis parecia aceitar com felicidade.
Enquanto Priscilla convencia sua mãe, Elvis falou com o capitão várias vezes e finalmente convenceu-o, concordando com uma lista de regras: o encontro de duas semanas não aconteceria enquanto Priscilla não estivesse de férias na escola; Elvis enviaria passagens de ida e volta de primeira classe; os Beaulieus receberiam um intinerário completo das suas atividades diárias em Los Angeles; ela estaria com a dama de companhia por todos os lugares; ela escreveria para seus pais todos os dias; e durante a noite ela ficaria com os amigos da família, George e Shirley Barris. Que foi o que aconteceu... na maior parte do tempo.
Priscilla chegou em Los Angeles em junho e após visitar a casa de Elvis emBellagio Road , ela ficou hospedada na casa dos Barris - por uma noite. Na tarde seguinte, Elvis informou a ela que ele planejara uma viagem a Las Vegas e depois da meia-noite ela estava sentada ao seu lado em seu luxuoso motor home no caminho para Nevada. Ela contornou o problema do recebimento das cartas pelos seus pais todos os dias pré-escrevendo rapidamente uma semana de cartas e pedindo para o mordomo de Elvis que as enviasse de Los Angeles. A próxima parada deles foi o Hotel e Cassino Sahara, onde o Rei e sua princesa dividiram uma suite.
Durante doze dias abençoados e cheios de diversão em Las Vegas, Elvis levou Priscilla para fazer compras, escolheu as roupas que deveria usar e instruiu-a sobre como arrumar seu cabelo e colocar maquiagem pesada. Elvis gostava que sua mulher usasse muito delineador e rímel, e Priscilla prontamente aceitou suas escolhas. Cortesia de uma cabeleireira do hotel, seus cachos foram transformados em um estilo de colméia, seus olhos foram maquiados e o resultado foi a transformação aparente de uma adolescente inocente em uma mulher sedutora e sofisticada.
Após sua volta para a Alemanha, Priscilla tinha algo para esperar durante os próximos seis meses: o Natal em Graceland. Elvis convidara-a e mais uma vez ela teve que persuadir seus pais. Entretanto, o pedido não foi nada comparado com o que os Beaulieus se confrontaram quando a viagem de Natal acabou: Elvis queria que ela terminasse os estudos em Memphis.
Elvis ligou para o capitão Beaulieu e usou todo o seu poder de persuasão. Se Cilla se mudasse para Memphis, ele prometeu que ela não moraria com ele em Graceland mas sim com Vernon e sua esposa em uma casa nas redondezas. Ela seria matriculada na melhor escola católica, onde ele garantiu que ela se formaria. Ela seria também cuidada por uma dama de companhia onde quer que fosse.
Elvis não só jurou que ele amava, precisava e respeitava Priscilla, como também insistiu que não conseguiria viver sem ela. Os Beaulieus tinham duas alternativas dolorosas: deixar Priscilla ir e arriscar que ela ficasse arrasada se as coisas não funcionassem ou vetarem a proposta e serem responsáveis pela destruição de sua felicidade. No final, Elvis conseguiu o que queria e Priscilla se mudou para Memphis.
Em outubro de 1962, enquanto ele estava em Hollywood filmando Fun in Acapulco,Elvis recebeu Priscilla e seu pai e conquistou o senhor Beaulieu com seu charme e hospitalidade. Após alguns dias, pai e filha foram para Memphis, onde o capitão Beaulieu e Vernon Presley a matricularam na escola de garotas Immaculate Conception Cathedral High School e mudaram-na para a casa que Vernon compartilhava com sua segunda esposa, Dee.
Quando seu pai retornara para a Alemanha, entretanto, Priscilla parecia desconfortável morando com seus futuros sogros e logo passava cada vez mais tempo com a avó de Elvis em Graceland. Depois de um tempo, com todas as intenções e objetivos, ela basicamente se instalou lá.
Vernon levava e trazia Priscilla da escola até que ela tirou sua carta de motorista e ele concordou em deixá-la dirigir o Lincoln Mark V de Elvis. Ele também deu a ela dinheiro para gastar em roupas, gás e cinema, boliche e no Drive-in de Leonard com a prima Patsy (cuja mãe era irmã de Gladys Clettes e o pai era o irmão de Vernon, Vester). Ainda assim, apesar da companhia da vovó Dodger, as empregadas e as secretárias, Priscilla geralmente parecia extremamente sozinha esperando que Elvis voltasse das filmagens.
Uma tarde, logo depois do Natal de 1966, Elvis ajoelhou no quarto em Graceland e propôs casamento a Cilla. Depois ele colocou um anel em seu dedo. Adquirido do joalheiro Harry Levitch, o anel tinha um diamante de 31/2 quilates circulado por uma fileira de diamantes menores destacáveis. Depois de sete anos do primeiro encontro com Elvis, as fantasias de Priscilla se tornaram realidade.




Elvis Presley casou com Priscilla Beaulieu em 01 de Maio de 1967 em Las Vegas.
Elvis Presley casou com Priscilla Beaulieu em 1° de maio de 1967 em Las Vegas

O casamento aconteceu em uma segunda, 1° de Maio de 1967. Elvis filmouClambake em Los Angeles enquanto o coronel Parker fez os preparativos para o casamento. A cerimônia aconteceu no Hotel Aladdin em Las Vegas, na pequena suíte do segundo andar do amigo do coronel, cujo proprietário era Milton Prell. A cerimônia foi presidida pelo Juiz de Paz da Suprema Corte de Nevada, David Zenoff e demorou alguns minutos. No verdadeiro estilo coronel Parker, uma coletiva de imprensa ocorreu imediatamente seguida depois por uma recepção com café da manhã para 100 convidados, incluindo vários membros da imprensa.
Os recém-casados passaram sua lua-de-mel em Palm Springs e depois de alguns dias voltaram para Memphis onde em 29 de maio festejaram novamente seu casamento com uma recepção em Graceland para todos os parentes, amigos e funcionários, bem como alguns fãs sortudos. A única ausência foi o segurança Red West, que se recusou a participar porque não havia sido convidado para a cerimônia real do casamento.
Menos de dois meses depois do casamento, Elvis começou a trabalhar emSpeedway e em 12 de julho ele fez uma declaração no set de filmagens de que Priscilla estava grávida. Não demorou muito para que aparecessem rumores que Elvis estava tendo um caso com sua parceira de filmagens Nancy Sinatra.
Depois, com sete meses de gravidez, ele chocou Priscilla ao sugerir que se separassem legalmente. Esta idéia foi rapidamente abandonada , mas logo depois que sua filha Lisa Marie, nasceu em 1° de fevereiro de 1968, o relacionamento esfriou rapidamente. Por um tempo, Priscilla tentou reascender o casamento, mas depois que Elvis voltou aos shows no verão de 1969, suas ausências freqüentes colocavam mais obstáculos no relacionamento que já era cheio de problemas.
No início de 1972, ela e Elvis se separarm e o divórcio foi finalizado em 09 de outubro de 1973. Eles continuaram amigos e foram vistos de mão dadas durante o divórcio.
Apesar dele ter sido um marido pouco devotado, não há dúvidas que ele foi um pai devotado a Lisa Marie. Até o fim da sua vida, Elvis adorava Lisa Marie, mimando-a e enchendo-a de jóias e presentes quando ela o visitava e raramente, ou nunca, disciplinando-a.
Como em muitos outros aspectos da sua vida, o amor de Elvis pela sua filha era exagerado. Uma vez ele fez uma viagem para o exterior com seu jato particular para que ela pudesse brincar na neve. No seu aniversário ele alugou o Parque de Diversões Libertyland para Lisa Marie e seus amigos. Ele comprou para ela um carrinho de golfe e um pônei, que ele deixava ela montar na porta de Graceland.
Em sua autobiografia, Priscilla afirmou que ela e Elvis conservaram sua afinidade mútua e aproveitaram seu papel conjunto como pais. Durante uma de suas últimas conversas telefônicas, Priscilla esboçou a possibilidade de que um dia eles poderiam ficar juntos novamente. "É," Elvis brincou, "quando eu tiver 70 anos e você 60. Nós estaremos tão velhos que pareceremos bobos, correndo com os carrinhos de golfe."
Após seu sucesso no Hotel Internacional em Las Vegas, Elvis foi para a estrada e fez muitas turnês nos anos seguintes.

Elvis Presley nos anos 70




Vestido para a ocasião, Elvis Presley participou da coletiva de imprensa antes dos shows em Houston.
Vestido para a ocasião, Elvis Presley participou
da coletiva de imprensa antes dos
shows em Houston
Após seu sucesso em Las Vegas, Elvis entrou em turnê. Para o primeiro show de Elvis na estrada, o Coronel Parker arrumou para que ele aparecesse no Houston Astrodome junto com o Texas Livestock Show.
A lógica por trás da escolha de uma arena tão grande era simples: Elvis, "O Maior Artista do Mundo", deveria aparecer somente em coliseus ou locais para shows magníficos.
Além disso, o Texas sempre fora bom com Elvis. Em 1955, o Leste do Texas foi o palco do grande surgimento da Elvis-mania, o que ajudou a alavancar sua carreira. Para retribuir esta gentileza e talvez para garantir as vendas, os ingressos para o show de Elvis no Astrodome tiveram seu preço bastante reduzidos, para alguns assentos o preço foi um dólar.
Apesar do impulso na confiança depois das vitórias em Las Vegas, Elvis ficou estupefato pelo tamanho do Astrodome e o pensamento de ter que agradar 44.500 pessoas. Referindo-se ao Astrodome como um "oceano" ele se preocupou sobre perder sua energia e dinamismo em uma arena tão grande.
Novamente suas preocupações se mostraram infundadas por que o Astrodome ficou lotado todos os dias da turnê, e os críticos de música locais deliravam sobre seu carisma pessoal e sua encenação excitante. Pela primeira vez desde os anos 50, Elvis era atacado após seu show em um exemplo amedrontador de uma histeria enorme. Sua limusine estava estacionada na porta do palco para que ele pudesse sair rapidamente, mas os fãs puderam alcançar o carro rapidamente. Eles ficaram ao redor do veículo; alguns tentaram passar flores e presentes pela porta e janelas enquanto outros apenas desejavam tocar no seu ídolo.
Após conquistar Houston, Elvis continuou em turnê. Ele estava geralmente na estrada por várias semanas em um mês, além de tocar em Las Vegas em fevereiro e agosto. Sua programação de turnê era sacrificante. Em 1971, Elvis estava na estrada mais que a maioria dos outros no show business.
Elvis faria uma turnê por três semanas, não tirando folgas e fazendo dois shows nos sábados e domingos. Ele descansaria por algumas semanas e depois repetiria o ciclo. Elvis geralmente tocava uma noite significando que cada apresentação seria realizada em um local diferente. Geralmente, Elvis e seu pessoal chegavam na cidade e deixavam-na em menos de 24 horas.
Uma programação tão exigente podou o desejo de Elvis de atualizar ou alterar o material do show. Eventualmente, suas apresentações se tornaram padronizadas, até mesmo caíram na rotina. Apesar disso, os shows de Elvis estavam quase todos esgotados.
Durante o show final em Houston, Elvis teve problemas com os olhos. Ao retornar à Memphis, ele foi ao Hospital Baptist Memorial, onde foi diagnosticado com glaucoma, uma grave doença dos olhos que pode eventualmente resultar em cegueira.
Elvis foi consumido por um medo irracional que ficaria cego até o final ano. Ele ficou melancólico, irritável e recluso. Levou seis meses para que seu médico, sua família, e seus amigos conseguissem convencê-lo que seu caso era tratável. Sua reação ao problema pareceu um resultado de fadiga e nervosismo associados ao calendário exaustivo.
Realizar as turnês e os shows em Las Vegas tornaram-se a base da carreira de Elvis durante os anos 70. Este comprometimento de 57 ou 58 shows geralmente duravam um mês, uma programação igualmente exaustiva a estar na estrada. Além disso, a pressão de se apresentar ao vivo era tão exaustiva quanto a natureza física das apresentações, resultando em insônia, episódios de depressão e respostas emocionais exageradas.
Um pouco disso era mostrado em suas apresentações durante o início dos anos 70, aqueles que assistiam ele no palco ficavam maravilhados com a excitação que ele gerava nas platéias. Indicativo de seu show durante este período de tempo foi oElvis: Aloha From Hawaii que não só foi televisionado mas também gravado e lançado em um álbum chamado de Aloha From Hawaii via Satellite. O álbum estava no topo da Billboard, permanecendo nesta posição por 52 semanas. Foi o último álbum do Elvis a alcançar o Nº 1.

Elvis: Aloha From Hawaii





Aloha From Hawaii captura Elvis Presley em um de seus melhores momentos nesta fase de sua carreira.
Aloha From Hawaii captura Elvis
Presley em um de seus melhores momentos
nesta fase de sua carreira

Tirando vantagem dos avanços nas comunicações globais, Elvis: Aloha From Hawaii foi transmitido pelo satélite Intelsat IV para os países em todo o mundo em 10 de janeiro de 1973. Transmitido às 12:30 da manhã (horário do Havaí), o especial foi visto na Austrália, Nova Zelândia, Ilhas Filipinas, Japão e outros países no Leste. Mesmo partes da China Comunista supostamente assistiram. No outro dia, o show foi retransmitido para 28 países europeus.

O especial consistia em um show realizado por Elvis em frente a uma platéia ao vivo no Honolulu International Center Arena. Depois que a platéia deixou a arena, Elvis foi filmado cantando cinco outras canções que seriam incluídas na edição norte-americana do show.
Entretanto, a transmissão da NBC do show em 4 de abril incluía apenas 4 das músicas adicionais. A transmissão americana do especial foi assistida por 51% da audiência televisiva, mais que o número de pessoas que assistiram a primeira viagem à Lua. Elvis: Aloha From Hawaii, foi visto em 40 países por pelo menos 1 bilhão de pessoas.
Em 12 de janeiro, Elvis fez um ensaio que não foi televisionado. Após ver a fita da sua performance, ele decidiu que precisava cortar o cabelo. A diferença dos cabelos deram a possibilidade aos fãs de distinguirem entre as fotos do ensaio e as fotos do especial. Ambos os shows foram em benefício da Kuiokalani Lee Cancer Fund (Fundação Kuiokalani Lee contra o Câncer) e conseguiram aproximadamente US$75.000. Lee era um compositor Havaiano que morreu de câncer e Elvis cantou a música de Lee "I'll Remember You" em sua homenagem.
Elvis cantou uma variedade de músicas durante todo especial, incluindo seus sucessos daquele momento, "Burning Love" e "Suspicious Minds", sucessos do passado "Hound Dog", "Love Me", e "A Big Hunk o' Love". Ele também cantou "My Way", "Steamroller Blues" e outros sucessos pop e rock, bem como os clássicos country "I'm So Lonesome I Could Cry". Durante a tarde, ele tirou sua fabulosa capa e depois, enquanto cantava "An American Trilogy", jogou seu cinto para a platéia.
"Um show ao vivo para mim é mais excitante por causa de toda a eletricidade gerada na multidão e no palco. É minha parte favorita do negócio - shows ao vivo", Elvis proclamou na coletiva de imprensa antes de Aloha From Hawaii.
No final, Elvis cantou seu número padrão de encerramento, "Can't Help Falling in Love", que criou o típico som de grande escala de seu estilo daquela época. No momento em que este número começou, Elvis tinha voltado a vestir a sua capa, que sinalizava o final do show para sua banda e para a platéia.
Geralmente, ele terminava o número caindo em um joelho no centro do holofote e agarrando as pontas da sua capa com as mãos e esticando-a atrás dele - um gesto grandioso próprio do Maior Artista do Mundo. Nesta noite, ele adicionou um toque extra jogando a capa para a multidão, que foi pega por um fã sortudo. Enquanto a orquestra tocava novamente "See See Rider", Elvis deixou o palco. Como sempre, ele não retornou para o bis. Era simplesmente muito difícil superar o efeito de uma imagem tão sublime.
Aloha From Hawaii exibiu muitos dos elementos - como o jumpsuit e o estilo de performance energético - que eram marcas dos shows de Elvis nos anos 70.

O Rei

Um típico show de Presley dos anos 70 era mais parecido com uma série de rituais e cerimônias que uma performance de um simples artista. Elvis fez sua grande entrada com Also sprach Zarathustra, de Richard Strauss que é popularmente conhecida como "Tema de 2001" chegando no centro do palco quando era erguido por alguma força sobrenatural. Ele incorporou chutes de karatê e movimentos de tai chi em suas apresentações, bem como outras posturas dramáticas.



Os shows de Elvis Presley nos anos 70 eram eventos teatrais cheios de atuações.
Os shows de Elvis Presley nos anos 70 eram eventos teatrais cheios de atuações
Embora a enorme popularidade tenha forçado Elvis a viver uma vida escondida do público, sua atuação no palco criava a ilusão de intimidade. Sua relação com o público se baseava em tratá-los como velhos amigos ou como membros da família.
Havia muita interação entre Elvis e o público como as trocas de "presentes". Elvis jogava toalhas e flores para a platéia, os fãs retornavam o gesto jogando as peças íntimas, chaves do hotel, ursos de pelúcia, buquês e outras lembranças.
Na verdade, cada vez que Elvis tocava em Las Vegas, o hotel estocava roupas íntimas novas nos banheiros por que as mulheres atiravam suas roupas íntimas no palco enquanto ele estava se apresentando. Elvis beijava, abraçava e segurava as mãos de várias mulheres da platéia. Elas se alinhavam abaixo do palco, como uma fila para receber a realeza, esperando serem abençoadas pelo toque do Rei. As pessoas na platéia esperavam que Elvis cantasse músicas específicas e realizasse movimentos familiares e ele sempre atendia às expectativas.
Este tipo de interação pode ser comparada ao início da carreira de Elvis, quando as platéias ficavam histéricas com seus giros e estilo de apresentação. Mesmo nesta época, Elvis apresentava um instinto sobrenatural ao saber o que os fãs queriam ver e escutar. Ele provocava com alguns movimentos dos quadris e das pernas, fãs respondiam e depois ele selecionava membros específicos da platéia para interagir com ele. Essa fenômeno era recíproco, criando um forte laço entre o artista e a platéia. Se os fãs de Elvis eram geralmente leais e demonstraram isso durante sua carreira, este aspecto interativo da sua atuação - desde o início de sua carreira até o final - foi parcialmente responsável.
Algumas roupas receberam determinados símbolos que tinham algum significado para Elvis, incluindo águias, emblemas de karatê, tigres ou relógios de sol. Os fãs se referem a estas roupas pelo nome, como o Mexican Sundial (Relógio de Sol Mexicano), King of Spades (Rei de Espadas), Rainbow Swirl (Redemoinho de Arco-Íris), American Eagle (Águia AMericana), Red Flower (Flor Vermelha), Gypsy (Cigano) e Dragon (Dragão). Eles podem identificar turnês específicas e aparições pelas roupas que Elvis usava.





O jumpsuit azul de Elvis ficava mais acentuado com o cinto branco com pedras preciosas.
O jumpsuit azul de Elvis ficava mais acentuado com o cinto branco com pedras preciosas
Se houvesse um símbolo que representasse este período da carreira de Elvis, seria o jumpsuit com pedras preciosas. Quando Elvis lançava cada nova turnê ou em cada nova aparição em Las Vegas, seus jumpsuits ficavam mais elaborados. Ás vezes eram acompanhados de uma capa até a cintura ou até o chão, estas roupas eram decoradas com pedras reais, jóias e pedras semi-preciosas. Ao adicionar as correntes e botões, as roupas podiam pesar quase 14 quilos.
Elvis também ridicularizava sua imagem de símbolo sexual dos anos 50 exagerando os movimentos pélvicos e posturas sexuais de seu antigo estilo de dançar, enquanto faz piadas sobre "os velhos tempos." Uma parte peculiar de sua atuação era enxugar o suor da sua sobrancelha com seu lenço ou com uma toalha, jogando logo em seguida para a platéia. Este gesto se tornou tão popular que dezenas de toalhas brancas eram mantidas no palco para que Elvis as jogasse para os fãs em intervalos freqüentes.
O estilo variou após o início dos anos 70, mas seu estilo de música e o formato da sua atuação não mudaram. Os fãs gostavam de traçar paralelos entre a vida pessoal de Elvis e as músicas que ele escolhia para cantar em determinados pontos de sua carreira. Por volta de 1972, Elvis e Priscila estavam com problemas no casamento, ele incluiu "Always on My Mind" e "You Gave Me a Mountain" duas músicas sobre os desafios e tribulações da vida e do amor.
No ano seguinte, Elvis incluiu "My Way" no seu show. Paul Anka escreveu esta letra poderosa, que fala sobre um homem refletindo sobre sua vida enquanto a morte se aproxima, tendo Frank Sinatra em mente. A música se tornou um hino pessoal para Elvis, que parecia explicar seu excêntrico estilo de vida e imaginação maior que a vida. Entretanto, o disco com esta música de Elvis não foi lançado até Junho de 1977.
Em 1971, o escritor de músicas country Mickey Newbury juntou um arranjo exclusivo de três músicas do século XIX que ele gravou e lançou como "An American Trilogy". Elvis escutou a gravação e incorporou imediatamente o medley no seu show. Esta peça se tornou tão associada a Elvis Presley que é difícil imaginar qualquer outra pessoa executando-a com o mesmo fervor de Elvis. Uma combinação de "Dixie", "The Battle Hymn of the Republic" e a espiritual "All My Trials" as músicas refletiam o patriotismo de Elvis, suas convicções religiosas e sua grande afeição pelo Sul.
Comediantes de Las Vegas sempre abria os shows de Elvis, mesmo quando ele estava na estrada. Aficionados por Rock ficavam espantados pelas antigas rotinas e piadas antigas destes cômicos, particularmente por que esta geração viu a chegada de uma geração de comediantes mais atuais com material socialmente relevante.
Mas, mesmo quando Elvis estava no auge do rock 'n roll em 1956 e 1957, sempre viajou com uma quantidade peculiar de show de variedades, atos realizados pelo Coronel, entretanto, parecia natural que o Coronel contratasse este tipo de abertura quando Elvis voltou aos shows ao vivo nos anos 70. Elvis e o Coronel estavam acostumados a este tipo de show e o humor deu certo em Las Vegas. Sammy Shore abriu o show para Elvis no início dos anos 70 e Jackie Kahane fez as honras após 1972.
As responsabilidades de Kahane eram anunciar: "Senhoras e Senhores, Elvis deixou o prédio" no final de cada apresentação. Elvis raramente realizava o bis, apesar de várias vezes a platéia permanecer após o final do número, esperando que Elvis respondesse aos aplausos e retornasse para uma última canção. Para evitar qualquer problema com os fãs, Elvis sempre corria para os bastidores após a última canção, geralmente enquanto a banda ainda estava tocando e entrava no carro que ficava esperando nos bastidores. O anúncio de Kahane avisava à platéia que era realmente hora de ir.
A despeito das apresentações ao vivo de Elvis durante os anos 70, havia ainda muitas grandezas. Em 9-11 de Junho de 1972, Elvis tocou no Madison Square Garden em Nova York. Esta seria a primeira vez que ele se apresentaria ao vivo em Nova York. Todos os quatro shows se esgotaram antecipadamente. Um total de 80.000 pessoas assistiram, incluindo David Bowie, Bob Dylan, George Harrison e John Lennon.
Entretanto, Elvis e sua equipe temiam que os críticos sofisticados de Nova York não gostassem de seu show no estilo Las Vegas. Na noite de estréia, Elvis estava coberto com um de seus jumpsuits com pedras preciosas e com uma capa com acabamento dourado. Ele usava um cinto gigante com a inscrição "The World Champion Entertainer" (O Maior Artista do Mundo) para o caso dos críticos não saberem com quem estavam lidando.
Durante o show, particularmente enquanto cantava suas músicas antigas, Elvis manteve uma distância irônica da platéia. Ás vezes ele não conseguia resistir e fazia piadas com sua antiga imagem. No início de "Hound Dog" por exemplo, Elvis caiu dramaticamente em um joelho e depois disse, "Ai, desculpem-me," e trocou de joelho.
Durante o show em Nova York, Elvis parecia estar no auge da sua forma física. Sua voz estava forte e clara e ele cantava uma variedade de músicas antigas e novas com drama e atitude. A maioria dos críticos de Nova York estavam estusiasmados. A RCA gravou todos os quatro shows no Garden para um álbum intitulado Elvis as Recorded at Madison Square Garden. Eles mixaram as músicas, prensaram os discos e colocaram os álbuns nas lojas em menos de duas semanas.
Além do disco do show, dois documentários - Elvis on Tour e Elvis: That's the Way It Is - foram lançados enquanto ele fazia a turnê.

Documentários de concertos de Elvis Presley




Elvis, That's the Way It Is incluía ensaios para shows ao livo de Elvis Presley em Las Vegas
Elvis, That's the Way It Is incluía
ensaios para os shows ao vivo de Elvis Presley
em Las Vegas
A MGM produziu dois documentários, Elvis, That's the Way It Is e Elvis on Tour, que registrou apresentações ao vivo de Elvis.Elvis, That's the Way It Is, um filme longa metragem, foi produzido sobre o noivado de Elvis em agosto de 1970 no International Hotel, em Las Vegas.
Cerca de metade do filme mostra sua apresentação no palco da sala principal. Um segmento no qual Elvis canta "Mystery Train" e "Tiger Man" foi filmada em um concerto, em Phoenix. O restante do filme documenta o entusiasmo gerado por Elvis como artista. Elvis é mostrado em ensaios para o show, colocando sua banda no ponto e aperfeiçoando novos materiais para a apresentação.
Inseridos entre as filmagens dos ensaios estão imagens do esforço promocional maciço em Las Vegas. Eles também enviaram uma equipe de filmagem para Luxembourg para registrar uma convenção de Elvis Presley.
Elvis, That's the Way It Is foi dirigido por Denis Sanders, que ganhou o Oscar por Melhor Documentário por seu filme, Czechoslovakia 1968. O experiente cinegrafista Lucien Ballard captou o entusiasmo da apresentação de Elvis com oito câmeras Panavision.
O filme foi lançado em 11 de novembro de 1970, e obteve boas críticas. The Hollywood Reporter lembrou que Elvis era provavelmente o único artista vivo que conseguia reunir pessoas suficientes em um cinema para tornar um documentário lucrativo em bilheteria. O filme também apresentava Elvis como um artista ao vivo para um público que era muito jovem para se lembrar dele a partir da década de 1950 e conhecia Elvis somente de seus filmes.
Em 1972, a MGM lançou outro documentário longa-metragem sobre Elvis, que foi filmado na primavera daquele ano. Elvis on Tour focou seu show itinerante durante um tour por 15 cidades. Esse filme captura a fase final da carreira de Elvis em seu ponto mais alto. Ele foi produzido por Pierre Adidge e Robert Abel, que haviam recebido críticas aclamadas por seu documentário de rock em Joe Cocker: Mad Dogs e Englishmen.
Parte da edição foi supervisionada por Martin Scorsese, que também trabalhou na edição de Woodstock. Andrew Solt recebeu os créditos pela pesquisa sobre Elvis on Tour. Ele depois co-produziu o semi-documentárioThis Is Elvis como tambémImagine, um filme sobre John Lennon. Elvis on Tour ganhou um Globo de Ouro como Melhor Documentário de 1972. Este é o único filme de Elvis Presley a ser honrado com um prêmio de qualquer tipo.
O estilo e as apresentações em shows provavelmente contribuíram para a desintegração de seu casamento com Priscilla. Longe de Graceland por muito tempo durante as turnês, Elvis via menos Priscilla e sua filha, Lisa Marie, e sua carreira e estilo de vida tomaram uma direção diferente. O ritmo frenético das exibições em uma noite diferente diariamente dificultou as viagens juntos, e Elvis estabeleceu uma regra de "sem esposas" enquanto estava na estrada, o que se aplicava a si mesmo e a todos os membros da Máfia de Memphis.
Priscilla deixou Elvis no início de 1972, e Elvis pediu o divórcio no mês de agosto seguinte. O advogado de Elvis sucintamente resumiu o problema quando ele divulgou sua declaração: "Elvis tem passado seis meses por anos na estrada, o que impõe uma imensa pressão no casamento". Em outubro de 1973, o casal se divorciou oficialmente, mas foi uma separação amigável. Eles deram as mãos durante os procedimentos do divórcio e saíram andando do tribunal de braços dados.
Os anos de 1969 até 1973 foram um período incrivelmente criativo para Elvis. Ele voltou a se apresentar ao vivo e desenvolveu um novo som e uma nova imagem que substituiu completamente a imagem de cantor-astro-de-cinema que ele acreditava que nunca realmente traduziu seus talentos. Vestido com dourado e jóias, esse Elvis Presley coincidia com os títulos de "Maior Artista do Mundo" e "O Rei do Rock 'n' Roll".
Na metade da década de 1970, as constantes turnês começaram a desgastar Elvis.

O declínio físico e mental de Elvis Presley




Este pôster promocional para Elvis on Tour mostra Elvis Presley antes de seu declínio física se tornar aparente
Esse pôster promocional para Elvis on Tour
mostra Elvis Presley antes de seu declínio
físico se tornar aparente
As intermináveis turnês e os noivados de Las Vegas exerceram influência no declínio físico e espiritual de Elvis Presley assim como sua dependência em uma variedade de drogas prescritas.
Suas opressivas apresentações e sua dependência química estavam ligadas, pelo menos na mente de Elvis. Ele alegava que precisava das drogas para manter a energia no palco e de drogas para dormir após suas apresentações, mas algumas das drogas prescritas que chegavam às sua mãos não eram destinadas para esses propósitos. Certa vez, durante a década de 70, o uso excessivo das drogas consumidas por Elvis evoluiu para um nível de abuso assustador.
Além disso, o lançamento discográfico de Elvis durante a década de 1970 foi extenso, tornando sua agenda de gravações tão extenuante quanto suas turnês de shows. Anualmente, a RCA lançava de três a quatro álbuns de estúdio, de um a dois álbuns ao vivo e vários singles.
Existe um conceito errado de que Elvis foi preguiçoso durante a década de 70, que ele se recolhia dentro de Graceland por longos períodos e fazia muito pouco. Porém, com base em suas agendas de turnês e gravações, isso é claramente uma mentira. O problema não era inatividade: era uma agenda extenuante de rotinas repetidas, a monotonia da estrada, e um coração repleto de decepções pessoais.
Pessoalmente deprimido e sem desafios profissionais, Elvis sentia-se enfadado e insatisfeito. Até 1976, ninguém conseguia colocar Elvis Presley dentro de um estúdio de gravação apesar de suas obrigações contratuais. Todo entusiasmo que ele tinha anteriormente pelas gravações foi perdido na metade da década de 1970. Se isso ocorreu devido ao resultado final de uma espiral descendente ou porque ele achava que as drogas haviam afetado o alcance de sua voz, não se sabe.
Para acalmar Elvis e facilitar o processo de gravação, a RCA enviou seu caminhão de gravação para Graceland em fevereiro de 1976, para que o relutante cantor pudesse trabalhar no conforto de sua própria casa. Técnicos montaram um estúdio temporário na sala que ficava em um nível inferior da casa e era conhecida como Sala da Selva devido à sua decoração. Eles resolveram alguns problemas técnicos, mas entre essa gravação e a outra gravação em outubro de 1976, eles produziram dois álbuns: From Elvis Presley Boulevard, Memphis, Tennessee e Moody Blue. A gravação de outubro, que resultou em somente quatro faixas completas, foi o último esforço de gravação em estúdio.
Moody Blue, lançado em julho de 1977, consiste em faixas deixadas de lado gravadas em Graceland em 1976, três músicas ao vivo de apresentações de shows em abril de 1977, e uma faixa reduzida lançada anteriormente intitulada "Let Me Be There". Críticos e biógrafos negligenciaram ou criticaram o álbum devido à confusão de faixas que representava as tentativas desesperadas do produtor Felton Jarvis de reunir um álbum para cumprir a agenda da RCA. Apesar de não ser um marco em sua carreira, Moody Blue nos conta algo sobre Elvis Presley e por essa razão merece consideração e avaliação.
A seleção de músicas indica a natureza eclética das preferências de Elvis, enquanto sua habilidade de reuni-las com consistência revela seu estilo. Desde o clássico country "He'll Have to Go" até a música popular "It's Easy for You", de Andrew Lloyd Webber e Tim Rice, Elvis une sons e gêneros de música díspares em um estilo que é grandioso, dramático e único para ele.
Se houve um denominador comum para a sua seleção de músicas durante os dois últimos anos de sua vida, foram as baladas melosas ou outras músicas de pesar e perda. Várias músicas desse tipo foram gravadas no período de sua separação e divórcio de Priscilla, mas essa preferência reapareceu à medida que sua vida pessoal e profissional continuavam a se deteriorar.
Se existe especulação quanto a se Elvis percebeu a extensão de seu declínio, a prova da autoconsciência não está em suas palavras ou façanhas, mas nas seleções musicais de seus últimos álbuns de estúdio. "He'll Have to Go", "She Thinks I Still Care" e o título "Moody Blue" de seu LP falam de casos de amor mal sucedidos, finais amargos e relacionamentos desesperançosos. Essas faixas não são grandes inovações musicais, nem mudaram o curso da história da música, mas suas relevâncias autobiográficas às circunstâncias de Elvis as incluíram nesse álbum melancólico (lançado um mês antes de sua morte).
Moody Blue, alcançou a 3ª posição na lista dos mais vendidos da Billboard e permaneceu na lista por 31 semanas. Esse álbum recebeu um disco de platina em 1º de setembro de 1977. A impressão original de Moody Blue produziu 200 mil cópias em vinil azul transparente. Vinis verde, vermelho e dourado foram experimentados, mas rapidamente descartados em prol do azul (uma escolha óbvia considerando-se o título do álbum). Após a impressão inicial se esgotar, a RCA optou pelo vinil preto comum para a próxima impressão, mas posteriormente eles voltaram ao azul. Os fãs se referem a esse álbum como o "Álbum Azul", o que pareceu apropriado não somente por sua cor, mas também pelo estado de espírito de Elvis.
As razões, fontes e explicações para os problemas, distúrbios e comportamento de Elvis foram discutidas, menosprezadas, interpretadas e exageradas por décadas, geralmente por aqueles que tinham suas próprias agendas e motivações pessoais. Enquanto separar as explicações plausíveis das acusações iradas possa ser difícil, um traço comum entre eles é o isolamento de Elvis do mundo exterior, o que resultou em um estilo de vida nada convencional.
Quando Elvis iniciou sua carreira, ele permitia que seus fãs tivessem acesso sem precedentes a ele e sua família. Os fãs o seguiam e o visitavam no conforto de sua casa. À medida que o tempo passou, os fãs se tornaram algo muito grande para ele lidar. Ele estava desestimulado, deprimido e, às vezes, cercado por multidões de "admiradores-adoradores".
Elvis não podia passear, comer em um restaurante, ou se divertir em público sem que seus fãs o assediassem. Quando Elvis foi dispensado do exército, ele começou a viver como um recluso. Ele se isolava em Graceland ou em sua casa na Califórnia. Esse isolamento, acumulado com seu aborrecimento quando ele estava entre projetos, acabou levando Elvis a ceder a hábitos destrutivos.
Esses maus hábitos se aceleraram durante a década de 1970 após ele retornar de um concerto e uma vida febril na estrada. Seu pior problema era, obviamente, sua dependência de medicamentos, que alterou seu comportamento e personalidade. De acordo com membros da Máfia de Memphis, um grupo formado por seus guarda-costas e amigos, Elvis começou a usar anfetaminas e pílulas para emagrecer na década de 1960. As drogas tinham o objetivo de ajudar Elvis a manter seu peso.
Para contrabalançar as anfetaminas, Elvis e sua corte, que cedia a qualquer coisa que Elvis estivesse fazendo, começaram a tomar pílulas para dormir. No início da década de 1970, quando ele estava fazendo um tour para cumprir uma agenda debilitante, Elvis estava tomando medicamentos para dor e desconforto causados por vários problemas e condições. Essas drogas acabaram levando Elvis a um estado de limbo mental. Os membros da Máfia de Memphis discordam sobre quantos medicamentos Elvis tomava, mas o fato que permanece é que ele tomou mais drogas do que o seu corpo podia agüentar.
O problema de Elvis com as drogas foi o resultado de medicamentos prescritos, alguns dois quais administrados para problemas de saúde. Ele tinha dores nas costas, problemas digestivos e problemas oculares, incluindo glaucoma. Os tratamentos para essas condições levaram Elvis ao hospital várias vezes entre 1973 e sua morte, quatro anos depois. Ele foi hospitalizado por engasgamentos, pleurisia e hipertensão. Ironicamente, Elvis raramente cedeu ao álcool e freqüentemente se pronunciava contra o uso de drogas ilegais.
Devido à sua saúde e posição, os hábitos alimentares de Elvis eram exagerados e eram os verdadeiros culpados por seu ganho de peso. Alguns escritores relataram que a quantidade de comida que Elvis consumia era excessiva. Eles contavam histórias exageradas sobre Elvis comendo tantos omeletes espanhóis que ele podia gerar uma falta de ovos no Tennessee. Às vezes, Elvis realmente se descontrolava com a comida, geralmente durante seu tempo livre entre projetos. Porém, as histórias sobre seus descontroles com alimentos como bacon, sorvete e pizza foram repetidas com tanta freqüência que eles deduziram que Elvis comia essa quantidade diariamente.
A maioria dos alimentos favoritos de Elvis eram pratos tipicamente sulistas que incorporam uma grande variedade de carnes fritas. Repórteres e colunistas de revistas que não estavam familiarizados com a alimentação sulista pensavam que os hábitos alimentares de Elvis eram peculiares, porém muitas pessoas no Sul apreciavam os mesmo alimentos que Elvis gostava de comer.
No início de 1955, quando ele tinha 20 anos e era considerado um promissor cantor de música country, artigos sobre o jovem cantor geralmente mencionavam que ele gostava de comer vários cheesebúrgueres de uma só vez. No final da década de 1960, um artigo da revista Esquire usou um tom sarcástico, porém despreocupado, quando descreveu o lanche favorito de Elvis de manteiga de amendoim e sanduíches de banana amassada com muita Pepsi. Elvis sempre teve esses hábitos alimentares, e a idade e a falta de exercícios tiveram muito mais a ver com seu ganho de peso do que qualquer outra coisa.



Elvis Presley adorava usar roupas chamativas, cintos, anéis e outras jóias
Elvis Presley adorava se vestir com roupas chamativas, cintos, anéis e outras jóias
Nem todos os excessos de Elvis eram prejudiciais à sua saúde. Ele também gostava de colecionar e usar jóias exuberantes, o que talvez seja a extravagância que mais se adequava ao Rei. Durante a década de 1970, Elvis usou anéis em todos os dedos, tanto dentro quanto fora dos palcos. Ele também usou medalhões enormes, cintos dourados e braceletes de correntes. Sobre uma corrente de ouro ao redor de seu pescoço, Elvis usava uma Estrela de David assim como um crucifixo.
Ele também gostava de carregar bengalas adornadas com topos de prata ou ouro. Elvis comprava jóias caras não somente para si próprio mas também para a Máfia de Memphis, suas esposas e seus amigos de show business. Certa vez, ele deu um anel de US$ 30 mil para o artista Sammy Davis, Jr.
Entre os hábitos extravagantes de Elvis estava sua mania de comprar, particularmente carros, motorcicletas e outros veículos. Elvis teve um longo caso de amor com Cadillacs e comprou mais de 100 durante toda a sua vida, principalmente para si próprio, mas também para os membros de sua comitiva. Se ele comprava um carro novo, ele tendia a comprar um para o amigo ou membro da família que estivesse com ele no momento.
Mais tarde em sua vida, ele ficou conhecido por comprar carros para outros clientes que estavam na loja de carros no momento. Às vezes, ele comprava veículos para acalmar os rancores dos membros da Máfia de Memphis, que tendiam a se sentir desprezados e marginalizados, como crianças que brigam em um playground.
Elvis Presley também colecionava armas. Ele gastou milhares de dólares em armas e generosamente presenteava a Máfia de Memphis com armas caras. Durante a década de 70, ele carregou uma arma consigo durante muito tempo, em parte porque havia recebido várias ameaças de morte e seqüestro. Ele acreditava que assassinos buscavam glória e atenção da mídia quando tentavam matar uma pessoa famosa e que ele era um alvo tão provável quanto um presidente. Elvis portava armas no palco quando se apresentava, durante viagens em aviões e enquanto se hospedava em quartos de hotel.
Talvez mais do que suas armas, Elvis tinha orgulho de sua coleção de insígnias de polícia. Ele era fascinado pelo cumprimento da lei e colecionava insígnias de todo o país. As vedetes da coleção era uma insígnia do departamento federal de narcóticos e um conjunto completo de credenciais. Ele foi presenteado com elas pelo Presidente Richard Nixon em uma visita espontânea em dezembro de 1970. Elvis iniciou o encontro escrevendo uma carta de seis páginas a Nixon enquanto estava no avião rumando para Washington, D.C. As inúmeras vezes que ele portou uma arma no palco e as várias histórias sobre sua paixão pelo cumprimento da lei revelam uma vida além das limitações da norma.
Uma vida de isolamento do mundo exterior combinada com os privilégios de celebridade acabaram por levar Elvis à autodestruição. Ele levava uma vida reclusa dentro das paredes de Graceland, onde não havia ninguém com influência suficiente para interromper as indulgências do Rei.
Ainda, os hábitos sombrios de Elvis e seus caprichos autodestrutivos geralmente são exagerados a tal ponto que somente uma figura fantasiosa poderia ser excêntrico em proporções dessa magnitude. Talvez os padrões normais de medição são simples mas não adequados quando os excessos e feitos de Elvis Presley são descritos. Por todos os detalhes melancólicos que foram revelados após sua morte, uma parte da lenda que permanece imaculada é sua voz, que soa clara e verdadeira desde o dia no qual ele gravou "That's All Right", até o dia 26 de junho de 1977, o dia em que ele se apresentou pela última vez no Market Square Arena, em Indianápolis.
Após seu último show, Elvis Presley continuou a declinar nas suas próximas poucas semanas em Graceland. Ele morreu em 16 de agosto de 1977 sob circunstâncias questionáveis.

A morte de Elvis Presley

Elvis Presley morreu em Graceland em 16 de agosto de 1977. Ele tinha 42 anos de idade. Sua namorada, Ginger Alden, o encontrou caído na banheira. Os paramédicos foram chamados, mas não conseguirem reanimar Elvis e ele foi levado ao Baptist Memorial Hospital, onde novas tentativas de ressuscitação falharam. Ele foi declarado morto por seu médico, Dr. George Nichopolous, que listou a causa oficial da morte como arritmia cardíaca.



Elvis Presley deixou amigos e parentes, incluindo seu pai, Vernon
Elvis Presley deixou amigos e parentes, incluindo seu pai, Vernon
Quase imediatamente, rumores que Elvis havia morrido começaram a surgir nos jornais, rádio e noticiários de TV de Memphis, mas os repórteres assumiram uma atitude "esperar-para-ver". Eles já tinham ouvido esses rumores antes.
Durante anos, muitos boatos declaravam que Elvis havia morrido em um acidente de carro o de avião ou que ele havia sido assassinado com um tiro de um namorado ciumento de uma mulher que havia se apaixonado por ele. Certa vez, alguém anunciou que ele havia afundado em um submarino.
Elvis Presley era um garoto local e uma fonte constante de notícias, algumas das quais produzidas para ou pela imprensa de Memphis. Os editores dos jornais e diretores das redações eram cautelosos sobre enviar seus repórteres se o rumor sobre a morte de Elvis fosse apenas mais uma fraude. Mas quando a equipe do Memphis Press-Scimitar soube de uma fonte confiável que Elvis, de fato, havia morrido, a redação ficou estranhamente silenciosa. Dan Sears, da estação de rádio WMPS, em Memphis, fez o primeiro anúncio oficial, e a WHBQ-TV foi a primeira estação de TV a interromper sua programação com a terrível notícia.
À medida que a notícia da morte de Elvis se espalhava pelo país, as estações de rádio imediatamente começaram a tocar seus discos. Algumas estações rapidamente organizaram tributos a Elvis, enquanto outras simplesmente tocaram suas músicas de acordo com os pedidos dos ouvintes, muitos dos quais em estado de choque com sua súbita morte. Algumas pessoas ligavam para suas estações de rádio favoritas apenas porque desejavam contar algumas de suas histórias sobre a primeira vez que ouviram Elvis cantar ou falar sobre o quanto o talento e a música dele significavam para elas.
Da mesma forma que muitas pessoas se lembram exatamente onde estavam quando ouviram que o Presidente John F. Kennedy havia sido assassinado, a maioria dos fãs de Elvis se lembra onde estava no dia em que Elvis morreu. Mick Fleetwood, do grupo de rock Fleetwood Mac, lembra, "As notícias chegaram como uma catástrofe. Eu estava dirigindo de volta das montanhas e ouvindo rádio. Eles estavam tocando um pout-pourri de Elvis, e eu pensei, 'Legal'. E depois eles voltaram com as notícias".
A maneira como a grande maioria das redes de TV lidou com a notícia da morte de Elvis ilustra sua enorme popularidade e a grande influência que ele tinha sobre a América, algo pouco percebido até a sua morte. Dados do serviço de audiência de televisão Arbitron revelaram que no dia em que Elvis morreu, houve um grande aumento no número de televisões ligadas nos noticiários noturnos.
As equipes das redações de televisão consideraram a morte de Elvis a notícia trágica dos últimos tempos. Não houve tempo suficiente para os repórteres de TV enviados a Memphis pesquisarem histórias para as notícias da noite. Os executivos tiveram de decidir rapidamente onde encaixar a história em relação às outras notícias do dia.
A NBC-TV não somente reescreveu suas chamadas para inserir a história da morte de Elvis nas manchetes, mas a rede também traçou planos imediatos para excluir o The Tonight Show e colocar no ar um documentário com notícias no final da noite. David Brinkley, um âncora de notícias nacionais da NBC na época, abriu sua transmissão com três minutos devotados à súbita morte de Elvis. A ABC-TV também decidiu tornar a história de Presley sua manchete. Quando eles souberam que a NBC faria um especial tarde da noite sobre o significado de Elvis Presley para a música americana, a ABC anunciou que eles também fariam um documentário de meia hora.
Entratanto, a CBS não seguiu o exemplo. O CBS Evening News com Walter Cronkite, considerado o homem mais respeitado da transmissão televisiva da época, comandava o noticiário por mais de uma década. Os executivos da CBS não optaram por abrir a transmissão noturno com a história de Elvis. Os registros da Arbitron indicam que quando milhões de telespectadores perceberam isso, eles imediatamente mudaram de canal para a outra rede.
A decisão da CBS de não fazer da morte de Elvis sua manchete proporcionou à CBS Evening News seus menores índice de audiência em anos. A CBS devotou somente 70 segundos à história sobre Elvis, colocando-a depois de uma longa reportagem sobre o Canal do Panamá. O produtor daquele noticiário noturno era veementemente contrário a colocar a morte de Elvis como manchete, apesar dos outros membros da equipe de programação da CBS sugerirem isso repetidamente. Entrevistado posteriormente, o produtor concordou que ele não estava em sincronia com a consciência nacional. Dois dias depois, a CBS tentou se redimir colocando no ar um documentário sobre Elvis.
Embora Elvis nunca tenha se apresentado na Europa, países de todo o mundo enviaram repórteres para Memphis. A cobertura da imprensa em jornais estrangeiros e na televisão européia foi quase tão extensa quando as reportagens nos Estados Unidos. Em todos os lugares do mundo, as pessoas lamentaram a perda de um artista insubstituível.
Uma hora após a morte de Elvis, fãs começaram a se reunir em frente a Graceland. No dia seguinte, quandos os portões foram abertos para as pessoas verem o corpo de Elvis, a multidão foi estimada em 20 mil. Quando os portões foram fechados às seis e meia da tarde, cerca de 80 mil fãs haviam passado pelo caixão de Elvis. Muitos tinham vindo de diferentes partes do país; muitos de diferentes partes do mundo.
Posteriormente, tantas pessoas chegaram que foi impossível todas entrarem em Graceland, mesmo com a prorrogação do horário. Policiais temeram que pudesse haver problemas com o controle da multidão, mas não houve nenhum. Porém, ocorreu um trágico acidente que não tinha a ver com a morte de Elvis: um motorista alcoolizado atropelou três adolescentes na multidão, matando dois deles.
À medida que o grupo de pessoas cresceu em volta dos portões de Graceland, um clima de carnaval foi criado: pessoas vendendo camisetas e outras lembranças começaram a trabalham no meio da multidão. As pessoas que não conseguiam entrar em Graceland para prestar suas últimas homenagens a Elvis consolavam umas às outras contando anedotas sobre seu ídolo. Quando os repórteres perguntavam a elas porque estavam ali, as pessoas inevitavelmente davam a mesma resposta: não sabiam, de fato, mas sentiam que queriam estar lá onde ele esteve em seu último momento. O clima quente de Memphis e o aglomerado de pessoas na multidão causou mal-estar em muitas delas. Uma unidade médica ficou estacionada nas proximidades para auxiliar as pessoas que desmaiavam, mas ninguém morreu devido ao calor.
Os fãs de Elvis enviaram uma imensa coroa de flores, que foi colocada ao longo do banco em frente à casa. Todas as flores em Memphis foram vendidas até a noite de 17 de agosto e flores adicionais foram enviadas de outras partes do país. Esse foi o melhor dia na história do FTD, um serviço de entrega de cerimônia. Os funcionários da FTD alegam que mais de 2.150 arranjos foram entregues. Os arranjos foram ornados com raios brilhantes, violões, cães de caça e estrelas, como também na forma de coroas e buquês mais tradicionais. Muitos dos arranjos foram enviados imediatamente para o Cemitério Forest Hill, o local de seu enterro. Após o funeral, Vernon Presley permitiu que os fãs levassem as flores como recordações.
Várias celebridades compareceram ao funeral de Elvis, incluindo Caroline Kennedy, a cantora de música country Chet Atkins, os artistas Ann-Margret e George Hamilton, e o pastor evangélico da TV, Rex Humbard, que foi um dos oradores durante a cerimônia. O comediante Jackie Kahane, que havia aberto muitos shows de Elvis, fez seus elogios e um ministro local também falou.
Artistas evangélicos cantaram, incluindo Jake Hess, J.D. Sumner, James Blackwood, e seus grupos vocais, como também a cantora Kathy Westmoreland. O caixão foi transportado para o Cemitério Forest Hill em um longo cortejo composto somente por automóveis brancos.
Posteriormente, quando alguém ameaçou roubar os restos mortais de Elvis, seu caixão foi levado para o Jardim da Meditação, atrás de Graceland. O corpo de Gladys também foi levado para o Jardim da Meditação, em 1977; Vernon Presley morreu e foi enterrado lá em 1979; e Minnie Mae Presley foi colocada ao lado do restante de sua família em 1980.
A súbita e chocante morte de Elvis deixou muitas perguntas sem resposta, e espalhou as faíscas da controvérsia.

A controvérsia sobre a morte de Elvis Presley





Desde o início de sua carreira artística, Elvis Presley gerou controvérsia, e sua morte não foi nenhuma exceção.
Desde o início de sua carreira artística,
Elvis Presley gerou controvérsia,
e sua morte não foi exceção
Em um estranho golpe de coincidência, em 1º de agosto de 1977, 15 dias antes da morte de Elvis, a Ballantine Books publicou um livro, Elvis: O que Aconteceu?, escrito por Steve Dunleavy. Ele consistia em entrevistas com três antigos guarda-costas de Elvis: Red West, Sonny West e Dave Hebler.
Esses homens foram os primeiros a divulgar histórias do estilo de vida bizarro de Elvis. O livro falava de suas alterações de humor, seus relacionamentos com mulheres e do seu uso excessivo de drogas medicamentosas. O livro recebeu praticamente nenhuma publicidade até que o jornalista Bob Greene, um colunista da Chicago Sun-Times,entrevistou Sonny West. Por coincidência, o artigo foi publicado no dia em que Elvis morreu.
A coluna de Greene provocou muito protesto de fãs por todo o país e gerou a ira de vários jornalistas, incluindo Geraldo Rivera, que "detonou" Dunleavy em Good Morning America por difamar o nome de Elvis.
A história do guarda-costas era difícil de acreditar por várias razões. Nada disso havia sido revelado em ampla escala antes porque, basicamente, Elvis soube manter seus hábitos excêntricos e comportamento errôneo longe da imprensa.
Dunleavy também não tinha credibilidade. Ele era repórter do tablóide The National Enquirer quando começou a trabalhar no livro sobre o Elvis e foi contratado pelo controverso jornal New York Post quando Elvis: O que Aconteceu? foi publicado.
Dunleavy apareceu no documentário da NBC sobre Elvis que foi levado ao ar na manhã de sua morte. O repórter cometeu um erro ao usar o termo "lixo branco" em referência a Elvis, e isso soou como chumbo derretido sobre os fãs. Porque Dunleavy não era popular nem com o público nem com a imprensa e porque Vernon havia demitido os três guarda-costas no ano anterior, muitas pessoas acreditaram que seu relato escandaloso da vida de Elvis se devia ao revés de ter sido demitido. Dunleavy foi acusado de ter manipulado a história para torná-la o mais sensacionalista possível.
A autópsia não revelou nenhuma informação substancial. A família pediu uma autópsia particular, e as descobertas exatas não foram reveladas ao público. Todos os laudos, anotações e fotos relacionadas com a autópsia desapareceram para sempre em 19 de agosto, e o conteúdo do estômago de Elvis foi destruído antes que análises adicionais fossem feitas. Qualquer evidência concreta de uma morte relacionada a drogas somente poderia ser encontrada em um laudo de autópsia lacrado.
Dois anos depois, em 13 de setembro de 1979, a revista de notícias da ABCTV,20/20, publicou uma matéria intitulada "O Acobertamento de Elvis" e os detalhes que circundavam a morte de Elvis começaram a assumir ares de um romance de mistério. Essa reportagem investigativa, produzida por Charles Thompson com texto de Geraldo Rivera, marcou a primeira grande atenção da mídia nacional devotada a rumores de uma morte relacionada a drogas medicamentosas.
O programa tentou apontar a causa exata da morte de Elvis e conseguiu chegar ao ponto de abrir um processo no dia 19 de agosto para obter uma cópia do laudo da autópsia do Dr. Jerry Francisco, o legista do Tennessee. Quando Francisco se recusou a mostrar o laudo, a revista 20/20 o acusou de participação em um acobertamento. O legista convocou uma conferência com a imprensa para declarar que não estava envolvido em nenhum acobertamento.
Após a reportagem da 20/20, oficiais do Condado de Shelby foram pressionados a abrir uma investigação criminal do caso, mas, no fim, eles desistiram de fazer isso. O processo, movido por Thompson e pelo repórter local de Memphis, James Cole, eventualmente foi parar na Suprema Corte do Tennessee. Em 1982, a corte declarou que Francisco não era obrigado a revelar os resultados da autópsia porque o laudo pós-morte havia sido requerido pela família.
Enquanto isso, o médico de Elvis em Memphis, Dr. George Nichopoulos (Dr. Nick), foi levado perante o Conselho de Médicos Legistas do Tennessee sobre várias acusações relacionadas à prescrição excessiva de drogas a Elvis Presley e outros pacientes. Em janeiro de 1980, o conselho suspendeu sua licença por três meses por prescrição indiscriminada e por ceder substâncias controladas a dez pessoas, incluindo Elvis e Jerry Lee Lewis. Apesar das conclusões do conselho não desafiarem a autoridade oficial de Francisco sobre a causa da morte de Elvis, a investigação revelou histórias sobre o uso intensivo de drogas medicamentosas pelo cantor.
Os rumores exagerados que pairaram por mais de dois anos foram quase nada em comparação aos terríveis detalhes que surgiram no testemunho do Dr. Nick: ele havia receitado a Elvis mais de 12 mil pílulas e frascos de drogas potentes nos últimos 20 meses de sua vida. Ele havia sido hospitalizado várias vezes devido a inchaços da cabeça aos pés decorrentes do uso inadequado dessas drogas. Sempre que ele viajada para fazer shows, carregava consigo três maletas de pílulas e suprimentos, dos quais sua comitiva inteira fazia uso livremente.
Essas histórias ressurgiram em novembro de 1981 quando Nichopoulos foi oficialmente acusado em uma corte criminal por 11 crimes dolosos de prescrição excessiva de drogas medicamentosas para nove pacientes, incluindo Elvis e Jerry Lee Lewis. Ele foi absolvido. Cinco novas acusações foram feitas contra ele em 1992 pelo estado do Tennessee por prescrição excessiva de drogas a Elvis. Naquela época, o Departamento Estadual de Saúde estava determinado a cassar a licença profissional do médico permanentemente.
Com o passar dos anos, a causa da morte de Elvis geralmente tem sido apontada como o uso simultâneo de diversos medicamentos, ou a interação de várias drogas. Isso se baseia nas informações reveladas pelos testes de Nichopoulos como também pelas declarações feitas pelo Dr. Eric Muirhead, patologista do Baptist Memorial Hospital, e pelo Dr. Noel Foredo, que estava presente na autópsia.
Enquanto isso, a luta para a divulgação dos resultados da autópsia continuava. Em 1991, a ABC foi aos tribunais para forçar Francisco a apresentar o laudo da autópsia. Em maio de 1993, a Comissão do Condado de Shelby entrou com um processo para forçar o estado do Tennessee a reabrir uma investigação sobre a morte de Elvis. Com isso, as anotações da autópsia (mas não o laudo) foram fornecidas ao patologista forense para ajudar a encerrar as disputas sobre a causa real da morte.
A espontânea manifestação de dor sobre a morte de Elvis, a extensa cobertura da mídia impressa, e as condolências vindas de todo o mundo lembravam o luto que ocorre quando um líder de estado morre. Centenas de editoriais tentaram compendiar o lugar de Elvis em nossa cultura. Pela primeira vez, a nação inteira pareceu perceber que Elvis havia mudado a maneira como as pessoas se vestiam, como andavam, a música que ouviam e o tipo de herói no qual acreditavam.
Com o passar do tempo, muitas pessoas sentiram que a morte de Elvis marcou o final de uma era, como também o fim de uma carreria lendária, mas isso não se mostrou verdadeiro. Após a morte de Elvis, a mitologia ao seu redor continuou a crescer com cada nova revelação sobre sua vida pessoal e cada nova reinterpretação de sua contribuição à cultura popular. Elvis, o homem, morreu em 16 de agosto de 1977, mas Elvis, o mito, continua a florescer.

O legado de Elvis Presley

Embora Elvis Presley tenha morrido em 1977, o seu nome, a sua música e a sua imagem ainda chamam a atenção do público. O período após sua morte foi marcado por controvérsias, idolatria, ridicularização e comercialismo: policiais discutiram o papel das drogas na sua morte, organizações musicais homenagearam suas conquistas, a mídia ridicularizou os fãs e os exploradores fizeram muito dinheiro com tudo isso. Das manchetes dos jornais até o topo dos prêmios e das homenagens, Elvis continuou a ser notícia. A morte não foi o fim da carreira de Elvis, foi apenas um marco de outra fase.




Desde o início da sua carreira até hoje, Elvis Presley continua fascinando gerações de fãs
Desde o início da sua carreira até hoje, Elvis Presley continua
fascinando gerações de fãs

Para comemorar o 25º aniversário de sua morte, a RCA lançou uma coletânea dos seus hits número 1, intitulada: ELV1S: 30 #1 Hits. A campanha de marketing foi desenvolvida sobre a linha: "Antes de qualquer pessoa fazer algo, Elvis fez tudo. Uma frase muito inteligente que resume a contribuição de Elvis à história da cultura pop e, ao mesmo tempo, evoca o dinamismo do seu som e o perigo da sua imagem original.
O mundo precisava se lembrar disso - e lembrou. ELV1S: 30 #1 Hits foi número 1 logo no lançamento, vendendo 500 mil cópias na primeira semana. Lançar um álbum no topo das paradas norte-americanas era algo que Elvis nunca conseguiu quando estava vivo. Além dos Estados Unidos, ELV1S: 30 #1 Hits estreou no topo das paradas de sucesso em outros 16 países, inclusive Canadá, França, Reino Unido, Argentina e Emirados Árabes.
Estratégias de marketing à parte, foi a música que contribuiu para o sucesso do CD. Organizada em ordem cronológica, a coletânea cobriu toda a carreira de Elvis na RCA - desde Heartbreak Hotel, em 1956, até Way Down, em 1977. Todas essas músicas foram número 1 nas paradas na época do lançamento original, tanto nos EUA quanto no Reino Unido. Isso suaviza a acusação feita por historiadores do rock que dizem que a música de Elvis entrou em declínio nos últimos anos de sua vida. A saúde e a carreira dele podem ter sofrido e o som que ele fazia já não era rock'n roll, mas a sua música ainda era vital para um grande público.
Isso também poderia ser dito para o público de hoje. Como uma inclusão de última hora em ELV1S: 30 #1 Hits, os produtores incluiram um remix de A Little Less Conversation; uma música gravada por Elvis originalmente para a trilha sonora deViva um pouquinho, ame um pouquinho (Live a Little, Love a Little). A música foi retrabalhada no início de 2002 pelo DJ holandês Junkie XL para um comercial da Nike para a Copa do Mundo, mas quando foi lançada como um single dance-mix, tornou-se o primeiro single de Elvis a ser top ten em décadas. "A Little Less Conversation" foi colocada como faixa adicional, mantendo-se separada do conceito do resto das faixas do CD.
A equipe de Ernst Jorgensen e Roger Semon reuniu e pesquisou as faixas em ELV1S: 30 #1 Hits. Jorgensen e Semon da BMG (que agora é a dona da RCA) pesquisou o catálogo de Elvis por muitos anos, trabalhou duro para restaurar e reembalou sua música para a sua glória antiga. Um grupo de engenheiros e remasterizadores experientes foi chamado para otimizar o som de modo que parecesse real, como as gravações originais; uma tarefa difícil, se considerar a condição das fitas originais.
Guardadas nos depósitos da RCA, em Iron Mountain, Pennsylvania, algumas das fitas originais não eram tocadas já há mais de 40 anos. A maioria estava deteriorada e o primeiro objetivo era passá-las para o formato original para remixar ou remasterizar. Algumas delas, inclusive a fita de "Way Down", estavam numa condição tão ruim que tiveram que ser aquecidas em um forno para evitar que a ferrugem caísse da fita.
As músicas de 1956 a 1961 foram gravadas em um sistema mono e não puderam ser remixadas, só remasterizadas. As de 1961 a 1966 foram gravadas em um sistema de gravação de três canais e precisaram de uma máquina antiga para auxiliar no processo de remixagem. Existem pouquíssimas máquinas dessas e as da equipe de remixagem costumava esquentar muito, agravando ainda mais o processo.
As faixas seguintes foram gravadas em oito, 16 e até 24 canais, e foram consideravelmente mais fáceis para remixar. Porém, o objetivo era produzir uma qualidade uniforme em todas as faixas para assegurar que a qualidade permanecesse mesmo se o CD fosse tocado em um aparelho doméstico, no computador ou no carro. Os esforços desses engenheiros e remixadores resultou numa modernização que restaurou a vitalidade das canções que não diminuiu as qualidades de Elvis nas músicas.
A energia nas canções de Elvis vem, em parte, do modo como ele trabalhava no estúdio. Quando entrava no estúdio, tirava as divisórias entre ele e os músicos, assim ele ficava na mesma sala que a banda. Eles faziam um aquecimento cantando algumas canções gospel ou outra qualquer, aí começavam a selecionar as músicas que tinham sido trazidas pela banda, pela Memphis Mafia, pelo Coronel ou por qualquer pessoa que tivesse uma sugestão.
Elvis cantava cada tomada de uma música inteira como se fosse uma apresentação para uma platéia. Cada tomada ficava mais legal ou não de acordo com a interação entre Elvis e a banda, um tipo de abordagem de tentativa e erro que deu certo por instinto e espontaneidade. Algumas vezes, ele se movia com a música de modo que inspirava a banda a fazer algo um pouco diferente ou algumas tomadas ou melhorar o que tinham feito nas tomadas anteriores.
Todas as decisões sobre uma canção eram feitas no estúdio durante a sessão, não antes dela. Assim, Elvis era o produtor do seu trabalho, dependendo da urgência para fazer a gravação. Geralmente, ele não gravava por cima nem cortava várias tomadas de uma música para fazer uma versão de estúdio perfeita. A excelente remixagem e remasterização das músicas em ELV1S: 30 #1 Hits capta a vitalidade da abordagem única da gravação de Elvis.
A história da música de Elvis no período pós-morte nunca teve um final muito feliz.

Uma nova geração descobre a música de Elvis Presley

Mais importante que os souvenirs, produtos e comemorações é a música de Elvis Presley que foi ofuscada por aspectos mais peculiares do fenômeno gerado desde a sua morte. Antes de morrer, em 1977, Elvis vendeu 250 milhões de discos em todo o mundo. Imediatamente após a sua morte, as lojas de disco em todo o país venderam rapidamente todos os discos de Elvis.
As fábricas de impressão da RCA funcionavam 24 horas por dia para dar conta dos novos pedidos de discos de Elvis que começaram a surgir. Por um tempo, a empresa precisou contratar outras empresas para atender à demanda. Até setembro, a RCA ainda não tinha conseguido cumprir todos os pedidos. Os escritórios e as fábricas da RCA fora dos EUA estavam na mesma situação. Trabalhavam dia e noite. Uma fábrica em Hamburgo, Alemanha Ocidental, produziu somente discos de Elvis para tentar dar conta dos pedidos. Até outubro, as vendas nos EUA foram tão altas que vários discos de Elvis estavam de volta às paradas.



The Complete 50s Masters mostra a fase mais inovadora da carreira de Elvis.
The Complete 50s Masters mostra a fase mais inovadora da carreira de Elvis
A RCA continuou a lançar os discos de Elvis em uma média de dois ou três por ano. Como na época em que estava vivo, alguns dos discos foram bem recebidos e outros foram criticados por sua baixa qualidade. A estratégia de marketing por trás dos álbuns variava de acordo com a qualidade deles.
Alguns álbuns, como Guitar Man, tentaram tirar vantagem de técnicas contemporâneas de gravação para melhorar o som de Elvis. Outros discos, como He Walks Beside Me -- Favorite Songs of Faith and Inspiration, tinham materiais lançados anteriormente guardados para outra época. Outros álbuns ainda pareciam ser o resultado da busca da RCA pelas relíquias de qualquer gravação da voz de Elvis.Elvis: - Greatest Hits Vol. 4, por exemplo, tinha trechos lançados anteriormente além do material inédito "ao vivo" de Las Vegas, Hawaii e Nashville.
Em 1983, um produtor musical da RCA encontrou fitas e livros guardados em Graceland, alguns deles com apresentações ao vivo inéditas e conversas de bastidores com Elvis. Dois anos mais tarde, a RCA lançou muito desse material musical em uma caixa com seis discos celebrando o 50º aniversário de Elvis.
A RCA tem sido criticada pelos puristas por modificar as gravações do seu artista mais famoso. Durante anos, a empresa lançou vários discos de Elvis com material antigo para o público mais jovem. I Was the One usa instrumentos modernos que foram sobrepostos para acompanhar os vocais. Outros álbuns com gravações originais em mono com estéreo regravado; os historiadores do Rock 'n roll reclamam de qualquer tentativa de melhora ou limpeza; as primeiras gravações de Elvis não mostram a sua contribuição à música popular; pelo contrário, acaba distorcendo.
Uma nova abordagem de marketing e o lançamento da música de Elvis começou depois que a RCA foi vendida em 1986 ao grupo alemão Bertlesmann Music Group (BMG). Dois anos mais tarde, a BMG criou um comitê internacional de restauração para pesquisar e restaurar o catálogo de gravações de Elvis. Representantes dos EUA, Inglaterra, Alemanha, Dinamarca e Ásia formaram o comitê, que era responsável pela alta qualidade de coletâneas subseqüentes da música de Elvis.
O comitê da BMG também pesquisou os números reais de venda dos discos que Elvis vendeu. A Associação das Indústrias de Gravação dos EUA [Recording Industry Association of America (RIAA)] é a organização oficial para quem as empresas reportam as vendas e solicitam os discos de ouro e platina para os artistas. Porém, a RIAA não existia antes de 1958, três anos depois de Elvis já ter vendido milhões de discos.
Embora a RCA tenha dado a Elvis vários discos de ouro internamente por seus hits anteriores a 1958, eles nunca pediram um certificado retroativo desses discos a RIAA. A RCA também raramente solicitava certificação extra quando os discos de Elvis ganhavam disco de ouro ou platina mais de uma vez.
O comitê da BMG usou os arquivos do Coronel Tom Parker para fazer uma pesquisa apurada de quantos discos Elvis vendeu e quais mereciam disco de ouro, platina ou multiplatina. Depois de fazer essa pesquisa, eles calcularam que Elvis vendeu mais de um bilhão de discos em todo o mundo. Em agosto de 1992, o comitê atualizou os dados dos discos e compactos de Elvis. Como resultado, ele ganhou mais 110 discos de ouro, platina e multiplatina da RIAA - a maior premiação de discos de ouro e platina da história.
Entre as melhores produções recentes da BMG-RCA está Masters Series, que representa os esforços de Ernst Jorgensen' e Roger Semon em não lançar apenas as músicas comerciais de Elvis, mas também aquelas históricas. O trabalho deles percorreu um longo caminho até se focar nos seus triunfos musicais em vez da tragédias da sua vida pessoal ou dos aspectos bizarros da era pós-morte.



The Essential 70s Masters capta o Elvis Presley daquela década - dramático, chamativo, maior que a vida.
The Essential 70s Masters capta o Elvis Presley
daquela década - dramático, chamativo, maior que a vida
Lançado entre 1992 e 1995, a série tem Elvis: The King of Rock 'n' Roll - The Complete 50s Masters, Elvis: From Nashville to Memphis - The Complete 60s Masters I, e Elvis: Walk a Mile in My Shoes - The Complete 70s Masters. Juntas, essas três caixas de CDs são um documento de áudio fiel da música de Elvis do começo ao fim
As faixas foram remasterizadas digitalmente a partir das gravações antigas da Sun e da RCA, mas mantiveram a integridade do original. As trocas de vocal e as brincadeiras entre Elvis e os músicos capturam a camaradagem e a espontaneidade das sessões. Como arquivo musical, as Masters Series também incluem os créditos e os créditos de duração completo da sessão feitos pelos historiadores musicais Peter Guralnick e Dave Marsh.
Separadas, cada caixa sugere algo da carreira de Elvis que explica uma percepção comum. Ao acompanhar a evolução da obra de Elvis de 1954 a 1958, The Complete 50s Masters houve prova de que Elvis não roubou o som dos artistas negros de rhythm-and-blues. Ao contrário, as faixas revelam uma mistura de influências que formaram um som comercial que levou ainda mais próximo ao estilo.
The Complete 60s Masters mostra que Elvis não abandonou totalmente suas raízes de country, gospel e rhythm-and-blues depois de alcançar o estilo pop - uma acusação muito comum feita pelos críticos musicais. Esse estilo pop suave das trilhas sonoras dos filmes realmente dominaram a época, mas as suas gravações em ritmo de blues Reconsider Baby e Such a Night e sua obra gospel no final da década são declarações da sua herança sulista.
The Complete 70s Masters revela que Elvis não foi preguiçoso e não descansou nos louros depois de voltar aos palcos.
Um tratamento mais conciso da carreira de Elvis pode ser encontrado em Elvis Presley Platinum: A Life in Music, que mostra a evolução do seu estilo em uma caixa com quatro CDs. Platinum tem 100 faixas, 77 delas inéditas. O material inédito consiste praticamente de tomadas alternativas de clássicos de Elvis ou execuções de várias canções. Porém, também inclui a mais nova demo de 1954, uma descoberta de Elvis cantando I'll Never Stand in Your Way.
Este tipo de de tratamento cronológico da sua música força os ouvintes a reavaliar a familiaridade e descobrir um contexto para o material inédito. Ao fazer isso, houve uma nova luz sobre a música de Elvis e uma apreciação completa do impacto na sua carreira. Isso vale não só para os jovens, os ouvintes de rock 'n roll e para os críticos de Elvis, mas também para os seus fãs que permanecem fiéis. durante os anos negros de poucos relançamentos.
A lealdade dos fãs é a chave do fenômeno Elvis. A sua morte deixou um enorme vazio que os fãs preencheram com convenções, rituais, fã-clubes e outras atividades. Essa intensa devoção resultou em uma combinação complexa de circunstâncias, começando com o início da carreira de Elvis no circuito country.
Os fãs da música country estão entre os mais leais da música popular. Muita gente que adora a música country continua fiel a um determinado intérprete durante décadas e eles geralmente influenciam seus filhos a virarem fãs também. A maioria dos fãs devotos de Elvis se interessaram quando ele lembrava muito um cantor country, e eles permaneceram fiéis até depois de Elvis ser uma estrela nacional do rock 'n roll.
Elvis sempre tentava dar aos seus fãs o que ele gostaria de ver e ouvir. Nos anos 50, o seu público vinha ver o seu estilo notório de apresentação, esperando que em cada apresentação ele melhorasse. Elvis conseguiu levar o seu público a uma experiência incompreendida por aqueles que não eram seus fãs. Nos anos 60, os fãs pagavam para ver os filmes musicais de Elvis. No anos 70, o público esperava que Elvis cantasse determinadas canções, vestisse seu macacão (sua marca registrada) e fizesse poses específicas - padrão de suas apresentações que ele manteve até sua morte.
Elvis, o Coronel e os membros da família de Elvis sempre trataram os fãs com a maior consideração dos primeiros dias de seu sucesso até o final, quando Vernon Presley permitiu que os fãs levassem flores ao funeral do seu filho. Elvis acreditava que o seu sucesso dependia dos seus fãs e ele sempre agradecia a fidelidade e amor deles. Quando era jovem, ele permitia o acesso a sua vida pessoal de uma maneira que nenhum outro artista imaginaria fazer.
Antes de se mudar para Graceland, os fãs sempre estavam em volta da casa da família. Em Graceland, os fãs geralmente se juntavam no portão e Elvis vinha a cavalo até eles para dar autógrafos. Vester, tio de Elvis, era um dos guardas do portão e ele, às vezes, ficava lá e conversava com os fãs durante horas.
Não importa a dificuldade que os fãs causaram na vida de Elvis forçando-o a viver em reclusão, ele nunca reclamou publicamente e sempre tinha coisas legais para falar à imprensa sobre os seus fãs. O Coronel Tom Parker dava prêmios e ofertas especiais aos fã-clubes e doava objetos pessoais de Elvis para serem leiloados para instituições de caridade. Uma vez, Elvis deu um carro ao presidente de um de seus fã-clubes. Quando ele estava em turnê durante os anos 50, Elvis dava entrevista para jornalistas de jornais universitários e para fã-clubes e também para os repórteres que trabalhavam em grandes veículos.
Embora Elvis tenha acumulado grande fortuna e sucesso durante sua vida, ele nunca esqueceu que era um menino sulista e seu início pobre. Ele escolhe não morar de vez em Hollywood, preferiu ficar em Memphis, onde ele frequentava os comércios locais e contribuía generosamente com as instituições de caridade locais.
Elvis nunca perdeu completamente seu sotaque sulista e ele sempre preferiu a comida simples e a companhia de seus velhos e bons amigos. Apesar do dinheiro, da posição e do poder, ele nunca agiu como se fosse melhor que seus fãs. Para os fãs, isso significava que Elvis sempre foi um deles. "Aposto que você vai dizer que Elvis era o que nós gostaríamos de ser. Ele é um de nós - e ele ainda é nosso ideal", disse uma fã anônima, como se estivesse falando em nome de todos os fãs.
Os fãs de Elvis Presley sempre foram muito devotos, e muitos deles passaram essa qualidade a outras gerações como um legado. Os fãs de Elvis são testemunhas reais de seu talento e impacto sobre todos nós.

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